quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Asteroide que extinguiu dinossauros trouxe dois anos de escuridão

Estudo detalha as mudanças climáticas decorrentes do impacto do meteorito que atingiu a Terra há cerca de 66 milhões de anos


Há 66 milhões de anos, o impacto de um asteroide de cerca de dez metros de diâmetro impediu a fotossíntese e a sobrevivência de grande parte dos seres vivos. (Divulgação/iStock)

As cinzas e fuligem dos gigantescos incêndios provocados pelo asteroide que atingiu a Terra há cerca de 66 milhões de anos deixou o planeta na escuridão por quase dois anos, afirma um novo estudo publicado na última segunda-feira. O impacto, que extinguiu os dinossauros, mudou drasticamente as condições climáticas na superfície terrestre, impedindo a fotossíntese e a sobrevivência de grande parte dos seres vivos, afirmaram os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa do Clima dos Estados Unidos (NCAR), que contaram com o apoio da Nasa e da Universidade do Colorado em Boulder, para a pesquisa. A análise foi publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

“A extinção da maior parte dos grandes animais terrestres pode ter ocorrido logo após o impacto, mas os animais que viviam nos oceanos, que podiam se esconder em tocas subterrâneas ou, temporariamente, no fundo das águas, sobreviveram. Nosso estudo olha para a história após os efeitos iniciais – depois dos terremotos, tsunamis e aquecimento. Queríamos verificar os efeitos de longo prazo gerados pela grande quantidade de fuligem criada e quais as consequências para os animais que sobreviveram”, explica Charles Bardeen, do NCAR, e um dos autores do estudo, em comunicado.

Asteroide que extinguiu os dinossauros

A hipótese mais conhecida para a extinção dos dinossauros é que um imenso asteroide caiu na Península de Yucatán, no México, originando a cratera de Chicxulub. No entanto, não se sabe ao certo o que aconteceu após o impacto. Uma das teorias mais aceitas conta que a queda da gigantesca rocha causou a liberação de enxofre e de nuvens de ácido sulfúrico que cobriram o globo e se precipitaram em longas chuvas ácidas. Barrando a entrada de luz solar, as nuvens tornaram o ambiente escuro, o que impediu a fotossíntese e levou a uma abrupta diminuição da temperatura. Contudo, os detalhes de como se deu esse processo ainda são misteriosos.

De acordo com o novo estudo, o choque do asteroide de cerca de dez quilômetros de diâmetro provocou grandes chamas e “enormes quantidades de cinzas”, que teriam obscurecido a luz solar por quase dois anos. Por um ano e meio, a fotossíntese foi interrompida e o planeta sofreu um violento resfriamento, fatores que contribuíram para a extinção dos dinossauros.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas usaram um modelo computadorizado para simular como seria a Terra no final do Cretáceo, o que ajudaria a compreender a razão por que algumas espécies desapareceram e outras se adaptaram e sobreviveram. Mais de três quartos das espécies que viviam na Terra, incluindo todas as de dinossauros não voadores, foram extintas nessa época e há evidências que essa extinção em massa estaria ligada ao asteroide que atingiu o planeta.

A colisão, de acordo com os cientistas, desencadeou terremotos, tsunamis e erupções vulcânicas, e a força do impacto teria lançado rochas vaporizadas muito acima da superfície terrestre, onde teriam se condensado em pequenas partículas. Ao caírem novamente na Terra, esses fragmentos teriam se aquecido pela fricção até temperaturas suficientemente altas para provocar incêndios e aquecer a superfície. A simulação aponta também que as cinzas aquecidas pelo Sol subiram para a atmosfera até formarem uma barreira que bloqueou a luz solar que chegava à Terra.

“No início teria sido tão escuro como uma noite enluarada”, explicou Owen Toon, da Universidade de Colorado em Boulder, também autor do estudo, em comunicado.

