quarta-feira, 6 de julho de 2011

Classe Reptilia - Parte I

Considerados popularmente animais de sangue frio, os répteis são, na verdade, animais ectotérmicos, isto é, dependem do calor do ambiente externo para regular a sua temperatura corpórea. Possuem o corpo recoberto por escamas e formas que variam desde uma serpente até uma tartaruga.

  • Jabuti-piranga 



Ordem: Chelonia
Família: Testudinidae
Nome popular: Jabuti-piranga
Nome em inglês: Red-foot tortoise
Nome científico: Geochelone carbonaria
Distribuição geográfica: Norte, nordeste e centro-oeste da América do sul
Habitat: Cerrado, bordas de mata e florestas baixas
Hábitos alimentares: Onívoro
Reprodução: Desova entre 01 e 09 ovos em buracos no solo por postura, que eclodem após 5 a 10 meses de incubação
Período de vida: Mais de 50 anos

Nos desenhos animados, o casco das tartarugas é visto como uma “casa nas costas”. Elas conseguem despir o seu casco, e às vezes tem até telefone dentro (lembram-se da “tartaruga Touché”, desenho animado de Hanna & Barbera?).
Mas na realidade isso não ocorre. O casco, na verdade, é uma estrutura ossificada que surgiu a mais de 200 milhões de anos atrás, nos antepassados dos quelônios, como forma de proteção contra predadores.
A coluna vertebral e costelas desses répteis estão fundidas à carapaça, que é a parte dorsal do casco (a parte ventral é denominada plastrão). Portanto, elas não podem “sair de dentro” do casco.
As espécies terrestres, conhecidas como jabutis, são as que têm o casco mais abaulado. No Brasil, existem duas espécies, o jabuti-tinga, Geochelone denticulata, de porte maior e colorido mais claro (tinga, em Tupi, quer dizer branco) e o jabuti-piranga, Geochelone carbonaria, de porte menor e, geralmente, com escamas avermelhadas (piranga, em Tupi, quer dizer
vermelho).
O jabuti-piranga, por viver em regiões mais abertas, como a borda das matas e os campos dos cerrados, é a espécie mais conhecida. Infelizmente, pelos mesmos motivos, ele é caçado com freqüência para consumo da sua carne e para a venda como animal de estimação, atividades proibidas por lei. No Brasil, aparece dos estados da Amazônia até o norte de São Paulo.
Apresenta hábitos diurnos e, sendo um animal ectotérmico, necessita do calor do ambiente para elevar a sua temperatura corpórea. Só assim para tornar-se mais ativo e alimentar-se mais. Come frutas, folhas, flores e, esporadicamente, invertebrados e animais mortos. O macho alcança a maturidade sexual aos 8 anos de idade, com cerca de 20 cm de comprimento do casco, e a fêmea aos 12 anos de idade, com cerca de 25 cm de comprimento.
Podem viver bem mais de 50 anos e alcançar 45 cm de comprimento. Os machos são maiores e podem se envolver em combates usando o casco para tentar virar o oponente. Durante o cortejo que fazem às fêmeas, movimentam cabeça e pescoço para cima, para baixo e para os lados, e emitem sons que lembram um pouco o cacarejar de uma galinha.
As fêmeas colocam de 1 a 9 ovos de cada vez, em um ninho escavado na terra. O filhote nasce após 5 a 10 meses, com cerca de 4 a 5 cm de comprimento.

  • Cobra de duas cabeças



Ordem: Squamata
Família: Amphisbaenidae
Nome popular: Cobra de duas cabeças
Nome em inglês: White-bellied wormlizard
Nome científico: Amphisbaena alba
Distribuição geográfica: América do sul
Habitat: Áreas de florestas e planícies, sob o solo
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Postura com dois a oito ovos postos sob o solo
Período de vida: Mais de vinte anos


