quinta-feira, 14 de julho de 2016

Asteroide matou dinossauros espalhando fuligem pela Terra

Novo estudo sugere que queda de asteroide em uma reserva de petróleo, há 66 milhões de anos, lançou imensa nuvem de fuligem pelo planeta, barrando luz solar


Sem a luz do Sol, diversas espécies foram extintas, como os dinossauros (Foto: Koji Sasahara/AP Photo/VEJA)
 
A extinção dos dinossauros, há aproximadamente 66 milhões de anos, foi causada pela queda de um grande asteroide que acertou uma reserva de petróleo no México e espalhou uma imensa nuvem de fuligem pelo globo. Segundo um novo estudo, publicado nesta quinta-feira no periódico Scientific Reports, essa explicação para os acontecimentos que sucederam a queda do asteroide solucionaria um mistério deixado pelas outras teorias – como, afinal, algumas espécies aquáticas e o grupo crocodilia, conseguiu sobreviver. Além disso, a hipótese sugere quais podem ser as prováveis consequências do acúmulo de grandes quantidades de fuligem na atmosfera.

A hipótese mais conhecida para a extinção dos dinossauros é que um imenso asteroide caiu na Península de Yucatán, no México, originando a cratera de Chicxulub. No entanto, não se sabe ao certo o que aconteceu após o impacto. Uma das teorias mais aceitas conta que a queda da gigantesca rocha causou a liberação de enxofre e de nuvens de ácido sulfúrico que cobriram o globo e se precipitaram em longas chuvas ácidas. Barrando a entrada de luz solar, as nuvens tornaram o ambiente escuro, o que impediu a fotossíntese e levou a uma abrupta diminuição da temperatura. Contudo, nesse cenário, qualquer tipo de vida teria morrido. E algumas espécies aquáticas e o grupo dos crocodilia – que hoje inclui jacarés e crocodilos, mas, na época, era formado de grandes animais – sobreviveu.

Para oferecer uma alternativa a essa teoria, o grupo de pesquisadores liderado pelo cientista Kunio Kaiho, da Universidade Tohoku, no Japão, examinou alguns hidrocarbonetos (moléculas de carbono e hidrogênio também presentes na fuligem) de sedimentos datados de 66 milhões de anos, extraídos do Haiti (perto, portanto, do impacto) e da Espanha (longe da área da queda). Assim como os fósseis são rastros dos dinossauros, esses hidrocarbonetos poderia ser vestígios da nuvem de fuligem que poderia ter extinto os animais.

Reunindo a análise das moléculas a modelos climáticos que reproduzem o cenário da época, os cientistas perceberam que a queda do asteroide, atingindo uma grande reserva de petróleo, poderia ter causado uma imensa nuvem de fuligem que, por sua vez, teria migrado para a estratosfera e bloqueado a luz de todo o planeta.

A análise também mostrou que as condições climáticas teriam sido diferentes nas regiões próximas e nas distantes da linha do Equador. Nas áreas perto dos polos, a seca e frio intenso teriam extinto todas as espécies. Mas, nos locais ao redor do Equador, a seca teria sido acompanhada por um resfriamento mais suave. Essas condições teriam matado os dinossauros que viviam sobre a superfície, pois os grandes herbívoros ficariam sem os vegetais que morreriam com a seca e os grandes carnívoros não teriam suas presas. Contudo, condições assim permitiriam a sobrevivência de animais capazes de se alimentar de espécies aquáticas, como os membros do grupo crocodilia.
Projeções

Para alguns especialistas, a análise é sofisticada o suficiente para explicar não só as condições após o impacto do asteroide como a sobrevivência de algumas espécies. Ela também pode ser vista como uma projeção, ao explicar em detalhes o que uma grande quantidade de fuligem acumulada nos céus pode causar.

“O que esse estudo mostra é que jogar muita fuligem na atmosfera pode causar uma rápida mudança climática, em alguns anos”, afirmou o cientista Stephen Brusatte, da Universidade Edinburgh, na Escócia, ao site do britânico The Guardian.