Fonte: Veja

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Conheça o mais novo dinossauro ‘blindado’

Segundo pesquisadores, o 'Borealopelta markmitchelli', que viveu há 110 milhões de anos, no Canadá era o equivalente a um ‘tanque de guerra’


O novo dinossauro possuía uma pele completamente encouraçada.
(Royal Tyrell Museum of Palaeontoloy/Reprodução)

Um novo estudo revela que um fóssil encontrado no Canadá em 2011 é de uma nova espécie e gênero de dinossauro “blindado”. Batizado de Borealopelta markmitchelli, o animal que viveu há 110 milhões de anos possuía uma pele completamente encouraçada.

“Entre os dinossauros, era o equivalente a um tanque de guerra”, disse um dos autores do estudo, Caleb Brown, do Museu Royal Tyrrell, em Alberta, no Canadá. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira na revista científica Current Biology.

Dinossauro “blindado”

A análise feita pelos cientistas mostrou que o Borealopelta tinha 5,5 metros de comprimento e pesava mais de 1,3 tonelada. Ele pertencia à família dos nodossauros, grandes quadrúpedes herbívoros blindados que viveram no período Cretáceo (de 145 milhões a 65 milhões de anos atrás).

Todas as conclusões se basearam na análise da pele do animal. Segundo Brown, o extraordinário estado de conservação dos fósseis chamou a atenção dos pesquisadores.


Ilustração do dinossauro ‘Borealopelta markmitchelli’, que viveu há 110 milhões de anos
(Royal Tyrell Museum of Palaeontoloy/Reprodução)

“Esse nodossauro é realmente notável, por ser completamente recoberto por uma pele de grossas escamas preservadas, ainda preservadas tridimensionalmente, o que manteve o formato original do animal”, disse o cientista. “A aparência do animal é a mesma agora e no início do Cretáceo. Nem é preciso muita imaginação para reconstruí-lo. Se você olhar de relance, parece até que ele está dormindo. Ele entrará para a história da ciência como um dos mais belos e bem preservados espécimes de dinossauros.”

O estudo também mostrou que, além da blindagem, o Borealopelta exibia “contrassombra”, um tipo comum de camuflagem no qual o animal tem a parte inferior mais clara que a superior.

Segundo Brown, o fato de combinar a blindagem à camuflagem sugere que esses nodossauros sofriam grande pressão de predadores carnívoros. “A forte predação sobre um dinossauro robusto e pesadamente blindado ilustra bem como deviam ser perigosos os predadores de dinossauros do Cretáceo”, afirmou.

Descoberta por acidente

O espécime foi encontrado por acidente no dia 21 de março de 2011 por Shawn Funk, operador de uma máquina de uma mineradora localizada em Alberta. Ele notou que havia algo incomum em algumas formações rochosas do local. O Museu Royal Tyrrell foi notificado e enviou ao local uma equipe que incluía o curador de dinossauros Donald Henderson. Eles logo perceberam que as estranhas rochas continham um dinossauro blindado.

“Encontrar os restos de um dinossauro blindado que foi levado pelas águas para longe do mar já foi uma grande surpresa. O fato de estar tão bem preservado foi uma surpresa ainda maior”, disse Henderson.

Nos cinco anos e meio após a chegada do fóssil ao museu, o técnico Mark Mitchell passou mais de 7.000 horas removendo minuciosamente a rocha ao redor do espécime, para revelar seu excepcional estado de conservação. O nome da espécie do animal foi uma homenagem a Mitchell.

“Ele entrará para a história da ciência como um dos mais bem preservados espécimes de dinossauros”, disse Caleb Brown.
(Royal Tyrell Museum of Palaeontoloy, Drumheller, Canadá/Divulgação)

Fonte: Veja

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Ciclista acha fóssil de dinossauro de 20 metros no interior de SP

Dois ossos articulados foram encontrados em Monte Alto. A descoberta leva a novos estudos sobre a presença desses animais na região de Ribeirão Preto


Fóssil no campo de escavação. Os restos pertenciam a um titanossauro, dinossauro que habitou a região há 90 milhões de anos
(Prefeitura de Monte Alto/Divulgação)

Um ciclista que fazia uma trilha na zona rural de Monte Alto (SP) encontrou, na última semana, dois ossos articulados de um dinossauro com até 20 metros de altura, pertencente a uma espécie que habitou a região há 90 milhões de anos. Cada um dos fósseis teria 90 centímetros de comprimento e 60 centímetros de largura. O episódio pode levar a novas descobertas sobre a presença de dinossauros no interior paulista, e servirá de base para estudos sobre a vida dessas espécies naquela época. O material indica que o animal viveu na região que hoje corresponde ao município, localizado na região de Ribeirão Preto (SP).

