terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Fóssil de espécie rara de dinossauro é encontrado no sul do Brasil

Réptil pré-histórico viveu há mais de 230 milhões de anos e foi encontrado em cidade no interior do Rio Grande do Sul                 

Guilherme Carrara, do R7

Fóssil da espécie Dynamosuchus collisensis foi encontrado no Rio Grande do Sul (Divulgação/Márcio L. Castro) 

Uma nova espécie de dinossauro encontrada no Brasil foi apresentada em estudo publicado nesta sexta-feira (31). O réptil pré-histórico viveu há 230 milhões de anos e ainda foi pouco estudada por ser raro de se encontrar fósseis. 

A pesquisa foi resultado da parceria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, com a Virginia Tech, nos EUA, e o Museu de la Plata, na Argentina. O fóssil da espécie Dynamosuchus collisensis foi encontrado pelo paleontólogo da UFSM, Rodrigo Temp Müller, no município de Agudo (RS), durante visita a um sítio de escavação em março de 2019.

  Esta é apenas a quarta vez que um fóssil desse dinossauro foi encontrado em todo o mundo, sendo que que a última vez foi há 50 anos, na Argentina. Os outros dois foram encontrados no século 19, na Escócia.

Uma das características desse grupo de réptil pré-históricos é o formato do focinho, que era alongado e projetado mais para a frente do que a mandíbula. Os dois dentes inferiores também são característicos por serem bem grandes e terem uma carapaça. O Dynamosuchus seria um “primo” do crocodilo, já que existe parentesco na cadeia evolutiva, mas não diretamente.

Os estudos anteriores indicam que esse dinossauro era terrestres e se locomovia com as quatro patas, mas podia se levantar usando apenas as patas traseiras em alguns casos.


Fóssil de Dynamosuchus collisensis encontrado (Divulgação/Rodrigo Temp Müller)


O fóssil, assim como a maioria dos dinossauros encontrados no Brasil, data do período geológico Triássico, quando surgiram os primeiros dinossauros e grandes répteis.

Segundo Müller, o Dynamosuchus provavelmente era um necrófago, o que é extremamente raro no Período Triássico. Sua dieta era baseada em procurar por corpos de outros animais e até de outros dinossauros mortos.

Como a descoberta aconteceu

“A descoberta do fóssil foi feita em uma das visitas a um sítio fossilistico. Nós já tínhamos encontrado um pedaço da carapaça do réptil e eu comecei a escavar ao redor com cuidados até encontrar o fóssil. Ele teria cerca de 2 metros e foi o primeiro da espécie encontrado no Brasil”, disse Rodrigo Müller ao R7

Local de pesquisa em Agudo (RS) - Divulgação/Jossano Morais 

Müller ressalta a importância do estudo divulgado para a paleontologia Brasileira. "A descoberta reforça a ideia de riqueza de fósseis aqui no Brasil. Já fazia 50 anos desde a última vez. Agora abre a oportunidade de encontrar outros grandes fósseis.”

O brasileiro ressalta que a coleta de materiais foi feita totalmente pela equipe da UFSM e que a parceria com outros pesquisadores é apenas para a troca de informações e não financeira. 

Comparação entre o dinossauro e o ser humano (Divulgação/Rodrigo Temp Müller) 

O próximo passo

O professor afirma que sua equipe segue coletando dados. A próxima fase da pesquisa ira estudar como o animal se locomovia e vivia a partir de estudos de biomecânica do animal. Em breve, será possível saber a força e velocidade das mordida. 

“Essa pesquisa mostra que temos um potencial muito grande de fósseis. Mesmo jovens que gostaria de entrar na área tem muita coisa para estudar. Vão haver várias outras descobertas para os próximos anos”, ressalta para quem tem interesse em estudar paleontologia ou entrar para a área nos próximos anos.

