sexta-feira, 21 de julho de 2017

Fóssil de 1,2 milhão de anos é descoberto por criança nos EUA

Crânio de um estegomastodonte, ancestral do elefante, foi encontrado por acaso durante caminhada em um deseto perto de Las Cruces, no Novo México


Jude Sparks com a mandíbula de um estegomastodonte, similar ao elefante moderno, que ele descobriu enquanto caminhava com a família em Las Cruces, no Novo México.
(Peter Houde/Universidade Estadual do Novo México/Divulgação)

Por acaso, um garoto de nove anos encontrou raros fósseis de um estegomastodonte, animal que habitou a região do Novo México, nos Estados Unidos, há 1,2 milhão de anos. Jude Sparks estava passeando com a família no deserto próximo à cidade de Las Cruces, quando tropeçou no que parecia uma enorme rocha e caiu. Ao se levantar, percebeu que as pedras se pareciam a grandes dentes de um animal pré-histórico, junto com uma presa. A família fez fotos das estranhas rochas e entrou em contato com o biólogo Peter Houde, professor da Universidade Estadual do Novo México.

“Esse pode ser o segundo crânio completo do animal encontrado no Novo México”, disse Houde, em comunicado. “Um estegomastodonte pareceria, para qualquer um de nós, com um elefante. Entre os diversos tipos que habitaram essa área, este era possivelmente um dos mais comuns. Mas, ainda assim, é muito raro.”

Fósseis encontrados por acaso

Os fósseis, que correspondiam à mandíbula e uma das duas presas (como os marfins dos elefantes), foram levados ao Museu de Vertebrados da universidade, para serem estudados. Em maio, a família, junto com uma equipe de cientistas, foi até o local do achado para desenterrar o crânio. Segundo os especialistas, a mandíbula tem 55 quilos e o crânio deve pesar em torno de uma tonelada. Os estegomastodontes, ancestrais dos elefantes modernos,  podiam ter até três metros de altura e pesar seis toneladas.  A espécie migrou para América do Norte cerca de 15 milhões de anos atrás, sendo extinta há 10.000 anos.

Peter Houde, professor da Universidade Estadual do Novo México, com a presa e mandíbula do estegomastodonte encontrado.
(Andres Leighton/Universidade Estadual do Novo México/Divulgação)

O processo de pesquisa e reconstrução do crânio deve levar alguns anos até ser concluído. Houde espera que, em breve, o fóssil possa ser exposto ao público. “Tenho esperanças de que a descoberta acabe em uma exposição e o garoto possa mostrá-lo a seus amigos ou mesmo a seus filhos, dizendo ‘veja o que achei bem aqui em Las Cruces!’’’, disse.

Outras descobertas

Não é a primeira vez que um fóssil de estegomastodonte é encontrado por acaso no Novo México. Em 2014, um grupo que participava de uma despedida de solteiro tropeçou no esqueleto do animal enquanto passeava por um parque. O noivo e seus amigos enviaram fotos do achado para o Museu de História Natural e Ciência do Novo México e descobriram que os vestígios correspondiam a um esqueleto de um estegomastodonte de cerca de 3 milhões de anos.

Fonte: Veja

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Razana, o crocodilo gigante que tinha dentes de ‘T. rex’

Parente dos répteis atuais, a criatura habitava a região de Madagascar há 170 milhões de anos e estava no topo da cadeia alimentar terrestre

Representação paleoartística de um 'Razanandrongobe sakalavae' devorando um saurópode no Jurássico Médio
(Fabio Manucci/Divulgação)

Uma enorme criatura semelhante a um crocodilo com dentes de Tiranossauro rex já ocupou o topo da cadeia alimentar terrestre em Madagascar há 170 milhões de anos, revelou um estudo publicado nesta terça-feira no periódico PeerJ. Segundo os cientistas, a espécie, descoberta originalmente em 2006, seria o maior e mais antigo animal do grupo Notosuchia – que agrupa vários crocodilomorfos (répteis semelhantes a crocodilos) do período Jurássico Médio. Apelidado de Razana, seu nome científico, Razanandrongobe sakalavae, significa “ancestral de lagarto gigante da região de Sakalava”.

Os resultados descritos são mais uma peça para compreender a evolução dos répteis, especialmente em regiões como a América do Sul, África e Ásia, onde os Notosuchia viviam. Baseando-se na análise de restos cranianos de animal descobertos recentemente, os cientistas puderam ter uma ideia mais detalhada do corpo desses animais, documentando um dos primeiros eventos de aumento exacerbado de tamanho na história evolutiva do grupo.

“Sua posição geográfica durante o período em que Madagascar se separou de outras massas terrestres é fortemente sugestiva de uma linhagem endêmica”, observa um dos autores do estudo, o paleontólogo Simone Maganuco, do Museu de História Natural de Milão, na Itália, em comunicado. “Ao mesmo tempo, representa um sinal adicional de que os Notosuchia se originaram no sul de Gondwana (supercontinente que deu origem aos continentes do hemisfério Sul).”

Dentes de Tiranossauro

Os ossos maxilares profundos e maciços, armados com enormes dentes serrilhados de tamanho e forma semelhantes aos de um T. rex, sugerem que esses animais, assim como o famoso dinossauro, também se alimentavam de ossos, tendões e outros tecidos duros. Ou seja, eram ferozes predadores. O Razana podia ter até 1 tonelada e 23 metros de comprimento.

Segundo os cientistas, a combinação de características anatômicas situa o Razana bem no início da árvore evolutiva dos Notosuchia jurássicos, próximo aos baurusuchídeos e sebecia, ambos predadores terrestres sul-americanos.

“Como esses e outros crocodilianos gigantes do Cretáceo, [Razana] poderia superar mesmo os dinossauros de terópodes, no topo da cadeia alimentar”, diz o também paleontólogo do Museu de História Natural de Milão, Cristiano dal Sasso, coautor da pesquisa.

Reconstrução de como seria a cabeça do ‘Razanandrongobe sakalavae’.
(Fabio Manucci/Divulgação)

Fonte: Veja