Fonte: Veja

terça-feira, 12 de julho de 2016

A verdadeira voz dos dinossauros

Segundo novo estudo, a “voz” dos dinossauros não era um rugido e devia estar mais próxima dos sons emitidos por pombas e avestruzes


'T-rex': além de ter penas, o dinossauro provavelmente emitia sons como os de algumas aves modernas (iStockphoto/Getty Images)
 
Ao contrário do que os filmes mostram, os dinossauros, mesmo os mais assustadores como o T. rex, provavelmente jamais rugiram. O mais provável é que emitissem sons como o das pombas, rolinhas ou avestruzes: um arrulho. Em um estudo publicado nesta terça-feira no periódico científico Evolution, uma equipe de cientistas americanos e canadenses levanta a possibilidade de que os sons de alguns pássaros modernos, como arrulhos ou chilros, tenham sua origem em vocalizações de seus ancestrais – os dinossauros.

“Para se ter alguma ideia de como a ‘voz’ dos dinossauros devia ser, é preciso compreender como se dá a vocalização das aves modernas. É muito diferente do que aparece no Parque dos Dinossauros”, afirmou Julia Clarke, professora da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo, em um comunicado. “Os dinossauros não apenas tinham plumas como também deviam ter pescoços grossos e faziam sons altos, com a boca fechada.”

Som com o bico fechado

Estudos recentes revelam que os dinossauros não somente tinham penas – principalmente os carnívoros – como também possuíam rituais de acasalamento muito parecidos com os das aves modernas. O objetivo dos pesquisadores era descobrir a origem dos sons que alguns pássaros emitem, principalmente, durante o período de busca de um parceiro – ruídos altos feitos com o bico fechado e produzidos na área do pescoço. O som é similar ao que fazem pombas ou avestruzes no período de acasalamento. Analisando a morfologia de diversas espécies, os pesquisadores descobriram que esses sons estavam presentes, provavelmente, em muitas espécies de dinossauro que não voavam.

“Verificar a distribuição desses sons emitidos com o bico fechado nas aves que vivem hoje nos trouxe pistas para descobrir como era a vocalização dos dinossauros”, afirmou o pesquisador Chad Eliason, da Universidade do Texas. “Nossos resultados mostram que essas vocalizações evoluíram pelo menos dezesseis vezes no Archosauria, um grupo que incluía aves, dinossauros e crocodilos. O que é interessante é que apenas animais com o corpo relativamente grande (do tamanho de uma pomba ou maior) têm esse comportamento.”

Os pesquisadores deixam claro, no entanto, que essa seria apenas uma entre as possíveis “vozes” dos dinossauros. Aos poucos, os cientistas têm descoberto que eles eram capazes de emitir diversos sons com a garganta, o pescoço e os pulmões – partes do corpo que, ao contrário dos ossos, não ficam registradas em fósseis. O som exato de um dinossauro talvez jamais possa ser desvendado; contudo, cada vez mais, a ciência traz indícios de que observar e escutar as grandes aves de hoje pode nos deixar mais próximos de decifrar esse passado.

Fonte: Veja

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Mamíferos se desenvolveram convivendo com dinossauros, aponta estudo

A teoria prevalecente de que os mamíferos só prosperaram depois que o impacto de um asteroide extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos é duplamente errônea, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (8) na revista científica britânica Proceedings of the Royal Society B.

Impacto do asteroide Chicxulub deixou uma imensa cratera no México e levou à extinção dos dinossauros não voadores

Nossos predecessores de sangue quente se desenvolveram e se espalharam ao longo de milhões de anos enquanto os tiranossauros e outros gigantes carnívoros reinavam no planeta, disseram os pesquisadores.

Além disso, esses mamíferos foram bastante prejudicados quando o asteroide se chocou com a Terra, criando um incêndio hemisférico que foi seguido por uma queda forte e prolongada da temperatura global.