Fonte: Portal R7

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Dinossauros podem ter sido envenenados antes da queda de asteroide

 

Estudo descobriu que envenenamento por mercúrio pode ter se somado à queda de asteroide e maciças erupções acabaram como causa da extinção dos dinossauros Imagem: Getty Images

Helton Simões Gomes

Até agora, a tese mais aceita para a extinção dos dinossauros é a Terra ter sido atingida por um asteroide que tornou a vida desses seres insustentável. Cientistas fizeram uma descoberta que, se não chega a questionar essa hipótese, adiciona um novo elemento à história. Antes de serem aniquilados pela entrada da rocha espacial na atmosfera terrestre, os seres gigantes podem ter sido envenenados por um elemento que também é tóxico aos seres humanos: o mercúrio.

Em estudo publicado nesta semana na revista científica "Nature Communications", pesquisadores da Universidade de Michigan mostraram que erupções vulcânicas despejaram na atmosfera uma quantidade de mercúrio tão grande que aqueceu as águas oceânicas de forma abrupta e ainda contaminou seres vivos.
Isso ocorreu antes mesmo do impacto do asteroide e durou alguns milhões depois do evento. Cientistas já haviam descoberto que a atividade dos vulcões do Decão, na Índia, acelerou em algum momento do período Cretáceo e que a lava cuspida por eles foi essencial na extinção dos dinossauros.

As novas evidências apresentadas pelos cientistas mostram que os vulcões podem ter tido outro tipo de participação no extermínio desses seres. Segundo os pesquisadores, eles foram os responsáveis por uma mudança climática e ecológica que não só afetou a vida dos dinossauros, mas também mudou as condições de vida em todo o globo e durou por muito tempo. 

"Pela primeira vez, nós conseguimos fornecer indícios do impacto dos vulcões do Decão no meio ambiente e no clima. Foi uma surpresa incrível ver que as amostras [de lugares] em que as temperaturas marinhas mostraram um sinal de aquecimento abrupto também exibiram as maiores concentrações de mercúrio e que essas concentrações eram eram de magnitude semelhante a um local com significativa contaminação industrial por mercúrio moderna".  Kyle Meyer, pesquisador da Universidade de Michigan que liderou o estudo.

O mercúrio é um metal que pode ser um risco à vida de humanos, peixes e outros animais. Atualmente, os principais emissores deste elemento são usinas de eletricidade movidas a carvão e minas de ouro. Para analisar qual era o nível de mercúrio presente na atmosfera do período Cretáceo, os cientistas fizeram duas coisas. Primeiro, coletaram conchas contaminadas pela indústria na regiões da Virgínia, nos Estados Unidos.

"Esses locais possuem uma proibição à pesca por parte de humanos por causa dos altos níveis de mercúrio. Então, imagine o impacto ambiental desse nível de contaminação global de mercúrio por dezenas ou centenas de milhares de anos". Sierra Petersen, geoquímica da Universidade de Michigan.
Isso ocorreu antes mesmo do impacto do asteroide e durou alguns milhões depois do evento. Cientistas já haviam descoberto que a atividade dos vulcões do Decão, na Índia, acelerou em algum momento do período Cretáceo e que a lava cuspida por eles foi essencial na extinção dos dinossauros.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2019/12/21/dinossauros-podem-ter-sido-envenenados-antes-da-queda-de-asteroide.htm?cmpid=copiaecola

Depois disso, analisaram fósseis de conchas pré-históricas encontradas nos EUA, Argentina, Índia, Egito, Líbia e Suécia. Definiram as temperaturas marinhas em que esses seres viviam ao averiguar a presença de carbonato. Prosseguiram pela mensuração da quantidade de mercúrio. Concluíram que aqueles seres que viviam em águas mais quentes possuíam um nível de mercúrio mais alto, tão elevado que era similar ao de regiões modernas contaminadas pela atividade industrial.

Segundo os cientistas, as anomalias de mercúrio já foram documentadas em sedimentos, mas nunca antes em conchas. A técnica desenvolvida por eles pode jogar luz sobre o estudo de extinções em massa e de mudança climática.

