Espaço vai abrigar tartarugas de água doce da região.
Pesquisadores de outros estados e países terão acesso para intercâmbio.
Uma estrutura pioneira no Brasil será o novo aliado do trabalho de proteção das espécies de tartarugas de água doce da região Amazônica. Trata-se do Centro de Quelônios da Amazônia, que além de possibilitar a conscientização da população, será marco nas pesquisas comportamentais das espécies em cativeiro. Com previsão de ser inaugurada no início do primeiro semestre de 2013, a nova estrutura funcionará em área do Bosque da Ciência, situado Bairro Petrópolis, Zona Centro-Sul de Manaus.
As obras de construção do Centro de Quelônios, que teve investimento de R$ 1,4 milhão da Petrobras, estão em fase de conclusão. As instalações devem ficar prontas em fevereiro do próximo ano, quando será inaugurado o prédio, segundo a Associação de Ictiólogos e Herpetólogos da Amazônia (Aiha), que é coordenadora do Projeto Tartarugas da Amazônia: conservando para o futuro.
Centro vai reunir tartaruga de água doce da Amazônia (Foto: Adneison Severiano G1/AM |
Na área edificada de mais de 1.000 m², construída ao lado do Lago da Tartaruga no Bosque da Ciência, há um laboratório de pesquisa, cinco aquários para filhotes e quelônios adultos, quatro tanques, biblioteca especializada em quelônios, terrário de tartaruga (espaço com areia e com pequenas cavidades no solo para água, destinado as espécie semiaquáticas como, por exemplo, o jabuti) e auditório com capacidade para 60 pessoas.
O pesquisador da Aiha, Rafael Bernhard, ressaltou que com o Centro de Quelônios da Amazônia – primeiro voltado somente para as espécies de água doce - será possível atender uma antiga carência na realização dos estudos, possibilitando receber pesquisadores e alunos de pós-graduação de outros estados do Brasil, além dos especialistas vindos de outros países para intercâmbio científico.
"Com o grande laboratório, poderemos receber os pesquisadores do próprio Brasil e da Espanha, Itália, Estados Unidos, que antes tinham dificuldades para encontrar um local de estudo. Além de dispor de uma biblioteca especializada, que receberá uma grande doação de livros, temos auditório onde poderemos fazer mais palestras de educação ambiental, estendendo ainda o trabalho aos aquários com quelônios, que darão uma capacidade maior de sensibilização dos jovens”, avaliou Bernhard.
A expectativa é de que 50 e 90 mil pessoas por ano visitem as instalações do Centro. Após inauguração, haverá atividades diárias com no mínimo uma turma de alunos das escolas da rede pública de ensino.
A estrutura do Centro foi construída com espaços que simularão o habitat natural das tartarugas de água doce. No lotal, todas as 17 espécies de quelônios da Amazônia terão espécimes.
Uma das novas possibilidades de estudo com os quelônios refere-se à pesquisa de comportamento em cativeiro, segundo o pesquisador. "Alguns aspectos do comportamento são mais facilmente estudados em cativeiro com animais em tanques grandes, que imitam o ambiente natural deles e com a água transparente o pesquisador consegue visualizar e descrever melhor o comportamento do quelônio”, comentou o pesquisador.
Projeto Tartarugas da Amazônia, criado em 2010, atua na conservação dos quelônios da Amazônia (Foto: Adneison Severiano G1/AM) |
Tartarugas da Amazônia
Após ser elaborado em 2010, a partir de janeiro do ano passado, o Projeto Tartarugas da Amazônia iniciou a atuação depois de aprovada a liberação de recursos oriundos do Programa Petrobras Ambiental da própria estatal.
O projeto, que conta com nove profissionais, atua com duas frentes de trabalho. Rafael Bernhard explicou o primeiro foco é a pesquisa básica de campo por meio do levantamento de informações das espécies: padrões de movimentações; estudo sobre dieta, abundância, reprodução e vocalização (sons que as tartarugas emitem dentro da água). O segundo segmento ocorre na capital amazonense com alunos de ensino fundamental e médio em atividades dentro do Bosque da Ciência, por meio de uma parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e no interior do estado do Pará.
“Uma pesquisadora da nossa equipe fez esse estudo de vocalização das tartarugas para verificar a importância desses sons no contexto social das espécies. Procuramos utilizar essa informação para conscientizar as pessoas. Em Manaus, temos duas educadoras ambientais do Inpa trabalhando no Circuito da Ciência. Além disso, temos uma base tanto de pesquisa e de educação ambiental, na Reserva Biológica (Rebio), situada no Rio Trombetas, Pará”, revelou o pesquisador.
Na Rebio Trombetas, a equipe do Projeto atua com a população quilombola que vive na área e que pode afetar as espécies caso haja um consumo excessivo dos quelônios ou comercialização.
“Diante disso, estamos juntos com Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tentando trazê-los para serem parte da solução. Agora eles são voluntários e durante quatro meses no ano moram nas praias para proteger os ninhos. Nosso objetivo é proteger os quelônios nos rios, modificando o comportamento das pessoas”, destacou Rafael Bernhard.
No ano passado, 50 mil filhotes foram soltos pelo ICMBio com apoio do Projeto Tartarugas da Amazônia. Em 2012, a previsão é que o volume de quelônios reintegrados à natureza atinja cerca de 40 mil filhotes.
Fonte: G1
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