A imaginação popular é repleta de mitos e lendas e quando o assunto é serpente os produtos da imaginação tornam-se ainda mais férteis.
Quem já não ouviu falar da Medusa e sua cabeça adornada por inúmeras víboras ou da Hidra de Lerna que tinha inúmeras cabeças de serpente?
Mitos e boatos a parte, há quem jure já ter visto uma cobra de duas cabeças. Será possível? Podemos dizer tratar-se de uma meia verdade.
Explicando melhor, existem duas possibilidades. Vez por outra, jornais sensacionalistas noticiam a existência de uma cobra com duas cabeças, uma do lado direito e outra do lado esquerdo. São casos raros de espécimes teratogênicos, isto é aberrações do mundo animal, produtos de algum erro geneticamente determinado.
A outra possibilidade é na verdade um fato natural que diz respeito aos anfisbenídeos, répteis serpentiformes, sem patas, que são popularmente conhecidos como cobras de duas cabeças.
Neste caso, que não representa qualquer aberração genética, o animal teria uma cabeça anterior e outra posterior. Claro que isso não é verdade. O fato é que a natureza dotou esses répteis de uma cauda curta, arredondada e muito parecida com uma segunda cabeça.
Assim como muitas pessoas, outros animais, incluindo os predadores em potencial, podem confundir a cauda com a cabeça.
Quando molestados, os anfisbenídeos movimentam a cauda como se fosse uma cabeça, chamando ainda mais a atenção do predador. Se tiver de ser atacado, é melhor que isso ocorra na cauda e não na cabeça.
Na verdade, os anfisbenídeos são incluídos no grupo dos lagartos. Como as serpentes, evoluíram a partir de lagartos que viveram a vários milhões de anos atrás e se adaptaram a uma vida subterrânea. Por isso, têm o corpo roliço, alongado e sem patas.
Ao contrário da maioria das serpentes, que voltaram a viver sobre a terra, as cobras de duas cabeças continuaram apresentando hábitos subterrâneos. São escavadores eficientes, cujo crânio fortemente ossificado é extremamente resistente para forçar a terra quando estão abrindo galerias subterrâneas.
São répteis ovíparos cuja biologia reprodutiva ainda é muito pouco conhecida. Carnívoros, em cativeiro alimentam-se de insetos e recém-nascidos de camundongo. Podem viver por vários anos.
No Zoológico de São Paulo é possível conhecer dois exemplares da espécie Amphisbaena alba que lá encontram-se há 15 anos. 

  • Suaçubóia


Ordem: Squamata
Família: Boidae
Nome popular: Suaçubóia
Nome em inglês: Amazon tree boa
Nome científico: Corallus hortulanus
Distribuição geográfica: América central e do sul, até o Paraná.
Habitat: Florestas tropicais.
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Vivípara, com sete a quinze filhotes nascidos plenamente formados após gestação de seis ou sete meses.
Período de vida: Mais de quinze anos


A suaçubóia, chamada cientificamente por Corallus hortulanus, é encontrada na América Central e na América do Sul, sendo comum nas regiões Norte, Nordeste e parte da região Sudeste do Brasil. Seu nome, de origem indígena, significa “Cobra veado”, pois sua cor é semelhante à destes animais (Suaçú = veado, Bóia = cobra).
No estado de São Paulo, pode ser encontrada na Mata Atlântica.
De hábitos arborícolas, pode passar grande parte do seu tempo enrolada em uma árvore. É um animal noturno, que começa a ficar ativo durante o crepúsculo, sendo bastante agressivo; quando se sente ameaçado, pode exalar um odor desagradável e defecar para afastar o inimigo.
Chega a atingir até 180 cm de comprimento, embora não seja robusto como a jibóia.
O comprimento total dos filhotes varia de 35 a 50 cm. A espécie pode gerar filhotes de diferentes cores em uma mesma ninhada, variando desde tons alaranjados até mesclas de cinza e creme. Não é uma espécie peçonhenta, possuindo dentição áglifa (ou seja, não tem dentes especializados para inocular veneno).
Sua alimentação consiste basicamente de lagartos, aves, pequenos roedores e até mesmo morcegos, que matam por constrição (como fazem as jibóias e sucuris). Uma característica incomum das serpentes deste gênero é a presença de fissuras labiais especializadas para detecção de presas de sangue quente, que se parecem com uma fileira de “favos” quadrados em quase toda a volta da boca.

  • Tracajá





Ordem: Chelonia
Família: Pelomedusidae
Nome popular: Tracajá
Nome em inglês: Yellow-spotted Amazon River Turtle
Nome científico: Podocnemis unifilis
Distribuição geográfica: Norte, nordeste e Centro-oeste da América do Sul.
Habitat: Rios de floresta tropical.
Hábitos alimentares: Onívoro, alimentando-se também de plâncton fluvial.
Reprodução: Postura de quinze a trinta ovos em buracos na margem dos rios.
Período de vida: entre sessenta e noventa anos


O tracajá (Podocnemis unifilis) é uma espécie de cágado comum na Amazônia, encontrada nas regiões Norte, Centro-oeste e parte da região Nordeste. Quando adulta pode chegar a 45 cm e pesar 8 kg.
É um animal muito visado pelo comércio ilegal porque faz parte do cardápio habitual das populações ribeirinhas.
Geralmente estes animais são predados quando estão desovando, porque na terra seus movimentos são mais lentos e vulneráveis. Por isso o tracajá prefere realizar a sua desova em barrancos de rios e lagos, lugares mais escondidos com lama ou folhas. Isto contribui para diminuir a predação dos ovos se compararmos com um parente próximo, a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa).
Este outro cágado é o maior quelônio de água doce da América do Sul e pertence ao mesmo gênero do tracajá. A tartaruga-da-amazônia pode atingir 80 cm de comprimento e pesar 60 kg, o que resulta em um animal muito grande e pesado fora da água, que é o seu ambiente natural, tornando-a uma presa mais fácil em terra do que outros quelônios desta região. Os filhotes de
ambas as espécies são muito delicados e pequenos ao nascerem, por isso a enorme preocupação de órgãos de conservação e proteção com os locais de desova.
Os filhotes de tracajá tem como característica manchas amarelas bem visíveis na região cefálica, mas estas manchas vão desaparecendo conforme o desenvolvimento do animal e, nas fêmeas adultas, acabam por sumir completamente. O tracajá faz uma postura de 20 ovos aproximadamente, que ficam incubados por um período de 90 a 220 dias. Destes 20 filhotes, em média apenas um ou dois atingirão a fase adulta. Desde que nascem estes pequenos precisam lutar pela sua sobrevivência.
Para chegar do ninho até a água passam por muitos predadores como onças, algumas aves e mesmo na água a luta continua, fugindo de peixes carnívoros. Isto é parte da seleção natural, com os predadores pegando os menos aptos. Só não é natural a predação provocada pelo homem, devido a seus excessos.


  • Briba




Ordem: Squamata
Família: Anguidae
Nome popular: Briba
Nome em inglês: Anguid Lizard
Nome científico: Diploglossus lessonae
Distribuição geográfica: nordeste e sudeste do Brasil.
Habitat: Regiões semi-áridas, de cerrado e florestas baixas.
Hábitos alimentares: Carnívoro.
Reprodução: Ovíparo
Período de vida: Aproximadamente dez anos.


No nordeste, muitas pessoas têm medo de um pequeno lagarto, que por lá conhecem pelo nome de “Briba”, que, cientificamente, é o Diploglossus lessonae.
O nome pode parecer estranho, mas o animal é muito interessante. Briba vem da palavra víbora. Pois é, embora seja um lagarto pequeno, alcança apenas 30 cm, e totalmente inofensivo, tem gente que morre de medo do bichinho,
acreditando que ele seja venenoso.
Claro que não! No Brasil, não existe lagarto venenoso! Essa crença deve ter surgido pelo fato de que quando tem pressa, ele mantém as patas bem juntas do corpo e, com movimentos laterais do corpo roliço, desliza pela areia como se fosse uma cobra.
Parece, mas não é. Alguém aí já viu cobra com patas? De qualquer forma, é uma estratégia bem interessante para fugir de um predador, como por exemplo um gato-do-mato.
Além de interessante, é um animal muito bonito. Se você que é apaixonado por futebol torcer para um time alvi-negro, vai adorar saber que os filhotes dessa espécie apresentam o corpo totalmente rajado com listras brancas e negras, como se fosse uma zebra. Quando adulto, apresenta um colorido castanho, com o ventre avermelhado e a cabeça levemente amarelada. Mesmo após atingir o limite de longevidade da espécie, mantém-se tão ativo quanto na juventude, pois os répteis não passam por um processo de envelhecimento como o nosso.
A briba pode ser encontrada no nordeste do Brasil, tanto no ambiente quente e seco das caatingas, como no ambiente mais fresco e úmido da Mata Atlântica, e alimenta-se principalmente de minhocas, insetos, aranhas e até mesmo de escorpiões, o que faz desse lagarto um grande aliado das pessoas. 