Fonte: UOL
Isso ocorreu antes mesmo do impacto do asteroide e durou alguns milhões depois do evento. Cientistas já haviam descoberto que a atividade dos vulcões do Decão, na Índia, acelerou em algum momento do período Cretáceo e que a lava cuspida por eles foi essencial na extinção dos dinossauros. As novas evidências apresentadas pelos cientistas mostram que os vulcões podem ter tido outro tipo de participação no extermínio desses seres. Segundo os pesquisadores, eles foram os responsáveis por uma mudança climática e ecológica que não só afetou a vida dos dinossauros, mas também mudou as condições de vida em todo o globo e durou por muito tempo.... - Veja mais em https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2019/12/21/dinossauros-podem-ter-sido-envenenados-antes-da-queda-de-asteroide.htm?cmpid=copiaecola

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Nova descoberta aponta que dinossauros com penas viveram no Polo Sul

Penas fossilizadas são encontradas na Austrália Imagem: Reprodução/NatGeo/MELBOURNE MUSEUM

Dez fósseis preservados de penas encontrados na região de Koonwarra, na Austrália, representam a primeira evidência que dinossauros com penas viveram nos polos da Terra, apontaram paleontologistas em novo estudo que será divulgado no jornal Gondwana Research. As penas têm 118 milhões de anos e são do começo do período Cretáceo, quando a Austrália era localizada mais ao sul e se juntava à Antártida no Polo Sul do planeta. Segundo a pesquisa, mesmo que o clima fosse mais quente do que atualmente na Antártida, os dinossauros devem ter desenvolvido penugem para enfrentar épocas mais frias.

"As penas fósseis nunca foram encontradas em ambientes polares antes", diz o co-autor do estudo, Benjamin Kear, paleontologista da Universidade de Uppsala, na Suécia. "Nossa descoberta mostra pela primeira vez que uma grande variedade de dinossauros emplumados e pássaros primitivos capazes de voar habitavam as antigas regiões polares". Ossos fossilizados já foram encontrados nos extremos do planeta, mas nunca a presença de penas. Fósseis de uma espécie extinta de pinguim que indicava penas foi encontrada no Peru, mas tinham apenas 36 milhões de anos, quando a região ainda se encontrava ainda mais ao norte.

Encontrar penas no período Cretáceo nesta parte da Austrália é, portanto, uma pista vital para os muitos usos que os animais antigos encontraram para essas distintas coberturas corporais, desde o acasalamento até o voo. Nesse caso, as penas podem ter sido importantes para o isolamento, permitindo que pequenos dinossauros carnívoros sobrevivessem aos difíceis meses de inverno.

Fonte: UOL

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Fóssil de um dos dinossauros mais antigos do mundo é descoberto no Rio Grande do Sul

Gnathovorax significa mandíbulas vorazes, característica que reforça o perfil de caçador do dinossauro


TV CAMPUS/UFSM/REPRODUÇÃO/JC

O Rio Grande do Sul acrescentou mais um registro ao seu currículo de habitat de dinossauros. O grupo de pesquisa que reúne Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade de São Paulo (USP) divulgou que encontrou um esqueleto da espécie Gnathovorax cabreirai, com origem de aproximadamente 230 milhões de anos.

A descoberta, feita em escavações em 2014 em São João do Polêsine, na região Central do Estado, foi publicada no periódico internacional PeerJ. Segundo os pesquisadores da UFSM e USP, o fóssil achado é um dos mais antigos do mundo. 

Esqueleto na rocha mostra a descoberta em escavações em 2014 no Centro do Estado. Foto: UFSM/Divulgação
O esqueleto do animal revelou dentes pontiagudos e munidos de serrilhas, assim como garras longas nos dedos das mãos, que ajudavam a capturar as presas da espécie, esclarecem os pesquisadores. As características revelam o perfil de caçador do animal, reforçada pelo nome Gnathovorax, que significa mandíbulas vorazes. Já cabreirai é uma referência ao paleontólogo Sérgio Furtado Cabreira, que coordenou os trabalhos da descoberta em 2014.

Ainda que fosse de estatura menor em comparação com predadores mais conhecidos da era Mesozoica (compreendida nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo), como o Tiranossauro Rex, o Gnathovorax cabreirai era "seguramente, um dos maiores carnívoros do seu ambiente", informam os pesquisadores.