“A visão tradicional é que os mamíferos foram suprimidos durante a ‘era dos dinossauros’”, disse a coautora Elis Newham, doutoranda em biologia evolutiva na Universidade de Chicago.

“No entanto, nossas conclusões foram que os mamíferos (da sub-classe) theria – os ancestrais da maioria dos mamíferos modernos – já estavam se diversificando consideravelmente antes do evento da extinção do Cretáceo-Paleógeno”, também conhecido como fronteira K-Pg, que se refere à extinção em massa dos dinossauros e de outros répteis gigantes.

Os pesquisadores reuniram dezenas de estudos que desafiavam a antiga teoria.

Mas a chave para a nova conclusão, segundo eles, estava nos dentes.

Uma análise de centenas de molares de mamíferos que viveram durante os 20 milhões de anos anteriores à fronteira K-Pg revelou uma enorme variedade de formas – um sinal indicador de dietas variadas e diversidade de espécies.

Sobrevivendo a um evento de extinção – Os cientistas ficaram surpresos ao descobrir um declínio acentuado no número de mamíferos após o choque do asteroide.

“Eu não esperava encontrar nenhum tipo de queda”, disse o autor principal do estudo, David Grossnickle, também da Universidade de Chicago.

“Isso não estava em conformidade com a visão tradicional de que, após a extinção, os mamíferos se multiplicaram”, acrescentou.

Mais uma vez, os dentes ajudaram a tecer as conclusões, desta vez revelando quais mamíferos conseguiram cruzar a fronteira K-Pg, e quais não conseguiram.

Aqueles com molares que indicam uma dieta especializada – apenas insetos ou apenas plantas, por exemplo – eram menos propensos a enfrentar o desastre do que aqueles cujos dentes indicam que eles estavam prontos para mastigar tudo o que estivesse disponível.

As conclusões podem trazer uma lição para o mundo de hoje, disse Grossnickle.

Os cientistas dizem que a Terra está passando por mais um evento de extinção em massa, impulsionado principalmente pelas mudanças climáticas – apenas o sexto no último meio bilhão de anos, afirmou o pesquisador.

“As espécies que sobreviveram 66 milhões de anos atrás, a maioria delas generalistas, podem ser um indicativo do que vai sobreviver nos próximos cem anos, ou nos próximos mil”, disse Grossnickle em um comunicado.

A extinção do Cretáceo-Paleógeno dizimou três quartos das espécies vegetais e animais na Terra, incluindo todos os dinossauros que não podiam voar.

Com exceção de alguns crocodilos e tartarugas marinhas, não há nenhuma evidência de que os tetrápodes – vertebrados de quatro membros – pesando mais de 25 quilos tenham sobrevivido.

A descoberta na década de 1990 da cratera de Chicxulub, de 180 km de largura, abrangendo a Península de Yucatán e o Golfo do México, mostrou o local onde o asteroide provavelmente se chocou.

Após o evento K-Pg, novas formas de mamíferos, como cavalos, baleias, morcegos e os primatas surgiram e se espalharam em um mundo livre de dinossauros. 

Fonte: AFP e UOL

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Nova espécie de dinossauro com quatro chifres é descoberta nos EUA

Animal, batizado de Machairoceratops cronusi , viveu há 77 milhões de anos, era herbívovo e deve ter medido entre seis e oito metros de altura e pesado entre uma e duas toneladas

Representação do Machairoceratops cronusi (Handout/Reuters)

Paleontólogos encontraram nos Estados Unidos uma nova espécie de dinossauro, com quatro chifres, que viveu há 77 milhões de anos.

A descoberta, que foi feita no parque nacional de Grand Staircase-Escalante National Monument, no estado de Utah, no oeste do país, foi revelada nesta quarta-feira (18) na revista científica americana PLOS One.

