quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Encontrados no Peru fósseis de crocodilos com 13 milhões de anos

Modelo de um Gnatusuchus pebasensis, um crocodilo que viveu há 13 milhões de anos nas selvas do Peru

Uma equipe internacional de paleontólogos descobriu na selva peruana fósseis de sete espécies de crocodilos que se alimentavam de moluscos e que têm 13 milhões de anos.

"Encontramos em um só lugar os restos fósseis de sete espécies de crocodilos com 13 milhões de anos, isto é algo único para a ciência paleontológica", informou à AFP Rodolfo Slas-Gismondi, encarregado do Departamento de Paleontologia de Vertebrados do Museu de História Natural da peruana Universidade San Marcos.

"Esses crocodilos são totalmente novos para a ciência porque não se sabia que havia crocodilos que se alimentavam de moluscos", sustentou o estudioso que lidera desde 2002 uma equipe de paleontólogos peruanos, americanos e franceses na região de Loreto, no nordeste do Peru.

Em um telefonema feito da Flórida, nos Estados Unidos, Salas-Gismondi manifestou que entre as espécies encontradas destaca-se um crocodilo de nariz pequeno que utilizava sua mandíbula achatada para caçar os moluscos em lamaçais da Amazônia.

"Este crocodilo com dois metros de altura tinha o focinho muito curto e a mandíbula muito forte", afirmou o paleontólogo, ao comentar que os crânios e as mandíbulas dos animais encontrados foram indispensáveis para serem identificados.

A descoberta ocorreu recentemente em um sítio paleontológico de 20 metros quadrados em duas localidades da cidade de Anchiyacu perto das bacias dos rios Amazonas, Itaya e Momón, na região de Loreto, fronteiriça com o Equador. A pesquisa foi publicada recentemente na revista Proceedings B da Royal Society.

Os estudiosos tiveram que esperar os meses de julho e agosto, quando o nível dos rios baixam quase dez metros, para poderem fazer suas pesquisas. Nesse momento, entraram nas partes rochosas que se formam ao lado dos rios onde foram localizados os fósseis.

"O interessante deste estudo é que identificamos uma etapa na história da Amazônia, na qual os membros dessa comunidade alimentícia das zonas tropicais eram crocodilos que se alimentavam de moluscos", afirmou Salas.

"Há milhares de anos a Amazônia não era como é agora, o ambiente era diferente, com pântanos e lagos. A floresta estava fragmentada por lagos, todo este ecossistema desapareceu quando o rio Amazonas apareceu", explicou.

Em 2011, outra expedição de paleontólogos peruanos liderados por Klaus Honninger e austríacos foram descobertos na região de Loreto os restos fossilizados de um crocodilo gigante com idade de 20 milhões de anos.

Fonte: AFP e UOL

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Cinco curiosidades sobre 'superjacaré' brasileiro mais forte que tiranossauro

A mordida do Purussaurus era 20 vezes mais poderosa que a de um tubarão branco

O Purussaurus brasiliensis está extinto há 8 milhões de anos, mas ainda pode causar um certo frisson na comunidade científica.

O antepassado do jacaré, que viveu na região da Amazônia no período mioceno, foi descoberto em 1892, pelo cientista e aventureiro brasileiro Barbosa Rodrigues. Mas um estudo publicado na semana passada tirou o réptil de décadas de esquecimento: uma equipe de pesquisadores brasileiros pela primeira vez fez estimativas detalhadas de suas dimensões e de sua fisiologia.

A principal revelação foi a de que a mordida do Purussaurus era duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o mais notório dos dinossauros.

Mas essa não foi a única curiosidade, como a lista abaixo mostra.


1. Um carnívoro voraz


Segundo Aline Ghilardi, paleontóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Purussaurus precisava de uma imensa quantidade de comida para sustentar o corpanzil que podia passar dos 12 metros de comprimento. Ela e seus colegas calcularam que o jacaré pré-histórico precisava comer uma média de 40kg de carne diariamente para sobreviver.

Isso é pelo menos 15 vezes mais do que um jacaré contemporâneo come.

"O mioceno foi uma era marcada por grandes mamíferos na região da Amazônia. Havia preguiças de cinco metros, por exemplo. Isso era perfeito para o Purussarus", conta Ghilardi.

2. Purussaurus versus tiranossauro: quem venceria?

O jacaré pré-histórico podia chegar a 12 metros de comprimento e pesar até oito toneladas

O Purussaurus viveu há 8 milhões de anos, mais de 50 milhões depois da extinção do tiranossauro. Mas Ghilardi não tem dúvidas sobre quem levaria a melhor caso os dois animais se encontrassem pelo caminho.