  • Basilisco-verde




Ordem: Squamata
Família: Iguanidae
Nome popular: Basilisco-verde
Nome em inglês: Double-crested basilisk ou Green basilisk
Nome científico: Basiliscus plumifrons
Distribuição geográfica: Da Guatemala até o Panamá
Habitat: Florestas úmidas e áreas de caatinga
Hábitos alimentares: Onívoro
Reprodução: Desova entre 01 e 16 ovos por postura, que eclodem após 60 a 65 dias de incubação
Período de vida: Aproximadamente 10 anos


O basilisco se tornou conhecido por três motivos: o primeiro é que ele é um dos lagartos mais bonitos das américas, com suas cristas, sua coroa óssea e cores vivas espalhados por seus cerca de 80 cm de comprimento.
O segundo é que ganhou seu nome de um animal mitológico fantástico, o basilisco das lendas gregas e medievais. Nas lendas era o rei das serpentes, e andava ereto como um homem sobre duas pernas. Sua presença afastava ratos e outros animais indesejados. Recentemente, um famoso livro sobre um bruxo adolescente teve um basilisco como vilão. Quando chegaram às
matas da Amazônia, os exploradores europeus devem ter achado que aquele estranho e belo animal devia ser o animal mitológico de que tanto ouviam falar, e deram-lhe este nome.
Mas terceiro e mais incrível motivo de admiração por este lagarto é sua capacidade de correr sobre a água. Durante uma fuga de um predador, dirigem-se para um curso de água, que pode ter até 50 m. de largura, e colocam-se correndo sobre as patas traseiras como uma pessoa ou ave. Os longos dedos traseiros possuem uma dobra de pele cada que, quando o basilisco se põe a correr, se abrem durante a descida da pata, e se fecham imediatamente quando puxado para cima. Então esta dobra apresenta uma certa
resistência que o permite se manter acima da superfície até que consiga escapar do perigo e nem se arriscar a virar comida de grandes peixes ou jacarés.
Mas mesmo que ele tente atravessar um rio muito grande, não tem problema, pois o basilisco sabe nadar muito bem.
O basilisco consegue uma grande variedade de alimentos nas florestas tropicais em que vive: insetos, frutas, pequenos caranguejos, anfíbios, roedores, ovos e filhotes de aves, folhas e outros. Os filhotes comem quase que apenas insetos.
Na natureza, sua habilidade de fuga o torna uma presa difícil para seus predadores, como as raposas, serpentes e aves de rapina. Porém, sua maior ameaça é a destruição das matas em que vive, assim como a poluição dos rios e os venenos usados nas plantações, que contaminam não só o ambiente como também os insetos que servem de alimento a este fascinante animal. Assim, é
sempre importante se lembrar que devemos dar muita importância àquilo que comemos, pois a forma como esta comida chega aos nossos pratos pode estar destruindo o ambiente onde ela foi criada.

  • Bico-doce


Ordem: Squamata
Família: Teiidae
Nome popular: Bico-doce
Nome em inglês: Jungle runner
Nome científico: Ameiva ameiva
Distribuição geográfica: Do Panamá até o sul do Brasil e norte da Argentina
Habitat: matas e cerrados, sendo comum em áreas alteradas pela ação do homem
Hábitos alimentares: Onívoro, se alimentando desde insetos até vegetais
Reprodução: 2 a 6 ovos por postura, que eclodem entre 60 e 90 dias de incubação
Período de vida: de 5 a 10 anos.


Se você tivesse que procurar o bico-doce durante visita ao Zoológico de São Paulo, por onde começaria? Pelo local que vende churros e maçã-do-amor? Nada disso! Bico-doce é o nome popular de um lagarto. Conhecido entre os cientistas como Ameiva ameiva, trata-se de um lagarto de médio porte que pode alcançar 55 centímetros de comprimento total. Espécie ainda comum pode ser encontrada no Panamá e em quase toda a América do Sul. Adapta-se bem em qualquer local com vegetação aberta, inclusive em clareiras de mata.
Em alguns lugares recebe o nome de calango-verde ou jacarepinima. Rápido em seus movimentos procura manter-se escondido junto à folhagem, camuflando-se bem graças ao colorido com mesclas de castanho, creme, verde e tons azulados. Possui hábitos diurnos e terrícolas, ou seja, prefere ficar no chão, evitando subir em árvores e arbustos. Passa a maior parte do dia aquecendo-se ao sol, pois depende disso para elevar a sua temperatura corpórea que, facilmente, pode chegar a 35°C.
Também gasta um bom tempo procurando alimento e, nessas horas, sai esgaravatando o folhiço com o focinho pontudo. Foi provavelmente daí que lhe veio o nome de bico-doce, pois ele vai “metendo o bico” aqui e acolá em busca de comida. Onívoro generalista, come de tudo um pouco, desde insetos e aranhas até ovos e vegetais. Quando necessário, persegue a sua presa com grande eficiência.
Ao final de cada refeição, tem o curioso hábito de limpar a boca raspando-a contra alguma superfície resistente. Entre os seus principais predadores estão várias serpentes, o lagarto teiú e certos gaviões.
Como ocorre com a maioria dos lagartos, na época do acasalamento, o macho persegue a fêmea e quando a alcança, posiciona-se sobre ela, mordendo a sua região nucal. Algumas semanas após o acasalamento, a fêmea deposita entre 2 e 6 ovos no meio do folhiço. Se tudo correr bem, os filhotes nascerão após cerca de dois a três meses de incubação.


  • Cágado-cabeçudo



Ordem: Testudines
Família: Chelidae
Nome popular: Cágado-Cabeçudo
Nome em inglês: Vanderhaege's Toadhead Turtle
Nome científico: Bufocephala vanderhaegei
Distribuição geográfica: Bacias dos rios Paraguai e Paraná e na periferia da bacia Amazônica, compreendendo o norte da Argentina, o Paraguai e o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil
Habitat: Floresta Amazônica e cerrado
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Desova entre 1 e 14 ovos por postura e incubação de aproximadamente 321 dias
Período de vida: Aproximadamente 20 anos


Muitos o chamam de tartaruga, mas na verdade ele é um cágado, pois apresenta um pescoço comprido e quando recolhe a cabeça para dentro do casco, o faz dobrando-a de lado. No Brasil, existem 16 diferentes espécies de cágado, 6 delas ocorrendo no estado de São Paulo.
O cágado cabeçudo é uma dessas espécies. O seu nome não faz menção a uma possível teimosia, mas sim ao tamanho avantajado da sua cabeça que garante, quando necessário, uma boa mordida. Os cientistas o conhecem como Bufocephala vanderhaegei e além de ocorrer nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, também ocorre no Paraguai, na Argentina e, possivelmente, no Uruguai e na Bolívia.
O acasalamento ocorre entre setembro e janeiro, durante a primavera e o verão, sempre dentro d’água. As desovas ocorrem posteriormente, de janeiro a junho, com o maior número sendo observado em abril. Os ovos são enterrados em um ninho aberto no solo e, embora o número de ovos por postura possa variar de 1 a 14, em média fica em torno de 6 a 7 ovos.
Eles apresentam casca dura e lisa, semelhante à do ovo de galinha, apresentando coloração creme. O formato é ligeiramente alongado e o peso gira em torno de 14,5g. Sabe-se que uma fêmea pode realizar mais de uma postura por ano. As fêmeas adultas são maiores que os machos, podendo alcançar 25 centímetros de comprimento do casco e 1.500 gramas de peso.
Trata-se de uma espécie praticamente desconhecida em termos da sua história natural, o que levou os pesquisadores do Setor de Répteis do Zoológico de São Paulo a se preocuparem com essa falta de informações. Estudando a espécie no zôo, descobriram vários aspectos da biologia e do comportamento do cágado cabeçudo.


  • Jacaré-de-papo-amarelo



Ordem: Crocodylia
Família: Alligatoridae
Nome popular: Jacaré-de-papo-amarelo
Nome em inglês: Broad-snouted caiman
Nome científico: Caiman latirostris
Distribuição geográfica: Leste do Brasil (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul), Uruguai, norte e nordeste da Argentina, Paraguai e leste da Bolívia
Habitat: Brejos, mangues, lagoas, riachos e rios
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Desova entre 17 e 50 ovos por postura, que eclodem após 70 a 80 dias de incubação
Período de vida: Aproximadamente 50 anos