Este herbívoro, que deve ter medido entre seis e oito metros de altura e pesado entre uma e duas toneladas, foi batizado de ‘Machairoceratops cronusi’.

Os cientistas autores da publicação afirmaram que é muito pouco comum encontrar fósseis desta família de dinossauros nesta região dos Estados Unidos. Geralmente, são encontrados em estados mais ao norte, como Alasca e Montana, ou no Canadá.

Este dinossauro, do período Cretáceo (entre 145,5 milhões e 65,5 milhões de anos atrás), evoluiu em uma parte do continente norte-americano chamada Laramidia, que era então separada pelo mar do resto do que é hoje a América do Norte.

O crânio fossilizado encontrado é diferente dos de outros dinossauros da mesma família que foram encontrados no norte desta região, o que sugere que estes dinossauros viviam em duas regiões separadas e constituíram dois subgrupos que evoluíram de maneiras distintas, explicam os paleontólogos.

Os dinossauros desta família, chamados ‘Centrosaurine ceratopsids’, tinham chifres, bicos e carapaças para proteger seu pescoço.

“O Machairoceratops é único entre os Centrosaurines, porque tinha também dois grandes chifres curvos atrás da cabeça que apontavam para baixo e formavam parte da carapaça óssea protetora do seu pescoço”, afirmou em um comunicado Erik Lund, cientista da Universidade de Ohio e autor principal do trabalho sobre esta descoberta.

Fonte: AFP e UOL

sexta-feira, 6 de maio de 2016

O pássaro mais velho do mundo

Fósseis mostram que as aves tiveram origem seis milhões de anos antes do que se imaginava

O Archaeornithura meemannae pertence à família Ornithuromorpha, ou Euornithes (aves verdadeiras), incluindo o mais recente ancestral comum de todas as aves modernas

Ilustração da 'Archaeornithura meemannae', que viveu no Cretáceo Inferior. ZONGDA ZHANG

Na enorme escala do tempo geológico —referente a um planeta de 4,5 bilhões de anos— atrasar a origem das aves em seis milhões de anos pode parecer uma ninharia, mas foi justamente esse intervalo que os homens levaram para se distinguir de algo parecido com o chimpanzé, o que não é exatamente um detalhe sem importância. Dois fósseis encontrados na China acabam de revelar que os pássaros propriamente ditos são seis milhões de anos mais antigos do que se imaginava; tiveram origem no Cretáceo Inferior, a era dos grandes dinossauros carnívoros que costumam aparecer nos filmes.

Os dois fósseis definem a nova espécie Archaeornithura meemannae (ver ilustração), um curioso pássaro de pernas longas que, por enquanto, é considerado o mais velho do mundo. Pertence à família dos Ornithuromorpha, ou Euornithes (aves verdadeiras), incluindo o mais recente ancestral comum de todas as aves modernas. Ming Wang e seus colegas da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, divulgaram sua descoberta na Nature Communications.

Naquela época, no entanto, os Ornithuromorpha não eram os únicos pássaros. Compartilhavam o céu cretáceo com outra grande família, os Enantiornithes, ou “pássaros opostos”, porque sua escápula e outros ossos são invertidos em relação aos dos Ornithuromorpha e de todas as aves atuais. Também deviam ser mais agressivos, porque tinham dentes no bico e garras nas asas. Mas, curiosamente, todos desapareceram ao mesmo tempo que os dinossauros, há 66 milhões de anos.

Essa grande extinção, relacionada ao impacto de um meteorito gigantesco e uma orgia de erupções vulcânicas, marca o final do período cretáceo e a origem de um novo mundo, no qual os mamíferos começaram a dominar a terra firme. A extinção em massa não apenas varreu do mapa os dinossauros e as aves com dentes, mas também a metade de outras espécies da época, em um dos episódios geológicos mais violentos da história do planeta.

