Segundo novo estudo, a “voz” dos dinossauros não era um rugido e devia estar mais próxima dos sons emitidos por pombas e avestruzes
'T-rex': além de ter penas, o dinossauro provavelmente emitia sons como os de algumas aves modernas (iStockphoto/Getty Images) |
Ao contrário do que os filmes mostram, os dinossauros, mesmo os mais assustadores como o T. rex, provavelmente jamais rugiram. O mais provável é que emitissem sons como o das pombas, rolinhas ou avestruzes: um arrulho. Em um estudo publicado nesta terça-feira no periódico científico Evolution, uma equipe de cientistas americanos e canadenses levanta a possibilidade de que os sons de alguns pássaros modernos, como arrulhos ou chilros, tenham sua origem em vocalizações de seus ancestrais – os dinossauros.
“Para se ter alguma ideia de como a ‘voz’ dos dinossauros devia ser, é preciso compreender como se dá a vocalização das aves modernas. É muito diferente do que aparece no Parque dos Dinossauros”, afirmou Julia Clarke, professora da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo, em um comunicado. “Os dinossauros não apenas tinham plumas como também deviam ter pescoços grossos e faziam sons altos, com a boca fechada.”
Som com o bico fechado
Estudos recentes revelam que os dinossauros não somente tinham penas – principalmente os carnívoros – como também possuíam rituais de acasalamento muito parecidos com os das aves modernas. O objetivo dos pesquisadores era descobrir a origem dos sons que alguns pássaros emitem, principalmente, durante o período de busca de um parceiro – ruídos altos feitos com o bico fechado e produzidos na área do pescoço. O som é similar ao que fazem pombas ou avestruzes no período de acasalamento. Analisando a morfologia de diversas espécies, os pesquisadores descobriram que esses sons estavam presentes, provavelmente, em muitas espécies de dinossauro que não voavam.
“Verificar a distribuição desses sons emitidos com o bico fechado nas aves que vivem hoje nos trouxe pistas para descobrir como era a vocalização dos dinossauros”, afirmou o pesquisador Chad Eliason, da Universidade do Texas. “Nossos resultados mostram que essas vocalizações evoluíram pelo menos dezesseis vezes no Archosauria, um grupo que incluía aves, dinossauros e crocodilos. O que é interessante é que apenas animais com o corpo relativamente grande (do tamanho de uma pomba ou maior) têm esse comportamento.”
Os pesquisadores deixam claro, no entanto, que essa seria apenas uma entre as possíveis “vozes” dos dinossauros. Aos poucos, os cientistas têm descoberto que eles eram capazes de emitir diversos sons com a garganta, o pescoço e os pulmões – partes do corpo que, ao contrário dos ossos, não ficam registradas em fósseis. O som exato de um dinossauro talvez jamais possa ser desvendado; contudo, cada vez mais, a ciência traz indícios de que observar e escutar as grandes aves de hoje pode nos deixar mais próximos de decifrar esse passado.
Fonte: Veja
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