Os jacarés, juntamente com seus primos crocodilos e aligátores, surgiram na face da Terra há pelo menos 200 milhões de anos. Contemporâneos dos grandes dinossauros, também atingiram tamanhos gigantescos. O Purussaurus brasiliensis, um jacaré que viveu a 20 milhões de anos atrás, na região onde hoje fica a Bacia Amazônica, atingia cerca de 14 metros de comprimento, rivalizando em tamanho com o famoso Tyranossaurus rex.
Os jacarés sempre mostraram-se muito bem adaptados às condições de vida do planeta, sobrevivendo, inclusive, aos fatores que determinaram a extinção dos dinossauros. Apenas o homem, através da caça excessiva, poluição das águas e desmatamento, conseguiu colocar em risco a sobrevivência desses animais. Esse é o caso do jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) que habita brejos, lagos, pântanos e rios desde o litoral do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e bacias dos rios São Francisco, Paraná, Paraguai e Paraíba.
Apesar da ampla distribuição geográfica, o jacaré-do-papo-amarelo já esteve ameaçado de extinção em virtude da poluição de seu habitat e da caça predatória para a retirada do couro e consumo da carne. Com a proibição da caça a espécie se recuperou e não faz mais parte da lista de animais ameaçados de extinção. O jacaré-do-papo amarelo, juntamente com os outros crocodilianos, se destaca entre os répteis por apresentar cuidados com a sua prole.
O macho forma uma harém e após a cópula, que ocorre no verão, a fêmea constrói o ninho próximo à água usando folhas secas e fragmentos de plantas, cobrindo-o com folhas e areia. Em média são postos de 25 a 30 ovos, e nesta época, a fêmea se torna mais agressiva permanecendo perto do ninho para evitar o ataque de predadores como o lagarto teiú e o quati. O sol e a fermentação dos vegetais no ninho proporcionam o calor necessário à incubação que varia de 70 a 90 dias.
Próximo à eclosão é possível ouvir a vocalização dos filhotes, ainda dentro dos ovos, chamando a mãe. Ela então, desmancha o ninho usando os membros anteriores e posteriores, e o focinho. Caso algum filhote tenha dificuldade ao nascer, a mãe o ajuda e posteriormente ela carrega cada um na boca até a água, cuidadosamente. O macho cuida dos recém-nascidos que já estão na água e ambos os pais permanecem próximos aos filhotes, protegendo-os, ainda por um período de tempo.
Apesar de toda essa proteção, os filhotes precisam se alimentar sozinhos e quando pequenos comem insetos e invertebrados. Os adultos atingem até 2,5 metros de comprimento e se alimentam de caramujos, peixes, aves e pequenos mamíferos. Como todos os crocodilianos, tem uma vida longa e, provavelmente, pode ultrapassar os 50 anos de idade. Ao contrário dos mamíferos, quanto mais velho, torna-se maior e mais forte.
Embora os jacarés assustem as pessoas pelo seu tamanho e aspecto pré-histórico, são animais extremamente importantes para o equilíbrio ecológico, pois agem na cadeia alimentar controlando as espécies que fazem parte da sua dieta, além de controlarem a população dos caramujos transmissores de doenças, como a esquistossomose (barriga d’ água). Além disso, suas fezes servem de alimento a peixes e a outros seres aquáticos.


  • Gavial-da-Malásia
 


Ordem: Crocodylia
Família: Crocodylidae
Nome popular: Gavial-da-malásia
Nome em inglês: False gharial
Nome científico: Tomistoma schlegelii
Distribuição geográfica: Malásia e Indonésia
Habitat: Rios, lagos e pântanos
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Desova entre 20 e 60 ovos por postura, que eclodem após 70 a 90 dias de incubação
Período de vida: Aproximadamente 50 anos

