terça-feira, 12 de março de 2013

Crueldade em nome da moda

O comércio bilionário envolvendo a esfola de animais vivos para produção de bolsas e sapatos infelizmente é algo comum, diz Cecilia Mille, bióloga da organização sueca de direitos animais Djurens Rätt. Ela enfatiza que não se deve comprar de modo algum produtos de pele de répteis. 

De acordo com a bióloga, a experiência da dor vivenciada por répteis é muito próxima à nossa. É um mecanismo de defesa claramente desenvolvido em todos os animais. Podemos imaginar que seja muito parecido com o que seria para nós. 

Lagarto prestes a ser esfolado vivo

Ao ser indagada sobre o motivo pelo qual os animais são esfolados ainda vivos, ela diz que as pessoas que realizam este tipo de trabalho acabam perdendo o senso de empatia. Além disso, é mais rápido e barato. 

Mats Forslund, especialista em comércio de espécies ameaçadas de extinção da WWF, diz que a grande maioria dos répteis é proveniente da América do Sul, Ásia e África. 

Ele explica que se trata de bilhões de dólares negociados anualmente. Um novo relatório de dezembro do ano passado mostra o comércio de pítons da Ásia. O volume de negócios chega a cerca de um bilhão de dólares por ano e envolve aproximadamente 500.000 pítons. Uma grande parte dessas peles, na verdade, vai para a Europa, diz Mats Forslund. As peles são usadas em sapatos, bolsas, pulseiras de relógio e outros acessórios. 

Além disso, Mats atenta para a importância que estes répteis possuem para o ecossistema, e como a exploração da população selvagem pode acarretar sérios danos ambientais. 

A organização sueca Djurens Rätt trabalha para a conscientização dos direitos dos animais nesta questão especialmente com informação ao consumidor. No site da organização pode-se encontrar diversas informações sobre onde encontrar alternativas para este tipo de produto. Um aplicativo que mostra onde os produtos podem ser encontrados também foi criado por nós, podendo ser baixado no celular, diz Cecilia Mille. 

Além disso, o interesse das empresas que querem ser conhecidas como lojas “livres de peles” está aumentando. 

Ela ressalta que, enquanto representante de uma organização de proteção animal, infelizmente não se surpreende ao ver essas imagens. Esse tipo de imagem de crueldade animal é comum, embora ela ainda não havia visto imagens específicas de cobras e lagartos. Ela lembra que existem outros tipos de exploração de peles ainda mais próxima a nós, como o próprio couro de boi e pele de vison. 

Além de todo o sofrimento causado aos animais, uma outra grande preocupação é com as pessoas que trabalham nestes países. De acordo com o relatório da WWF, são pessoas pobres, com renda muito limitada, que recebem um valor correspondente a 0,5% do valor da venda final. Os verdadeiros responsáveis, portanto, são os consumidores que demandam estes produtos. 

Mats Forslund afirma que este tipo de comércio é regulado pela CITES, uma convenção internacional que regula o comércio de vida selvagem. No entanto, a CITES não é obrigatória, servindo como guia para garantir que a negociação seja feita de maneira correta de acordo com as leis dos países de origem dos animais e de onde as peles serão finalmente vendidas. 

Enquanto os defensores do comércio atentam para um comércio legal de peles, onde países de origem e destino tenham permissão para tal, organizações de proteção animal insistem na ideia de que este tipo de comércio deva ser totalmente banido. Infelizmente, muitas celebridades usam peles atualmente e, por serem fortes criadoras de opinião, acabam contribuindo para que o consumo aumente. Devemos, todavia, evitar o consumo de peles em vestuários e acessórios, buscando as diversas alternativas existentes no mercado, desprovidas de dor e morte.

Fonte: http://www.anda.jor.br/27/02/2013/reportagem-com-repteis-sendo-esfolados-vivos-por-couro-causa-grande-discussao-na-suecia 

Bethania Maggi Balielo (da Redação – Suécia)

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