Redação do Diário de Pernambuco
Até muito recentemente, a maioria dos cientistas acreditava que somente depois de o mundo ter deixado de ser um domínio dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos, as espécies de mamíferos tiveram espaço para se desenvolver e tornar-se a classe dominante no planeta. Entretanto, uma nova pesquisa publicada na edição desta semana da revista científica Science mostra que a história pode não ter sido bem essa. O estudo, que teve a participação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), comprovou que, ao contrário do que se imaginava, o surgimento dos principais grupos de mamíferos não ocorreu depois da extinção dos grandes répteis, no fim do período cretáceo, e sim 15 milhões de anos antes, quando os dinos ainda dominavam a Terra. Os grupos, surgidos nessa época, resultaram, milhares de anos depois, na grande diversidade atual de mamíferos, incluindo os seres humanos.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram a análise de 35 mil bases genéticas presentes em 26 genes de 164 espécies de animais. Além disso, os pesquisadores compararam os animais atuais com fósseis de seus ancestrais, calculando o parentesco entre as espécies e o tempo que cada grupo demorou para evoluir geneticamente. “Trabalhamos nesse projeto há cerca de 10 anos, e o volume de espécies analisadas permitiu descobrirmos, com mais exatidão, qual a estrutura da árvore evolutiva dos mamíferos”, conta o pesquisador gaúcho Eduardo Eizirik.
Segundo a pesquisa da qual ele participou, os pequenos mamíferos, que surgiram há cerca de 200 milhões de anos, tiveram a chance de se diversificar geneticamente há aproximadamente 80 milhões de anos. “Essa diversificação aconteceu durante a revolução terrestre do cretáceo, um período em que as árvores com frutos surgiram e se espalharam pela Terra”, conta Eizirik. Assim, não foi a extinção dos dinossauros que abriu caminho para a diversificação mamífera, e sim a abundância vegetal experimentada no período.
Diferenciação
Segundo a pesquisa da qual ele participou, os pequenos mamíferos, que surgiram há cerca de 200 milhões de anos, tiveram a chance de se diversificar geneticamente há aproximadamente 80 milhões de anos. “Essa diversificação aconteceu durante a revolução terrestre do cretáceo, um período em que as árvores com frutos surgiram e se espalharam pela Terra”, conta Eizirik. Assim, não foi a extinção dos dinossauros que abriu caminho para a diversificação mamífera, e sim a abundância vegetal experimentada no período.
Diferenciação
Apesar da novidade, o desaparecimento dos dinossauros continua tendo um papel importante no desenvolvimento dos mamíferos. Isso porque, apesar de os dois grupos terem convivido, o segundo permaneceu morfologicamente limitado enquanto o primeiro ainda existia. Todas as espécies mamais eram pequenas e quase sempre terrestres, semelhantes a pequenos gambás ou ratos. “Foi só depois do fim dos dinossauros que esses animais diminutos ganharam espaço para sua diferenciação morfológica, o que resultou em uma diversidade de mamíferos que engloba desde a baleia até o morcego”, revela o pesquisador gaúcho.
Assim, a grande diversidade filogenética dos mamíferos pôde dominar a Terra, à medida que espaços anteriormente controlados pelos dinossuros ficaram livres. “Nichos ecológicos para grandes herbívoros e carnívoros foram dominados por dinossauros durante o Período Cretáceo. Esses nichos só se tornaram disponíveis para outros organismos depois de dinossauros foram extintos”, conta o pesquisador da Universidade da Califórnia-Riverside Mark Springer, em entrevista ao Estado de Minas. “Assim, os mamíferos foram bem sucedidos à medida que se irradiaram para esses hábitats, que anteriormente eram ocupadas por dinossauros”, afirma o pesquisador norte-americano.
Um das questões que permanecem sem resposta para os cientistas é por que boa parte dos mamíferos que conviveram com os dinossauros conseguiu sobreviver à famosa extinção em massa que dizimou a maioria dos grandes répteis. “É algo difícil de se determinar. Podemos apenas especular que questões como a capacidade de adaptação desses animais ou suas características ecológicas podem ter tido alguma influência, mas não há uma resposta única e definitiva para isso”, conta Eizirik. “A sobrevivência era muito mais difícil em animais de maior porte do que animais menores. Presumivelmente, os mamíferos que sobreviveram à extinção foram capazes de fazê-lo em parte devido ao seu tamanho muito menor em relação a animais como dinossauros”, completa Springer.
Fonte: Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário