O Steneosaurus foi um crocodilo marinho que viveu em águas pouco profundas durante os períodos Jurássico e o Cretácico (180 a 130 milhões de anos atrás). Era uma criatura fantástica com um longo focinho semelhante ao dos actuais gaviais. A maioria dos crocodilos vivem hoje em dia em ambientes de água doce, mas o Steneosaurus e outros crocodiliformes eram marinhos.
Existe ainda muito por saber em relação a este género, nomeadamente o número de espécies válidas, as suas relações taxonómicas, bem como o percurso evolutivo de adaptação à vida marinha. Mais acresce que, ainda não é claro porque é que os ancestrais comuns dos crocodiliformes haver-se-iam deslocado para ambientes marinhos.
As questões de validade taxonómica são muito interessantes. A maioria das espécies referentes ao género Steneosaurus foram erigidas há muito tempo atrás, baseado num conceito de espécie que é bem diferente do actual. Os cientistas victorianos levaram a taxonomia do Steneosaurus a um verdadeiro caos, erigindo quase uma espécie por cada espécime recolhido. Mais de sessenta espécies de Steneosaurus foram criadas, das quais a grande maioria são hoje sinónimos – ou por outras palavras consideradas a mesma espécie.
O nome Steneosaurus foi dado inicialmente em 1825 por E. Geoffroy Saint-Hilaire. Muitos cientistas famosos da época trabalharam em restos fossilizados de Steneosaurus, incluindo Richard Owen: o pai da paleontologia e o fundador do Museu de História Natural, Londres. Os espécimes de Steneosaurus haviam sido recolhidos de um barreiro de onde prvinha a chamada ‘Oxford Clay’ de Peterborough, e hoje em dia uma ampla porção dos fósseis aí recolhidos estão armazenados no Museu de História Natural, Londres. Contudo, alguns dos espécimes foram comprados pelo Museu de História Natural da Irlanda em Dublin em Novembro de 1893.
Estes pormenores históricos também têm a sua piada. Alfred Leeds era um ávido caçador de fósseis do século XIX que, durante mais de vinte anos juntou uma coleção de fósseis de vertebrados de valor científico inestimável. Os melhores espécimes acabariam por ser adquiridos pelo Museu da História Natural de Londres, mas a grande maioria foi comprada pelo Museu Hunteriano. Uma pequena, mas interessante fracção, foi comprada pelo Museu de História Natural da Irlanda. Alfred Leeds, para além de fósseis de Steneosaurus, encontrou ictiossauros, plesiossauros e até mesmo um grande peixe a que se chamou Leedsichthys. Alguns dos espécimes mais importantes foram publicados e descritos por especialistas como Andrews (1910, 1913). Apesar de tudo, ainda muito há a saber sobre os detalhes históricos da colecção de Alfred Leeds: a proveniência exacta dos espécimes, por exemplo.
Alguns fatos interessantes sobre o gênero Steneosaurus:
Dieta: Inferir a dieta directamente a partir de fósseis é um evento raro, uma vez que os conteúdos estomacais são raramente preservados. Contudo, o aparato mastigatório pode dar-nos algumas pistas. O longo focinho, morfologicamente semelhante ao dos gaviais, serviria analogamente para capturar peixe.
Adaptações ao estilo de vida marinho:
Glândulas excretoras de sal – adaptação que permitiria ao género Steneosaurus excretar o excesso de sal.
Membros posteriores (pernas) reduzidos – Permitiria uma maior eficácia hidrodinâmica.
Mãos serviram como remos – Tal como noutras espécies adaptadas ao estilo de vida aquático e, um exemplo de um tipo de adaptação comum é o elongamento dos carpos (ossos da mão).
Cauda como a dos peixes – O Steneosaurus aprendeu bem a lição com os peixes!
Afinidades do Steneosaurus
Quem é que eram os amigos do Steneosaurus? O grupo (infra-ordem) ao qual o Steneosaurus pertence é designado Thalattosuchia (etimologicamente ‘crocodilos de água salgada’), e à família Teleosauridae. São todos crocodiliformes extintos em que o seu ‘parente’ mais próximo seria o Teleosaurus. Outros taxa relacionados são: Metriorhynchus, Pelagosaurus, Machimosaurus.
Imagem de: Mueller-Towe, I.J. 2006. Anatomy, phylogeny, and palaeoecology of the basal thalattosuchians (Mesoeucrocodylia) from the Liassic of Central Europe. PhD Thesis.
Fonte: http://lusodinos.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário