De acordo com a mitologia Greco-romana, as tartarugas que hoje conhecemos vieram ao mundo como uma forma de castigo à Quelone, uma ninfa miseravelmente preguiçosa. Acompanhe abaixo a história.
Figura 1. Jovem de tartaruga cabeçuda (Caretta caretta). Fotografia de Daniel Passos |
Era casamento de Júpiter, o rei do universo, e Juno, a rainha dos céus. Todos haviam sido convidados para a grande festa no Olimpo. Na entrada do palácio, era feita a conferência dos convidados, com identificação de cada um dos que chegavam. Quando avisado da ausência de Quelone, Mercúrio, o deus dos pés ligeiros, apressou as sandálias aladas e foi ao encontro da ninfa, temendo que, se Juno descobrisse sua ausência, matasse-a. Quelone não sentia vontade de fazer nada e, embora houvesse cogitado algumas vezes ir ao casamento, desistiu todas elas ao se lembrar da trabalheira que daria se arrumar de maneira adequada e se deslocar até o Olimpo. Quando Mercúrio a encontrou, Quelone estava descansando. A ninfa deu algumas desculpas, até que, convencida, resolveu acompanhar Mercúrio. No entanto, Quelone insistia em atrasar a chegada dos dois. Temendo a reação de Juno caso notasse a sua ausência, Mercúrio resolveu ir à frente. Sozinha, Quelone sentou na estrada do arco-íris e adormeceu. Somente no dia seguinte, quando os convidados voltavam das bodas, Quelone se deu conta de que não havia conseguido ir à festa. Levantou-se assustada. Ensaiou algumas desculpas, mas resolveu voltar pra casa. Quando chegou, Mercúrio já a esperava. Sem paciência para explicações, o deus pegou a ninfa pelos pés e a jogou dentro de um lago e, em seguida, lançou também sua casa. Foi o castigo de Quelone. Agora, a ninfa tinha quatro patas e seu rosto havia ficado enrugado. Sua casa se transformou em uma carapaça, que era carregada em suas costas. E Quelone nunca havia sido tão lenta quanto agora! Havia sido transformada em uma tartaruga.
Figura 2. Trachemys sp. Fotografia de Daniel Passos |
Figura 3. Jabuti. Fotografia de Luan Pinheiro |
E assim a mitologia Greco-romana nos conta a história de Quelone, a ninfa preguiçosa que foi transformada em tartaruga. Como sabemos, o grupo dos quelônios abriga não somente as tartarugas (Figura 1), mas também os cágados e os jabutis (Figuras 2 e 3, respectivamente) (Leia mais em: Existe diferença entre tartaruga, cágado e jabuti?), que, como narra a mitologia, são largamente conhecidos pelo seu lento modo de locomoção. No entanto, embora sejam mais lentos que muitos outros animais (há registros de cágados movimentando-se a 0,27km/h), nem sempre os quelônios imprimem velocidades de deslocamento tão baixas. Para as tartarugas, por exemplo, há relatos de deslocamentos em velocidade de até 35km/h.
Por: Laís Feitosa Machado, colaboradora do Projeto NUROF-UFC nas Nuvens
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FRANCHINI, A.S.; SEGANFREDO, C. 2012. As melhores histórias da mitologia – Deuses, heróis, monstros e guerras da tradição Greco-romana. Volume 1. Porto Alegre: L&PM POCKET, 320p. McFARLAN, D. 1991. Guinness Book of Records 1992. New York: Facts on File, 320p.
POUGH, H. F.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. 2008. A vida dos vertebrados. 4ª ed. São Paulo: Atheneu, 684p.
REES, A.F.; JONY, M.; MARGARITOULIS, D.; GODLEY, B.J. 2008. Satellite tracking of a Green Turtle, Chelonia mydas, from Syria further highlights importance of North Africa for Mediterranean turtles. Zoology in the Middle East, p.49-54.
Fonte: http://blogdonurof.wordpress.com/2013/09/07/a-origem-mitologica-das-tartarugas-a-ninfa-quelone/
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