Mas a espécie descoberta, a Archaeornithura meemannae, é muito anterior a tudo isso, com origem há 131 milhões de anos, no Cretáceo Inferior. É uma época da qual restaram poucas espécies de pássaros fósseis e da qual cada descoberta lança, portanto, uma nova luz sobre as origens evolutivas das aves modernas. Todas as aves, atuais ou extintas, evoluíram a partir dos dinossauros na era anterior, o período Jurássico.

Os dois fósseis foram descobertos na bacia de Sichaku, em Hebei, nordeste da China. Seu excelente estado permite observar a plumagem quase completa e suas adaptações aerodinâmicas ao voo. Certamente era uma ave aquática de pernas longas, como indicado pelo comprimento e ausência de plumas na parte superior da pata (chamado de tibiotársico). Nessa parte, as plumas não impedem o voo, mas sim os longos passeios pelas águas rasas em busca do café da manhã.

Deviam ser mais agressivos, porque tinham dentes no bico e garras na aves. Mas, curiosamente, todos desapareceram ao mesmo tempo que os dinossauros, há 66 milhões de anos.

Fonte: El País

sábado, 30 de abril de 2016

Dinossauros já estavam desaparecendo antes da extinção em massa, sugere estudo

Enquanto alguns estariam em declínio, os saurópodes, os maiores dinossauros, estariam em ascensão
Por Marco Túlio Pires


Cientistas acreditam que os dinossauros foram extintos por causa de um grande asteroide que atingiu a Terra há 65 milhões de anos (iStockphoto/ThinkStock/VEJA)
 
Um estudo publicado nesta segunda-feira no periódico Nature Communications sugere que alguns dinossauros estavam em declínio no momento da queda do asteroide que causou a extinção em massa na Terra há 65 milhões de anos. Ao mesmo tempo, outras espécies estavam em ascensão, segundo os pesquisadores do Museu Americano de História Natural, nos Estados Unidos.

Entre os dinossauros que estavam em declínio, os pesquisadores apontam os hadrossaurídeos, dinossauros com bicos de pato, e os ceratopsídeos, o grupo dos Triceratops. Outras espécies mantinham-se estáveis, como os herbívoros de médio porte e os carnívoros. Já os saurópodes, os maiores dinossauros, quadrúpedes e de cauda e pescoços compridos, estavam em ascensão.

Os pesquisadores calcularam diferenças no esqueleto de sete grandes grupos de dinossauros, totalizando 150 espécies. Isso permitiu verificar quais grupos tinham maior diversidade e, portanto, estavam mais bem adaptados ao ambiente. Ao analisar a mudança de biodiversidade em um grupo de dinossauros através do tempo, os pesquisadores conseguiram criar uma ‘radiografia’ do bem-estar dos animais nesse período. Os grupos que tinha maior diversidade biológica poderiam, não fosse o catastrófico asteroide, dar origem a mais espécies.

O Tiranossauro faz parte do grupo de carnívoros que, de acordo com a pesquisa, manteve um nível estável de biodiversidade até a extinção em massa, há 65 milhões de anos

Mas por que alguns dinossauros prosperavam enquanto outros estavam em declínio? Uma das suposições levantadas é que os dinossauros carnívoros e os herbívoros de médio porte ocupavam locais aos quais estavam melhor adaptados. “Os saurópodes, por exemplo, pareciam estar destinados a um futuro brilhante não fosse a queda do meteorito”, diz o paleontólogo português Luiz Azevedo Rodrigues, da Agência Nacional Ciência Viva, em Portugal. Rodrigues, que não esteve envolvido na pesquisa, é um estudioso da diversidade de características dos saurópodes.

A paleontóloga Claudia Ribeiro, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, destaca que mesmo que alguns dinossauros estivessem realmente em declínio, isso não significa automaticamente que eles estavam condenados à extinção.

A questão sobre a extinção dos dinossauros permanece complexa, admitem os autores. “A diversidade biológica variou muito nos 150 milhões de anos de existência dos dinossauros”, disse Mark Norell, chefe de paleontologia do Museu Americana de História Natural e coautor do estudo. “Pequenas alterações em dois ou três intervalos de tempo podem não ser significativas no todo”.