Os fósseis foram levados para o Museu de Paleontologia de Monte Alto e vão se juntar a outros, também de animais pré-históricos que habitaram a região. Os restos pertenceriam a um titanossauro, uma espécie de lagarto gigante que se alimentava de vegetais. “São aqueles dinossauros ‘pescoçudos’ que costumam ilustrar a era pré-histórica”, explica a paleontóloga Sandra Tavares, diretora do Museu de Monte Alto.

Ela contou que os fósseis estavam em uma área usada por pessoas que fazem trilha de bicicleta e moto, sendo preciso uma operação de emergência para retirar o material. “Mas agora ele já está em lugar seguro e temos algumas informações, sendo possível saber, por exemplo, que se trata de um animal da família dos titanossauros, ou seja, um herbívoro”, falou a paleontóloga.

De acordo com ela, as análises vão prosseguir, ao mesmo tempo em que será marcada uma grande escavação na área da descoberta para localizar outras partes do animal. “Mas isso deve ficar para 2018, porque o museu está em reforma. Vamos esperar o fim dos trabalhos, até mesmo para ter um local adequado para colocar os materiais que forem achados”, disse Sandra.

Os fósseis estavam cravados em uma rocha e foram encontrados por André Giancherini, que acionou a equipe do museu. Ele contou à reportagem que pedalava ao lado de um amigo quando viu uma rocha branca, muito diferente das pedras da região. “Aqui elas são meio avermelhadas, mas esta era bem branquinha”, lembra.

Ao parar a bicicleta e limpar um pouco a rocha, ele diz ter notado que aquilo era um osso. “Estava perto de um barranco, foi uma grande surpresa”, falou. Seu interesse pelo assunto facilitou para que identificasse como sendo fósseis. Depois, ele ajudou os funcionários do museu a retirar e transportar o material.

Outros

Segundo a diretora do Museu de Paleontologia de Monte Alto, já está provado que animais pré-históricos habitaram a região. O acervo do museu reúne mais de 1.300 exemplares de fósseis, entre outros, de dinossauros, moluscos, tartarugas e crocodilos, todos do período cretáceo e recolhidos na região e em áreas distantes, como a Chapada do Araripe, no Ceará.

Da região, entre os ossos mais recentes constam crânios de crocodilos que também viveram há milhões de anos. Após serem analisados e catalogados, esses bichos acabam recebendo nomes em alusão ao descobridor e à origem.

Exemplo é o Montealtosuchus arrudacamposi que, como o próprio nome diz, homenageia a cidade da descoberta – Monte Alto –, e quem o identificou, nesse caso o paleontólogo Antonio Celso de Arruda Campos, o “Professor Toninho”, falecido em 2015.

Fonte: Veja

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Fóssil de 1,2 milhão de anos é descoberto por criança nos EUA

Crânio de um estegomastodonte, ancestral do elefante, foi encontrado por acaso durante caminhada em um deseto perto de Las Cruces, no Novo México


Jude Sparks com a mandíbula de um estegomastodonte, similar ao elefante moderno, que ele descobriu enquanto caminhava com a família em Las Cruces, no Novo México.
(Peter Houde/Universidade Estadual do Novo México/Divulgação)

Por acaso, um garoto de nove anos encontrou raros fósseis de um estegomastodonte, animal que habitou a região do Novo México, nos Estados Unidos, há 1,2 milhão de anos. Jude Sparks estava passeando com a família no deserto próximo à cidade de Las Cruces, quando tropeçou no que parecia uma enorme rocha e caiu. Ao se levantar, percebeu que as pedras se pareciam a grandes dentes de um animal pré-histórico, junto com uma presa. A família fez fotos das estranhas rochas e entrou em contato com o biólogo Peter Houde, professor da Universidade Estadual do Novo México.