"O tiranossauro não teria vez numa luta. Para começar, o Purussaurus vivia numa região de pântanos, o que lhe dava mais vantagem territorial. E sempre vale lembrar que um antepassado do jacaré era predador do tiranossauro", conta Ghilardi.

3. Dentada violenta

Uma lista dos animais de mordida mais poderosa tem detalhes impressionantes. Segundo a equipe de pesquisadores, a força da mordida média do jacaré pré-histórico brasileiro era de sete toneladas, com força mínima de 41 mil e máxima de mais de 115 mil. O tiranossauro, por exemplo, não passava de 57 mil.

A pesquisa brasileira foi possível por causa da descoberta de um crânio no Acre pelos paleontologistas Edson Guilherme e Jonas Souza Filho.

4. Design vencedor

Não é por mera coincidência que o "ranking da mordida" tem seis animais da família dos jacarés e crocodilos entre os dez mais fortes. "O Purussaurus tinha uma anatomia bem adequada para uma mordida violenta e sustentável", diz Ghilardi.

E essa eficiência se manteve ao longo de milhões de anos.

"Basta vermos as semelhanças entre os antepassados e os jacarés e crocodilos de hoje", observa.

Análises de outros pesquisadores em fósseis do Purussaurus revelaram que ele já era capaz de fazer os temidos "rolamentos" na água com que jacarés e crocodilos de hoje matam e desmembram suas presas.

5. Derrotado por montanhas

Na Amazônia miocênica, o Purussaurus era o rei da selva -- ou melhor, do pântano.

Mas um fenômeno geológico seria fatal para o jacaré pré-histórico: o surgimento da Cordilheira dos Andes, que teve um impacto profundo no meio-ambiente do continente inteiro, e ainda mais dramático na região amazônica. As mudanças extinguiram diversas espécies e tornaram a vida do Purussaurus brasiliensis extremante complicada.

"A constante subida dos Andes e a mudança do sistema amazônico de pântanos para os sistemas de rios que temos hoje reduziu muito a área para esses animais gigantes viverem. Ao reduzir também o número de presas, causou rapidamente a extinção dos superjacarés amazônicos. É uma lição para nós de que nem sempre é necessário um meteoro para causar a extinção de um grupo bem sucedido de espécies", afirma Tito Aureliano, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos autores do estudo.

Fonte: BBC Brasil

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Brasileiro descreve novo dinossauro que é 'primo' do Tiranossauro rex

Ancestral do lagarto predador foi encontrado na Venezuela.
Batizado de 'Tachiraptor admirabilis', animal tinha até 2 metros de altura.
 
 
Na ilustração é possível ver o Tachiraptor caçando exemplares de Laquintasaura (Foto: Divulgação/Maurílio Oliveira/Max Langer)
 
Um pesquisador da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, e outros quatro cientistas internacionais descreveram um novo dinossauro considerado “primo” do Tiranossauro rex, mas que viveu na Terra 50 milhões de anos antes do famoso predador.

Fósseis do Tachiraptor admirabilis, o "admirável predador do Táchira", foram encontrados na região da Cordilheira dos Andes, na Venezuela, próximo à fronteira com a Colômbia.

O estudo com as informações sobre o réptil foi publicado nesta quarta-feira (8), no periódico especializado “Royal Society Open Science”.

O achado foi da equipe do brasileiro Max Langer. Segundo ele, o trabalho de pesquisa começou em uma área de escavações na região de La Grita. Lá, em janeiro do ano passado, foram encontrados os fósseis de uma tíbia e o ísquio, osso que integra a bacia.

'Pequeno' carnívoro 
 
O Tachiraptor pertence ao grupo de dinossauros terópodes, animais que tinham duas patas, se alimentavam de carne e geravam filhotes por meio de ovos.

A espécie "venezuelana" podia alcançar entre 1,5 metro e 2 metros de altura, tamanho considerado pequeno – em média, um T-rex em idade adulta atingia 5 metros de altura.

Além disso, viveu no planeta há 200 milhões de anos, no início do período Jurássico. Nesta época, de acordo com Langer, os dinossauros ainda estavam se espalhando pela Terra.

Na imagem divulgada pelo grupo, o Tachiraptor aparece correndo atrás de um grupo de Laquintasauras, um dinossauro de tamanho ainda menor (media cerca de 25 centímetros), herbívoro, e que também viveu na mesma época do ancestral do T-rex.


Pedaços dos fósseis encontrados pelos pesquisadores na região de La Grita, na Venezuela (Foto: Divulgação/Royal Society Open Science)


Fonte: G1