A pesquisa foi conduzida pelo estudante de pós-graduação em Biodiversidade Animal da UFSM Cristian Pereira Pacheco, pelos paleontólogos Rodrigo Temp Müller, Leonardo Kerber, Flávio Pretto e Sérgio Dias da Silva, também da UFSM, e pelo paleontólogo da USP Max Cardoso Langer. O responsável por realizar a reconstrução do fóssil foi o paleoartista Márcio Castro.

O fóssil pode ser visitado no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa/UFSM), em São João do Polêsine, onde está em exposição. O Cappa fica aberto de segunda-feira a sábado, das 9h às 12h e das 13h30min às 17h, com entrada gratuita.

Fonte: Jornal do Comércio

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Vértebra de dinossauro é encontrada no interior de SP

Fóssil encontrado em Uchoa (SP) já está em fase final de preparação e ficará exposto no Museu de Paleontologia Pedro Candolo.

Por Carolina Paschoalon*

Vértebra de dinossauro é encontrada no interior de SP — Foto: Arquivo Pessoal

Uma vértebra de dinossauro foi encontrada na zona rural de Uchoa (SP) por um biólogo e um paleontólogo durante uma expedição em busca de fósseis da espécie na região. A vértebra seria uma parte da cauda e foi encontrada pela dupla no dia 5 de outubro. A divulgação da descoberta foi feita nesta semana.

Segundo o biólogo Leonardo Silva Paschoa, ele e a equipe do Museu de Paleontologia Pedro Candolo, de Uchoa, estavam em uma expedição em uma área que há mais de 100 milhões de anos era terra dos dinossauros. 

“Em um barranco tem uma rocha que é da formação muito antiga, então era onde eles [dinossauros] ficavam. Nós sempre voltamos ao local para fazer buscas”, contou o biólogo.

  De início, Leonardo pensou que se tratava de uma pedra, mas quando ele e os amigos escavaram a rocha, perceberam que se tratava de uma vértebra de dinossauro.

O pedaço ósseo de dinossauro foi levado para o laboratório do museu para análise, onde foi constatado que se tratava de 20 centímetros da cauda de um titanossauro.

"É muito comum encontrar fóssil dessa espécie na região. Já encontramos outras vértebras, partes do braço. Vamos agora tentar montar uma arte de como seria essa espécie", diz Leonardo.

A espécie é conhecida por ter um pescoço longo e é herbívoro. O fóssil já está em fase final de preparação e ficará exposto no Museu de Paleontologia Pedro Candolo, em Uchoa.

Biólogo Leonado Paschoa com fóssil de titanossauro — Foto: Arquivo Pessoal 

Região tinha o Thanos

Em Uchoa há um museu de paleontologia porque na região há um sítio arqueológico que vem sendo descoberto pelos pesquisadores. Uma das descobertas mais recentes, foi a de uma nova espécie de dinossauro, batizada de Thanos Simonattoi.

Thanatos é um termo grego que personifica a morte e que também dá nome ao vilão Thanos, da franquia de quadrinhos Marvel. Já Simonattoi é uma homenagem ao sitiante Sérgio Simonatto, que ajudou a encontrar o fóssil.

Esta descoberta foi divulgada em dezembro do ano passado. Segundo os pesquisadores, Thanos Simonattoi tinha cerca de 5 metros de comprimento e disputava com outros carnívoros o topo da cadeia alimentar na região de Ibirá há 80 milhões de anos.

A descoberta consiste na primeira espécie descrita para a região de Ibirá e também de dinossauro carnívoro conhecida para o cretáceo da região sudeste.

Dinossauro recém-batizado foi encontrado na região de Rio Preto — Foto: Divulgação 

Fonte: Portal G1

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Fósseis de dinossauro carnívoro com dentes de tubarão são encontrados na Tailândia

 Animal tinha mais de 9 metros de comprimento e pesava ao menos 3,5 toneladas.