“Esse pode ser o segundo crânio completo do animal encontrado no Novo México”, disse Houde, em comunicado. “Um estegomastodonte pareceria, para qualquer um de nós, com um elefante. Entre os diversos tipos que habitaram essa área, este era possivelmente um dos mais comuns. Mas, ainda assim, é muito raro.”

Fósseis encontrados por acaso

Os fósseis, que correspondiam à mandíbula e uma das duas presas (como os marfins dos elefantes), foram levados ao Museu de Vertebrados da universidade, para serem estudados. Em maio, a família, junto com uma equipe de cientistas, foi até o local do achado para desenterrar o crânio. Segundo os especialistas, a mandíbula tem 55 quilos e o crânio deve pesar em torno de uma tonelada. Os estegomastodontes, ancestrais dos elefantes modernos,  podiam ter até três metros de altura e pesar seis toneladas.  A espécie migrou para América do Norte cerca de 15 milhões de anos atrás, sendo extinta há 10.000 anos.

Peter Houde, professor da Universidade Estadual do Novo México, com a presa e mandíbula do estegomastodonte encontrado.
(Andres Leighton/Universidade Estadual do Novo México/Divulgação)

O processo de pesquisa e reconstrução do crânio deve levar alguns anos até ser concluído. Houde espera que, em breve, o fóssil possa ser exposto ao público. “Tenho esperanças de que a descoberta acabe em uma exposição e o garoto possa mostrá-lo a seus amigos ou mesmo a seus filhos, dizendo ‘veja o que achei bem aqui em Las Cruces!’’’, disse.

Outras descobertas

Não é a primeira vez que um fóssil de estegomastodonte é encontrado por acaso no Novo México. Em 2014, um grupo que participava de uma despedida de solteiro tropeçou no esqueleto do animal enquanto passeava por um parque. O noivo e seus amigos enviaram fotos do achado para o Museu de História Natural e Ciência do Novo México e descobriram que os vestígios correspondiam a um esqueleto de um estegomastodonte de cerca de 3 milhões de anos.

Fonte: Veja

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Razana, o crocodilo gigante que tinha dentes de ‘T. rex’

Parente dos répteis atuais, a criatura habitava a região de Madagascar há 170 milhões de anos e estava no topo da cadeia alimentar terrestre

Representação paleoartística de um 'Razanandrongobe sakalavae' devorando um saurópode no Jurássico Médio
(Fabio Manucci/Divulgação)

Uma enorme criatura semelhante a um crocodilo com dentes de Tiranossauro rex já ocupou o topo da cadeia alimentar terrestre em Madagascar há 170 milhões de anos, revelou um estudo publicado nesta terça-feira no periódico PeerJ. Segundo os cientistas, a espécie, descoberta originalmente em 2006, seria o maior e mais antigo animal do grupo Notosuchia – que agrupa vários crocodilomorfos (répteis semelhantes a crocodilos) do período Jurássico Médio. Apelidado de Razana, seu nome científico, Razanandrongobe sakalavae, significa “ancestral de lagarto gigante da região de Sakalava”.

Os resultados descritos são mais uma peça para compreender a evolução dos répteis, especialmente em regiões como a América do Sul, África e Ásia, onde os Notosuchia viviam. Baseando-se na análise de restos cranianos de animal descobertos recentemente, os cientistas puderam ter uma ideia mais detalhada do corpo desses animais, documentando um dos primeiros eventos de aumento exacerbado de tamanho na história evolutiva do grupo.

“Sua posição geográfica durante o período em que Madagascar se separou de outras massas terrestres é fortemente sugestiva de uma linhagem endêmica”, observa um dos autores do estudo, o paleontólogo Simone Maganuco, do Museu de História Natural de Milão, na Itália, em comunicado. “Ao mesmo tempo, representa um sinal adicional de que os Notosuchia se originaram no sul de Gondwana (supercontinente que deu origem aos continentes do hemisfério Sul).”