Quando falamos em gavial, muitas pessoas não sabem dizer ao certo de qual animal se trata. Normalmente costumam associar a uma ave e não a um réptil como de fato é.
O gavial-da-malásia (Tomistoma schlegelii) é um membro pertencente ao grupo dos crocodilianos, do qual fazem parte os crocodilos, jacarés e gaviais. Apesar do nome, este animal está mais próximo de ser um crocodilo do que um gavial, uma vez que algumas características morfológicas o fazem pertencer à família Crocodylidae. O verdadeiro gavial (Gavialis gangenticus) é o único membro da família Gavialidae. Ele possui tipicamente um focinho alongado e fino com muitos dentes, lembrando um peixe-espada, sendo assim um especialista em caçar peixes. O gavial-da-malásia possui esse nome devido à semelhança de seu focinho com o do verdadeiro gavial, podendo ser chamado também de falso-gavial.
A distribuição geográfica do gavial-da-malásia se restringe à Indonésia e Malásia, sendo que até pouco tempo ocorria na Tailândia e Vietnã, mas hoje em dia é considerado extinto nestas regiões. Esta espécie freqüenta lagos de água doce, rios e pântanos, dando preferência a águas mais paradas ou vias fluviais lentas.
Sua alimentação é baseada principalmente em peixes, mas também fazem parte de sua dieta insetos e mamíferos. Assim como todos os crocodilianos, o falso-gavial cresce conforme a alimentação, podendo ultrapassar 5 metros de comprimento.
Quanto à reprodução, como a maturidade sexual depende do tamanho, a fêmea do falso-gavial só estará pronta para se reproduzir quando atingir cerca de 2,5 de comprimento. Ela desova de 20 a 60 ovos que ficam incubados por 90 dias, dos quais irão nascer filhotes prontos para enfrentar a vida sozinhos. Dentre os crocodilianos, esta é uma das poucas espécies que não possui cuidado parental, assim os filhotes estão muito mais suscetíveis a predadores e poucos chegam à fase adulta. Os predadores naturais que mais caçam filhotes são mamíferos (como porcos selvagens) e répteis, mas esse tipo de predação é benéfico para a população da espécie, fazendo com que ela se mantenha equilibrada ao meio ambiente.
Quando adulto, o gavial-da-malásia se encontra no topo da cadeia alimentar, não possuindo predadores naturais. Porém, o único ser que lhe oferece ameaça, causando o desequilíbrio da população, é o ser humano, pois devido à destruição de habitat e caça para comercialização de peles, o gavial-da-malásia entrou para a lista de animais ameaçados de extinção. Atualmente existem programas de conservação que estão lutando para reverter este quadro, tentando evitar que mais uma espécie desapareça da face da Terra pelas ações do homem.

  • Jibóia


Ordem: Squamata
Família: Boidae
Nome popular: Jibóia
Nome em inglês: Common boa
Nome científico: Boa constrictor
Distribuição geográfica: Do México ao norte da Argentina
Habitat: Matas, cerrados e caatingas
Hábitos alimentares: Carnívoro
Reprodução: Produz de 8 a 49 filhotes por ninhada, após gestação de 127 a 249 dias
Período de vida: Aproximadamente 20 anos


A jibóia é a mais conhecida das serpentes da família Boidae, que inclui as maiores cobras do mundo. A jibóia, com cerca de 4 m. de comprimento, é a sétima maior, atrás da sucuri, das pítons e da Cobra-rei indiana (esta a única venenosa das sete).
As cobras desta família usam seu grande corpo e enorme força para matar suas presas; em geral aves, mamíferos de médio e pequeno porte e outros répteis; através de um processo chamado de constrição. A constrição é o chamado “abraço de cobra”, e deu o nome científico a esta espécie (Boa constrictor). Quando pega uma presa, a jibóia se enrola nela e aperta firmemente, até que sente, com o corpo, que a respiração e os batimentos
cardíacos da presa cessaram. Então, abre a boca e engole a presa inteira, pois as cobras não possuem dentes para mastigar seu alimento. É muito rápida, e consegue pegar até mesmo morcegos em pleno vôo na entrada das cavernas onde eles moram!
Não é verdade que com o “abraço” a cobra tenta quebrar os ossos da vítima, embora alguns mais fracos possam se partir com a pressão. Também não é verdade que ela envenene ou marque a pele das pessoas com o bafo. Na verdade, quando assustadas, elas emitem um som agudo para tentar desestimular algum predador de se aproximar.
A jibóia é uma serpente de índole muito calma, e por muito tempo foi vendida como animal de estimação. Porém, como cresce muito, torna-se difícil de ser mantida corretamente em cativeiro sem cuidados especiais, e muita gente acaba matando a pobre serpente por falta de cuidados. Apenas criadores legalizados e com registro do IBAMA podem comercializar estes animais, que são vendidos com garantia de procedência, nota fiscal e com um
microchip eletrônico que permite que qualquer um saiba o número de registro do animal, e não o confunda com um animal capturado na natureza.

Fonte: http://www.zoologico.sp.gov.br/animaisdozoo/carregandoacasanascostas.htm

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