Por Reuters

Reconstrução de cabeça de dinossauro por meio de fóssil encontrado na Tailândia — Foto: Soki Hattori and Duangsuda Chokchaloemwong/Handout via Reuters 

Fósseis de um grande dinossauro carnívoro que era um imponente predador há cerca de 115 milhões de anos foram desenterrados na Tailândia. A descoberta ajuda a entender o animal que está entre os primeiros membros de um grupo de dinossauros conhecidos por seus dentes similares a de tubarões, usados para rasgar carnes.

Cientistas afirmaram nesta quarta-feira (9) que o dinossauro, chamado Siamraptor suwati, tinha mais de 9 metros de comprimento e pesava ao menos 3,5 toneladas.

O Siamraptor, maior dinossauro carnívoro já descoberto na Tailândia, viveu durante o período cretácico em um ambiente centrado em um sinuoso sistema fluvial e se alimentava de dinossauros herbívoros, disseram os pesquisadores.

O paleontólogo Duangsuda Chokchaloemwong, da Universidade Nakhon Ratchasima Rajabhat e do Museu de Fósseis Khorat, na Tailândia, disse que esqueletos parciais de quatro dinossauros da espécie foram encontrados em Korat, na Tailândia.

Os fósseis incluem partes do crânio, espinha dorsal, membros, quadris e dentes. 

"O Siamraptor é o maior predador neste ambiente e, logo, pode ser o maior predador daquele período no tempo", disse o paleontólogo Soki Hattori, da Universidade da Prefeitura de Fukui e do Museu de Dinossauros da Prefeitura de Fukui, no Japão.

Fonte: Portal G1

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O dia em que o mundo dos dinossauros veio abaixo

Cientistas fazem uma reconstituição dos segundos, minutos e horas após o impacto do asteroide que dizimou os antigos habitantes do planeta.

Por BBC 

Ilustração mostra o impacto do asteróide, que deve ter desencadeado ondas gigantescas — Foto: Barcroft Productions/BBC 


Cientistas têm um registro do pior dia da Terra – ou, pelo menos, o pior nos últimos 66 milhões de anos. 

Ele está num trecho de 130 metros de uma rocha retirada do Golfo do México. 

Esses são sedimentos depositados logo após um imenso meteoro se chocar com o planeta. 

Você deve saber do que estamos falando: do evento que cientistas consideram ter causado a extinção dos dinossauros e a ascensão dos mamíferos. 

A rocha que conta essa história foi resgatada por uma equipe liderada por americanos e britânicos, que passaram várias semanas em 2016 cavando na cratera aberta pelo impacto. 

Hoje, essa estrutura com 200 km de diâmetro fica embaixo sob a península de Yucatán, no México. Suas partes mais preservadas estão bem próximas ao porto de Chicxulub. 

A equipe retirou várias porções da rocha, mas é esta seção com 130 metros que documenta o primeiro dia do que geólogos conhecem por Era Cenozóica, também chamada por outros de Idade dos Mamíferos. 

O impacto que mudou a vida na Terra

Um objeto com 12 km de diâmetro abriu um buraco de 100 km de largura e 30 km de profundidade na superfície da Terra. 

Essa fenda então colapsou, deixando uma cratera de 200 km de largura e alguns quilômetros de profundidade. Houve um novo desabamento no centro da cratera, formando um anel interno.

  Hoje, boa parte da cratera está sob o solo do mar, abaixo de 600 metros de sedimentos. A parte em terra está hoje coberta por rochas calcárias, e sua borda é marcada por um arco de cavernas.

O trecho da rocha é um combinado de materiais estilhaçados, mas seu conteúdo está disposto de tal forma que cientistas dizem ser capazes de perceber uma narrativa clara.

Os últimos 20 metros são dominados por destroços que lembram vidro. Essa é a rocha que foi derretida pelo calor e pela pressão do impacto. Ela escorreu pela base da cratera segundos e minutos após o choque.

Em seguida, há um trecho de rocha derretida fragmentada - formado por explosões conforme a água jorrava pelo material quente.

A água vinha do mar raso que cobria a área naquela época. Ela foi expulsa temporariamente pelo impacto, mas, quando voltou e entrou em contato com a rocha incandescente, gerou violentos fenômenos. Algo similar ocorre em vulcões, quando o magma interage com a água do mar.