Dentes de Tiranossauro

Os ossos maxilares profundos e maciços, armados com enormes dentes serrilhados de tamanho e forma semelhantes aos de um T. rex, sugerem que esses animais, assim como o famoso dinossauro, também se alimentavam de ossos, tendões e outros tecidos duros. Ou seja, eram ferozes predadores. O Razana podia ter até 1 tonelada e 23 metros de comprimento.

Segundo os cientistas, a combinação de características anatômicas situa o Razana bem no início da árvore evolutiva dos Notosuchia jurássicos, próximo aos baurusuchídeos e sebecia, ambos predadores terrestres sul-americanos.

“Como esses e outros crocodilianos gigantes do Cretáceo, [Razana] poderia superar mesmo os dinossauros de terópodes, no topo da cadeia alimentar”, diz o também paleontólogo do Museu de História Natural de Milão, Cristiano dal Sasso, coautor da pesquisa.

Reconstrução de como seria a cabeça do ‘Razanandrongobe sakalavae’.
(Fabio Manucci/Divulgação)

Fonte: Veja

terça-feira, 20 de junho de 2017

‘Apocalipse’ vulcânico levou à era dos dinossauros, sugere estudo

Intensa atividade vulcânica pode ter sido a razão de extinção em massa há 200 milhões de anos, que abriu caminho para o desenvolvimento dos dinossauros


Ao entrar em erupção, vulcões emitem nuvens de gás que contêm mercúrio e bloqueiam a luz solar.
(José Jacome/EFE/VEJA)

Há 200 milhões de anos, vulcões em erupção espalharam grandes quantidades de mercúrio e dióxido de carbono na atmosfera, bloqueando a luz solar e levando a uma extinção em massa, sugere um novo estudo. Poucos seres sobreviveram ao “apocalipse”, que durou por volta de um milhão de anos, entre eles alguns ancestrais dos dinossauros, que ocuparam os espaços vazios deixados por outros animais. Segundo a pesquisa, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) nesta terça-feira, o episódio ajuda a compreender a evolução de nosso planeta e como as mudanças climáticas nos atingem.

“Nossos resultados reforçam a ligação entre a extinção em massa do Triássico (período entre 250 e 200 milhões de anos atrás) e as emissões vulcânicas de CO2. Isso nos ajuda a compreender não só esse evento, mas também outros períodos de mudanças climáticas na história da Terra”, afirmou Lawrence Percival, pesquisador da Universidade Oxford, na Inglaterra, e um dos autores do estudo, em comunicado.

Extinção em massa

Pesquisas anteriores haviam mostrado que havia uma intensa atividade vulcânica no fim do Triássico, mas o impacto e extensão desses eventos eram desconhecidos. Para descobrir qual se havia alguma relação entre essa atividade e a extinção em massa do período, cientistas das universidades Oxford, de Exeter e de Southampton, na Inglaterra, analisaram o mercúrio contido em seis depósitos de rochas vulcânicas, que são vestígios de antigos continentes (que compunham partes da Inglaterra, Áustria, Argentina, Groenlândia, Canadá e Marrocos).

Ao entrar em erupção, os vulcões emitem nuvens de gás que contêm a substância — ela se espalha pela atmosfera antes de se precipitar sobre a superfície e se depositar nas rochas. Os pesquisadores perceberam um aumento significativo do composto nas rochas, com picos de mercúrio que coincidiam com a extinção em massa, o que indica uma intensa atividade vulcânica.

Segundo os cientistas, ancestrais de animais como crocodilos, mamíferos semelhantes a répteis e os primeiros anfíbios não puderam suportar as mudanças ambientais, extinguindo-se. Os pesquisadores afirmam que qualquer ser vivo sobre a Terra teria sido afetado, pois as erupções bloqueiam os raios solares e provocam acúmulo de carbono na atmosfera. Contudo, os primeiros dinossauros conseguiram se adaptar às transformações, espalharam-se pela superfície e deram origem ao período conhecido como a era dos dinossauros.

