Mariette le Roux
Em Paris
O fato de dinossauros terrestres colocarem ovos foi o que selou o seu
destino, levando-os à extinção em massa milhões de anos atrás, enquanto
mamíferos vivíparos floresceram, afirmaram cientistas em um estudo
publicado nesta quarta-feira (18).
Em uma nova explicação para a vitória evolutiva dos mamíferos sobre os
dinossauros, cientistas afirmaram que um modelo matemático demonstrou
que o tamanho dos filhotes foi determinante.
Em vista das limitações do tamanho do ovo, os dinossauros tinham
filhotes comparativamente pequenos. Alguns eclodiam pesando entre 2 e 10
quilos e tinham que crescer até 30 ou 50 toneladas.
Durante o crescimento, os jovens tinham que competir por comida com
adultos de outros grupos animais e de tamanhos diferentes, relatou à AFP
o cientista Marcus Clauss, da Universidade de Zurique.
Isso significou que todas as categorias animais de porte pequeno ou
médio sustentadas pelo ambiente estavam "ocupadas", tirando o espaço
necessário para as espécies menores de dinossauros se desenvolverem,
segundo descobertas publicadas na Biology Letters, periódico da Royal Society, academia de ciências britânica.
"Há muito espaço no ecossistema para espécies pequenas, mas (neste
cenário) o espaço é ocupado pelos jovens das espécies grandes", explicou
Clauss.
"Este não foi um problema por 150 milhões de anos, mas assim que algo
acontece, levando todas as grandes espécies, deixando apenas as
pequenas, se não houver espécies pequenas para ocupar este espaço, então
todo o grupo desaparece", acrescentou.
O evento catastrófico que varreu todas as formas grandes de vida da
Terra 65 milhões de anos atrás representou o fim dos dinossauros
terrestres.
Os cientistas têm opiniões divergentes acerca de se os répteis
escamosos morreram antes ou depois de um meteorito cair na Terra em um
evento que ficou conhecido como impacto Cretáceo-Terciário, que deixou
em suspensão bilhões de toneladas de cinzas de vegetação carbonizada e
poeira filtrar a luz do sol, causando um "inverno nuclear" que resfriou o
planeta e enfraqueceu a vegetação.
Os mamíferos não tiveram as mesmas limitações de tamanho, explicou
Clauss, porque seus filhotes não nasceram tão pequenos comparativamente e
não precisavam competir por comida com outras espécies, uma vez que
eram amamentados por suas mães.
Isto significa que havia espécies menores de mamíferos capazes de lidar
com um ambiente pós-catástrofe e evoluir para novas espécies juntamente
com as aves, que também são dinossauros.
"A pergunta que assombra algumas pessoas, inclusive a mim, é por que os
mamíferos sobreviveram e os dinossauros não? Acho que temos uma
resposta muito boa para isto", acrescentou Clauss.
Os cientistas afirmam que o tamanho dos ovos é restrito por limites
como a espessura da casca, que precisa permitir que o oxigênio chegue
até o embrião.
O titanossauro, um monstro de quatro toneladas conhecido por ser o
maior vertebrado que já viveu sobre a Terra, era 2.500 vezes mais pesado
do que seus filhotes recém-nascidos. A mãe de um elefante moderno pesa
22 vezes mais do que seu filhote.
Os cientistas afirmam que todos os animais com massa corporal superior a 10 e 25 quilos morreram na extinção maciça.
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