Essa fase transcorreu durante uma hora. Conforme a água continuava a fluir para a cratera, e um monte se formou no centro do buraco com destroços carregados pela água. Grandes fragmentos foram acompanhados por materiais mais e mais finos.

Esse processo transcorreu nas primeiras horas depois do impacto.

Depois, bem no topo da seção retirada da cratera, há sinais de um tsunami. Os sedimentos afundaram numa só direção, e sua organização indica que eles foram depositados por um evento de grande energia.

Cientistas dizem que o impacto gerou uma onda gigantesca que deve ter avançado centenas de quilômetros terra adentro. Essa onda acabou por voltar - e os destroços carregados por ela cobrem o topo da rocha extraída do fundo do mar pelos pesquisadores.

Explosão de enxofre

"Isso tudo foi no dia 1", diz o professor Sean Gulick, da Universidade do Texas em Austin. "Tsunamis se moveram na velocidade de um jatinho. Vinte e quatro horas são uma quantidade suficiente de tempo para que as ondas tenham entrado e saído repetidamente", ele disse à BBC News. 

A equipe de Gulick acredita na explicação sobre o tsunami porque, misturado com os depósitos extraídos, há sinais de solo e carvão - evidências dos grandes incêndios que teriam surgido pelo calor gerado pelo impacto –, tudo transportado para a cratera pelas ondas.

Estranhamente, o que os cientistas não encontraram em nenhum ponto da rocha extraída foi a presença de enxofre. É uma surpresa, porque o asteroide teria se chocado com um fundo do mar composto por até metade de minerais que contêm enxofre.

Por algum motivo, o enxofre deve ter sido ejetado ou vaporizado. Mas isso apenas reforça a teoria atual sobre como os dinossauros tiveram um fim.

O enxofre misturado à água e despejado na atmosfera pode ter reduzido dramaticamente a temperatura, tornando a vida difícil para todos os tipos de plantas e animais.

A injeção de bilhões de toneladas de enxofre no ar causou uma queda de 25 graus Celsius na temperatura por pelo menos 15 anos, fazendo com que a maior parte do planeta congelasse, diz Gulick.

A emissão de enxofre foi muitas vezes superior ao que um vulcão como o Krakatoa é capaz de fazer, também gerando uma diminuição periódica da temperatura.

Os mamíferos emergiram a partir dessa calamidade. Os dinossauros ficaram para trás. 

Fonte: Portal G1

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Assim foi o primeiro dia na Terra depois do asteroide que acabou com os dinossauros

Um estudo reconstitui minuto a minuto o que se passou há 66 milhões de anos, graças a um cilindro de rocha extraído da zona do impacto

O cilindro de sedimentos foi extraído de aproximadamente 1.300 metros sob o leito marinho e estudado por segmentos.Foto: ECORD/IODP Vídeo: Reuters/Next Animation Studio

Cerca de 66 milhões de anos atrás, um milênio a mais ou a menos, um asteroide atingiu a Terra no que hoje é o Golfo do México. O choque foi de tal magnitude que a teoria dominante entre os cientistas indica que causou o desaparecimento de 75% da vida, a começar pelos dinossauros. Agora, o estudo de um cilindro de rocha extraído da cratera causada pelo impacto permitiu reconstituir minuto a minuto que se passou há tanto tempo. E foi um verdadeiro inferno.

Em 2016, a Expedição 364 à cratera Chicxulub, no noroeste da Península de Yucatán (México), perfurou a zona de impacto. Não cavaram na parte central, mas na borda externa da cratera. Extraíram um cilindro rochoso de uns 1.334 metros abaixo do fundo do mar. Segmentado em partes, seu estudo por um grande grupo de geólogos e cientistas de outros campos conta a história em capítulos tão precisos como os dos anéis de árvores ou núcleos extraídos do gelo, embora milhões de anos se tenham passado.

