terça-feira, 20 de junho de 2017

‘Apocalipse’ vulcânico levou à era dos dinossauros, sugere estudo

Intensa atividade vulcânica pode ter sido a razão de extinção em massa há 200 milhões de anos, que abriu caminho para o desenvolvimento dos dinossauros


Ao entrar em erupção, vulcões emitem nuvens de gás que contêm mercúrio e bloqueiam a luz solar.
(José Jacome/EFE/VEJA)

Há 200 milhões de anos, vulcões em erupção espalharam grandes quantidades de mercúrio e dióxido de carbono na atmosfera, bloqueando a luz solar e levando a uma extinção em massa, sugere um novo estudo. Poucos seres sobreviveram ao “apocalipse”, que durou por volta de um milhão de anos, entre eles alguns ancestrais dos dinossauros, que ocuparam os espaços vazios deixados por outros animais. Segundo a pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) nesta terça-feira, o episódio ajuda a compreender a evolução de nosso planeta e como as mudanças climáticas nos atingem.

“Nossos resultados reforçam a ligação entre a extinção em massa do Triássico (período entre 250 e 200 milhões de anos atrás) e as emissões vulcânicas de CO2. Isso nos ajuda a compreender não só esse evento, mas também outros períodos de mudanças climáticas na história da Terra”, afirmou Lawrence Percival, pesquisador da Universidade Oxford, na Inglaterra, e um dos autores do estudo, em comunicado.

Extinção em massa

Pesquisas anteriores haviam mostrado que havia uma intensa atividade vulcânica no fim do Triássico, mas o impacto e extensão desses eventos eram desconhecidos. Para descobrir qual se havia alguma relação entre essa atividade e a extinção em massa do período, cientistas das universidades Oxford, de Exeter e de Southampton, na Inglaterra, analisaram o mercúrio contido em seis depósitos de rochas vulcânicas, que são vestígios de antigos continentes (que compunham partes da Inglaterra, Áustria, Argentina, Groenlândia, Canadá e Marrocos).

Ao entrar em erupção, os vulcões emitem nuvens de gás que contêm a substância — ela se espalha pela atmosfera antes de se precipitar sobre a superfície e se depositar nas rochas. Os pesquisadores perceberam um aumento significativo do composto nas rochas, com picos de mercúrio que coincidiam com a extinção em massa, o que indica uma intensa atividade vulcânica.

Segundo os cientistas, ancestrais de animais como crocodilos, mamíferos semelhantes a répteis e os primeiros anfíbios não puderam suportar as mudanças ambientais, extinguindo-se. Os pesquisadores afirmam que qualquer ser vivo sobre a Terra teria sido afetado, pois as erupções bloqueiam os raios solares e provocam acúmulo de carbono na atmosfera. Contudo, os primeiros dinossauros conseguiram se adaptar às transformações, espalharam-se pela superfície e deram origem ao período conhecido como a era dos dinossauros.

“Os dinossauros conseguiram explorar os nichos ecológicos que ficaram livres pela extinção”, explicou Percival.

Evolução do planeta
De acordo com os cientistas, a análise do mercúrio em rochas antigas pode revelar como eram outros períodos da história da Terra. “É uma nova e poderosa ferramenta que vai nos permitir entender mais sobre a evolução de nosso planeta e como se tornou o que é hoje”, escrevem os autores no estudo.

Fonte: Veja

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cientistas descobrem nova espécie de ‘mamífero-réptil’ brasileiro

Fósseis encontrados no Rio Grande do Sul têm características do gênero Aleodon, répteis com características de mamífero que só haviam sido achados na África


Reconstrução artística do 'Aleodon cromptoni', animal do período triássico descoberta por cientistas brasileiros.
(Voltaire Paes Neto/Divulgação)

Uma equipe de cientistas brasileiros identificou no Rio Grande do Sul os primeiros fósseis de Aleodon, um gênero de “mamífero-réptil” que só havia sido achado na África. De acordo com o estudo, publicado nesta quarta-feira na revista científica Plos One, os fósseis, que datam do Triássico (período entre 250 e 200 milhões de anos atrás), pertencem a uma nova espécie e a outras sete espécies já identificadas que conviveram com os precursores dos dinossauros e com outros animais que, eventualmente, deram origem aos mamíferos.

Os fósseis foram encontrados no município de Vale Verde e, há quarenta anos, os cientistas acreditavam que eles pertencessem ao gênero Chiniquodon, outro grupo de “mamífero-réptil” (répteis que exibem características similares aos mamíferos) que habitou a América do Sul. Contudo, a equipe dirigida pelo paleontólogo Augustín Martinelli resolveu reexaminar crânios, mandíbulas e dentes dessas criaturas carnívoras e compará-las aos Aleodon africanos. Verificando a morfologia e outras características dos animais, que têm o tamanho aproximado de uma onça, os pesquisadores perceberam que os fósseis eram mais parecidos com os exemplares africanos e propuseram a reclassificação.

Nova espécie

A análise mais profunda revelou uma nova espécie do grupo Aleodon, que os cientistas batizaram de A. cromptoni, em homenagem a Alfred Crompton, o primeiro cientista a descrever os Aleodon. Os pesquisadores também reclassificaram sete outras espécies que, acreditava-se, faziam parte dos Chiniquodon.

(Voltaire Paes Neto/Divulgação)

Segundo os pesquisadores, a descoberta mostra que havia uma grande diversidade de animais na origem dos mamíferos e que algumas regiões da África, como Namímbia e Tanzânia, onde os primeiros Aleodon foram identificados, tinham uma fauna muito parecida com a do Sul do Brasil.

Fonte: Veja