Os fósseis constituem a ferramenta mais
importante para se acessar as formas de vida do passado. Entretanto, o
registro fóssil é reconhecidamente incompleto e descontínuo, existindo
relativamente poucos locais em que o processo de fossilização nos
permite acessar informações de um passado distante.
Na perspectiva dos lagartos fósseis, o
Brasil tem fornecido relevantes contribuições para nossa compreensão
sobre a biologia deste grupo. Entre os fósseis de lagartos brasileiros
da Era Mesozóica, destacam-se Olindalacerta brasiliensis, Pristiguana brasiliensis e Tijubina pontei (CANDEIRO, 2007).
O primeiro lagarto fóssil descrito para o Brasil, e também para a América do Sul, constitui na espécie Pristiguana brasiliensis, do Cretáceo Inferior, descoberto por Estes e Price em 1973, oriundo do município de Uberaba, estado de Minas Gerais.
Por quase 25 anos, Pristiguana brasiliensis manteve-se como o único lagarto fóssil brasileiro, entretanto em 1997, Bonfim e Marques descreveram Tijubina pontei, do Cretáceo Superior, encontrado no município de Nova Olinda, estado do Ceará.
A partir de então, as pesquisas sobre lagartos fósseis se intensificaram, fato que culminou com a descrição em 1998 de Olindalacerta brasiliensis, do Cretáceo Superior, por Evans e Yabumoto. Este lagarto da mesma forma que Tijubina pontei foi encontrado na Bacia do Araripe no estado do Ceará.
A mais recente contribuição para a saurofauna fóssil brasileira da Era Mesosóica foi o descobrimento de Brasiliguana prudentis,
do Cretáceo Superior, recentemente descrita para o município de
Presidente Prudente, estado de São Paulo (NAVA & MARTINELLI, 2011).
Maxila esquerda de Brasiliguana prudentis, em vista lateral (A) e ventral (B). |
Estes ícones da história dos lagartos
brasileiros representam bem mais do que meras descrições de espécies de
um passado longínquo. Estas recentes descobertas têm incrementado a
compreensão sobre a origem dos répteis escamados (Squamata), sua
distribuição espacial (paleobiogeografia), bem como sua história
evolutiva. Em resumo, o conhecimento atual sobre lagartos fósseis nos
permite supor que o ancestral destes animais viveu há aproximadamente
200 milhões de anos no hemisfério oeste da Terra, o que hoje equivale às
massas continentais que compõem as Américas.
Por: Daniel Passos, membro do NUROF-UFC
Fonte: http://blogdonurof.wordpress.com
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Candeiro, C. R. A. Paleogeographic Distribution Of The Terrestrial Squamate Reptiles From The Cretaceous Of Brazil. Bioscience Journal, 23: 65 – 74. 2007.
Nava, W. R. & Martinelli, A. G. A new
squamate lizard from the Upper Cretaceous Adamantina Formation (Bauru
Group), São Paulo State, Brazil. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, 83: 291 – 299. 2011.
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