“É uma das vantagens com as crateras de impacto. Sua formação segue leis físicas muito bem definidas", diz o pesquisador do Centro de Astrobiologia/CSIC e coautor do estudo, Jens Olof Ormö. "Podemos reconstituir uma sequência de eventos [por exemplo, ver quais sedimentos seguem um acima do outro]. Pelo tipo de sedimento [tamanho dos clastos (fragmentos), tipo e classificação], podemos saber se o depósito foi rápido ou lento, e aproximadamente o tempo que isso levou", explica.

Em Chicxulub, o impacto do asteroide liberou uma energia equivalente à de 10 bilhões de bombas como a de Hiroshima. Volatilizou enormes quantidades de material. Estudos anteriores estimaram que liberou na atmosfera 425 gigatoneladas de CO2 e outras 325 de sulfuretos (uma gigatonenada equivale a 1 bilhão de toneladas métricas). Um penúltimo dado: o tsunami subsequente levou água do Caribe para os Grandes Lagos do norte dos Estados Unidos, a cerca de 2.500 quilômetros da zona de impacto.

Mas o que mais interessou aos geólogos foi a rapidez com que a maior parte da cratera foi preenchida com os restos do choque brutal. Estima-se que em apenas 24 horas o buraco tenha sido coberto com uma camada de cerca de 130 metros de sedimentos, que são os que eles estudaram agora. Aí está escrita a história do primeiro dia de vida na Terra após o impacto. Aí os geólogos estabelecem a divisão entre duas eras, a do mesozoico e a do cenozoico atual. E é aí que quase tudo indica que começou a extinção dos dinossauros e o surgimento dos mamíferos.

Plataforma a partir da qual a cratera Chicxulub foi perfurada.University de Texas en Austin

Segundo o estudo, publicado na PNAS, os 40-50 metros inferiores, formados por rochas fundidas e fragmentárias (lacunas) se depositaram minutos após o impacto. Uma hora mais tarde teria surgido outra camada de cerca de 10 metros, composta de suevite, rochas de vidro e outros materiais fundidos. Horas depois, outros 80 metros foram preenchidos com sedimentos mais finos. No final do dia, o refluxo da água retirada com o impacto arrastou até ali enormes quantidades de material da região e áreas muito remotas.

Entre os últimos sedimentos, os pesquisadores encontraram uma grande quantidade de material orgânico, especialmente um rastro de fungos e muito carvão vegetal. Isso deve ter vindo dos restos dos incêndios causados pelo impacto e pela queda de materiais incandescentes nas florestas de centenas de quilômetros ao redor.

"Com um asteroide de 12 quilômetros atingindo Yucatán, os efeitos locais devem ter sido catastróficos e provavelmente também em distâncias de até 1.500 quilômetros do impacto, onde o impacto térmico pode ter provocado a queima das árvores. Em distâncias maiores, o material ejetado também teria causado incêndios por atrito à medida que caía na atmosfera. Mas esses efeitos devem ter sido de curta duração e não podem explicar a extinção global de 75% da vida", diz em um e-mail, o principal coautor do estudo, o professor do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas (EUA), Sean Gulick.

Essa parte da história começou naquele dia, mas deve ter durado anos. Na rocha extraída das bordas internas da cratera Chicxulub há uma notável ausência de materiais sulfurosos. Não há vestígios de enxofre na área e o momento do impacto, embora as rochas ricas em sulfeto sejam abundantes. Esses dados reforçam a teoria de que o asteroide expeliu enormes quantidades de sulfetos na atmosfera, impedindo a radiação solar e resfriando o planeta. As simulações indicam que a temperatura média global caiu 20 graus e assim permaneceu durante uns 30 anos.

"Estamos diante de evidências empíricas da conexão entre o impacto do asteroide e a grande extinção", diz o pesquisador da UNAM (Universidade Nacional Autônoma do México) e um dos líderes do grupo de pesquisa, Jaime Urrutia, que está estudando a cratera de Chicxulub há várias décadas. Para ele, a grande contribuição deste trabalho é a resolução temporal que oferece sobre a sequência de eventos que se seguiram a um impacto ocorrido há 66 milhões de anos e que marcou o destino do planeta.

Fonte: El País