Segundo Rodrigues, o estudo ainda deixa algumas questões abertas, como por que o impacto do meteorito causou a extinção de algumas espécies (dinossauros e outros animais terrestres) e não a de outras, como mamíferos e aves. “Contudo, aponta caminho para futuras investigações sobre os dinossauros a partir de diferenças nas características dos esqueletos desses animais.”

Opinião do especialista

Luiz Eduardo Anelli


Especialista em dinossauros brasileiros, doutor em geociências pela Universidade de São Paulo. É também autor dos livros Dinossauros do Brasil e Dinos do Brasil, da Editora Peirópolis

O resultado apresentado pelo estudo não quer dizer que as populações estavam minguando para a extinção. Quer dizer que novos grupos de dinossauros não estavam mais substituindo os grupos antigos e que algumas linhagens não estavam mais sendo criativas na exploração dos ambientes. A descoberta destes padrões evolutivos ajudará futuramente no entendimento das razões que provocaram a não sobrevivência dos grandes dinossauros no final do período Cretáceo.

Biblioteca


O livro Dinos do Brasil lista todos os dinossauros brasileiros, com fichas técnicas detalhando o significado dos nomes, onde e quando foram encontrados, a idade de cada um e o tamanho. O livro é uma versão para crianças do livro O Guia Completo dos Dinossauros Brasileiros.

Autor: ANELLI, LUIZ
Editora: PEIRÓPOLIS

Os paleontólogos examinaram isto num intervalo de tempo de cerca de 12 milhões de anos. O panorama que descreveram é a grande regra da vida: alguns grupos se mantêm constante, outros decaem e outros crescem em diversidade. Isso ocorre especialmente se tratando de áreas geográficas distintas, ao longo de uma linha de tempo.

Hoje temos o mesmo panorama com, por exemplo, os mamíferos. A diversidade é distinta nas diferentes regiões do mundo. Se então examinarmos o que ocorreu nos últimos milhões de anos, certamente vamos nos deparar com padrões similares aos vistos no estudo com dinossauros 65 milhões de anos atrás, com linhagens florescendo e outras minguando. Foi assim desde sempre

O estudo é notável porque foi realizado em um intervalo de tempo crítico na história da Terra, e com um grupo de animais que em seguida sofreu forte extinção. A determinação de padrões de diversidade ao longo do tempo não é tão simples, mas os dinossauros possibilitaram isso pela grande quantidade de estudos já realizados com eles e também pelo grande número de espécies hoje conhecidas.

No entanto, o registro fóssil quase sempre nos engana especialmente quando se trata de um tempo tão curto – e por tratar-se do exame de apenas um grupo de animais. Nestes casos, a amostragem é reduzida demais (apenas 150 espécies perto das dezenas de milhares de dinossauros que devem ter existido naqueles 12 milhões de anos) e a chance de estarmos olhando para uma miragem evolutiva, isto é, de que o padrão observado pelos autores tenha sido muito distinto do que de fato aconteceu, é muito grande. No entanto, este é um estudo pioneiro, e muitos ainda virão e poderão ou não confirmar os resultados deste estudo.

Fonte: Veja

terça-feira, 5 de abril de 2016

Cientistas dizem que um cometa, não um asteroide, causou a extinção dos dinossauros

Dupla de pesquisadores afirma que o corpo celeste que atingiu o planeta era menor e mais rápido que um asteroide

Halley (NASA/VEJA)

Há cerca de 66 milhões de anos, a Terra passava pela sua quinta grande extinção, que pôs fim ao reinado dos dinossauros. A explicação mais aceita a respeito do que causou essa extinção em massa é o impacto de um asteroide. Mas pesquisadores da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos, atribuem esse evento a outro “visitante do espaço”: um cometa.

ASTEROIDES

São corpos celestes menores que planetas formados por rochas e metais, que vagam pelo Sistema Solar desde sua formação, há 4,6 bilhões de anos.

COMETAS
São corpos celestes formados por gelo, gases congelados e poeira.

PERÍODO CRETÁCEO

Última etapa da chamada “Era dos Dinossauros” compreendida entre 145 e 65,5 milhões de anos atrás. Foi marcada, em seu final, pela extinção de todos os dinossauros não avianos.

PERÍODO TERCIÁRIO

Antigo período da era Cenozoica, que congregava as épocas Paleoceno, Eoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno. A partir de 1989, a Comissão Internacional de Estratigrafia deixou de reconhecer o período Terciário. Em seu lugar foi estabelecido o período Paleogeno (de 65 milhões a 23 milhões de anos atrás) – e, com isso, muitos geólogos passaram a adotar o termo extinção K-Pl (onde Pl representa o período Paleogeno) em substituição ao termo extinção K-T.

Asteroides são corpos celestes formados por rochas. Cometas são “bolas de neve” formadas por uma mistura de gelo, gases congelados e poeira. Quando se aproximam do Sol, os cometas se aquecem e se tornam brilhantes. A poeira e os gases formam uma cauda que pode ter milhões de quilômetros.

A teoria de que um asteroide causou a extinção dos dinossauros se originou com as descobertas do físico americano Luis Alvarez e seu filho, o geólogo Walter Alvarez, professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Em 1980, eles identificaram concentrações elevadas do elemento químico irídio na fronteira K-T, que marca a transição do período Cretáceo para o período Terciário, quando ocorreu a extinção dos dinossauros.

O irídio é um elemento raro na crosta terrestre, mas é comum em rochas espaciais, como asteroides. Para os Alvarez, isso indicava que um asteroide havia colidido com a Terra nesse período, cerca de 66 milhões de anos atrás. Essa teoria continuou em debate até 2010, quando um grupo de 41 cientistas publicou um artigo em favor da hipótese dos Alvarez.

Nova teoria – O local apontado como o ponto de colisão é a Cratera de Chicxulub, soterrada abaixo da Península do Iucatã, no México. Os pesquisadores da Faculdade de Dartmouth, Jason Moore e Mukul Sharma, apresentaram em março, na 44ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária, realizada no Texas, um trabalho em que defendem que o corpo celeste que provocou o impacto e criou Chicxulub é, na verdade, um cometa.

A dupla de Dartmouth analisou os dados publicados sobre o irídio presente na fronteira K-T, comparando-o com o ósmio, outro elemento químico presente em rochas espaciais. Eles concluíram que a quantidade de irídio acumulada era na verdade menor do que os cientistas haviam estimado. Assim, o corpo celeste que atingiu a Terra também teria que ser menor. Porém, um asteroide pequeno não seria capaz de gerar uma cratera de 180 quilômetros de largura, como a de Chicxulub.

A explicação que melhor se ajustou a um corpo celeste com energia o bastante para gerar tal cratera e que ao mesmo tempo possuísse material rochoso em menor quantidade foi a colisão com um cometa. “Nós propomos um cometa porque eles possuem uma porcentagem menor de irídio e ósmio em relação à sua massa do que asteroides. Um cometa em alta velocidade teria energia suficiente para criar uma cratera de 180 quilômetros de largura”, afirma Moore.

Fonte: Veja

quarta-feira, 16 de março de 2016

Cientistas descobrem chave para distinguir sexo dos dinossauros

Pesquisadora Mary Schweitzer estudou a partir de fóssil de Tiranossauro Rex

Pesquisadora Mary Schweitzer estudou a partir de fóssil de Tiranossauro Rex | Foto: USP / Divulgação / CP

Graças ao fóssil de uma fêmea de Tiranossauro Rex (Tyrannosaurus rex) grávida, os cientistas têm agora um parâmetro para distinguir o sexo dos terópodes - um grupo de dinossauros bípedes que inclui os maiores carnívoros que

já viveram sobre a Terra. A ciência tem grandes problemas quando se trata de distinguir entre dinossauros machos e fêmeas, pois os estudos são feitos em fósseis nos quais, em geral, não estão presentes os tecidos moles que poderiam servir como indicadores de sexo.

Um novo estudo, publicado na revista Scientific Reports, nesta quarta-feira, comprovou a existência de osso medular no fêmur fossilizado de um Tiranossauro Rex de 68 milhões de anos, encontrado em Montana, nos Estados Unidos. Nas aves, esse tipo de tecido que só está presente em fêmeas e durante o período de postura de ovos.

De acordo com os autores do artigo, a descoberta dá finalmente aos paleontólogos um fóssil de Tiranossauro Rex comprovadamente fêmea que poderá ser estudado, além de contribuir para a compreensão sobre a relação entre os dinossauros e as aves. Segundo os pesquisadores, o osso medular é quimicamente distinto dos outros tipos de tecidos ósseos e, por isso, pode ser usado como uma "assinatura química" para definir se o animal é fêmea. Os dinossauros, como as aves, põem ovos para reproduzir e por isso os cientistas levantaram a hipótese de que as fêmeas desses répteis poderiam possuir também o osso medular.

Em 2005, a autora principal do novo estudo, Mary Schweitzer, da Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos), encontrou o que imaginou ser osso medular no fêmur do Tiranossauro Rex. "Todas as evidências que tínhamos naquela época apontavam que esse tecido era osso medular. Mas há algumas doenças ósseas que podem ocorrer em aves, como a osteoporose, que podem tornar a aparência de seus ossos semelhante à do osso medular sob o microscópio. Assim, para ter certeza, precisamos fazer análises químicas do tecido", explicou Mary.


O osso medular contém sulfato de queratano, uma substância que não está presente em nenhum outro tipo de osso - por isso seria em tese fácil identificá-lo. Mas os cientistas pensavam que nenhum traço químico original de um osso de dinossauro poderia sobreviver tantos milhões de anos. 

Mesmo assim, Mary e sua equipe realizaram uma série de testes diferentes nas amostras do fóssil, incluindo a procura de sulfato de queratano com o uso de anticorpos monocloanais. Os resultados foram comparados aos dos mesmos testes realizados em tecidos que eram comprovadamente ossos medulares, extraídos de avestruzes e galinhas. Os estudos confirmaram então que o tecido encontrado no tiranossauro era mesmo osso medular. "Essa análise nos permite determinar o gênero desse fóssil e nos abre uma porta para a evolução da postura de ovos nas aves modernas", disse Mary. Ela acrescenta, no entanto, que, pela natureza efêmera do osso medular, será difícil encontrar mais desse tecido em outros fósseis.

O fêmur do Tiranossauro Rex já estava quebrado quando Mary o encontrou. A pesquisadora afirma que a maior parte dos paleontólogos não iria querer cortar ou desmineralizar seus fósseis para procurar um raro e improvável osso medular. No entanto, outra das autoras do artigo, Lindsay Zanno, também da Universidade da Carolina do Norte, mostrou que tomografias computadorizadas dos fósseis podem ajudar a focar a busca. "Não sabemos praticamente nada sobre os traços ligados ao sexo em dinossauros extintos. Os dinossauros não eram tímidos em relação à sinalização sexual, com todos aqueles chifres, cristas e babados. Ainda assim, até agora não tínhamos um parâmetro confiável para diferenciar machos e fêmeas", disse Lindsay. "O simples fatos de podermos identificar um dinossauro definitivamente como fêmea abre todo um novo mundo de possibilidades. Agora que podemos demonstrar que as fêmeas grávidas de dinossauros têm uma assinatura química, precisamos de um esforço científico para encontrar mais delas."

Fonte: Correio do Povo