“Os dinossauros conseguiram explorar os nichos ecológicos que ficaram livres pela extinção”, explicou Percival.

Evolução do planeta
De acordo com os cientistas, a análise do mercúrio em rochas antigas pode revelar como eram outros períodos da história da Terra. “É uma nova e poderosa ferramenta que vai nos permitir entender mais sobre a evolução de nosso planeta e como se tornou o que é hoje”, escrevem os autores no estudo.

Fonte: Veja

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Cientistas descobrem nova espécie de ‘mamífero-réptil’ brasileiro

Fósseis encontrados no Rio Grande do Sul têm características do gênero Aleodon, répteis com características de mamífero que só haviam sido achados na África


Reconstrução artística do 'Aleodon cromptoni', animal do período triássico descoberta por cientistas brasileiros.
(Voltaire Paes Neto/Divulgação)

Uma equipe de cientistas brasileiros identificou no Rio Grande do Sul os primeiros fósseis de Aleodon, um gênero de “mamífero-réptil” que só havia sido achado na África. De acordo com o estudo, publicado nesta quarta-feira na revista científica Plos One, os fósseis, que datam do Triássico (período entre 250 e 200 milhões de anos atrás), pertencem a uma nova espécie e a outras sete espécies já identificadas que conviveram com os precursores dos dinossauros e com outros animais que, eventualmente, deram origem aos mamíferos.

Os fósseis foram encontrados no município de Vale Verde e, há quarenta anos, os cientistas acreditavam que eles pertencessem ao gênero Chiniquodon, outro grupo de “mamífero-réptil” (répteis que exibem características similares aos mamíferos) que habitou a América do Sul. Contudo, a equipe dirigida pelo paleontólogo Augustín Martinelli resolveu reexaminar crânios, mandíbulas e dentes dessas criaturas carnívoras e compará-las aos Aleodon africanos. Verificando a morfologia e outras características dos animais, que têm o tamanho aproximado de uma onça, os pesquisadores perceberam que os fósseis eram mais parecidos com os exemplares africanos e propuseram a reclassificação.

Nova espécie

A análise mais profunda revelou uma nova espécie do grupo Aleodon, que os cientistas batizaram de A. cromptoni, em homenagem a Alfred Crompton, o primeiro cientista a descrever os Aleodon. Os pesquisadores também reclassificaram sete outras espécies que, acreditava-se, faziam parte dos Chiniquodon.

(Voltaire Paes Neto/Divulgação)

Segundo os pesquisadores, a descoberta mostra que havia uma grande diversidade de animais na origem dos mamíferos e que algumas regiões da África, como Namímbia e Tanzânia, onde os primeiros Aleodon foram identificados, tinham uma fauna muito parecida com a do Sul do Brasil.

Fonte: Veja

sexta-feira, 12 de maio de 2017

‘Bebê dinossauro’ chinês é uma nova espécie, afirmam cientistas

O fóssil de 38 centímetros, encontrado há quase 15 anos, é o embrião de um dinossauro gigante que pesava até uma tonelada


Ilustração de como seria Baby Louie dentro de sua casca. O dinossauro gigante é parente das aves e tem o corpo cheio de penas (Foto/Divulgação)

Um fóssil de 38 centímetros descoberto na China, em 1993, é o embrião de uma espécie até agora desconhecida de dinossauro gigante, descobriram cientistas. Batizado de Baby Louie, o ovo fossilizado foi descrito em um estudo publicado na revista Nature Communications nesta terça-feira. Ele tem entre 89 milhões e 100 milhões de anos e foi o primeiro já encontrado em um ninho de dinossauros. A espécie à qual pertence, que podia chegar a até 12 toneladas, foi batizada de Beibeilong sinensis – que significa “bebê dragão chinês”.

Até agora, pesquisadores não haviam descrito a espécie cientificamente. O animal era um oviraptossauro, que pertence a um grupo de dinossauros gigantes, parente das aves. De acordo com os autores da publicação, há grande abundância de ovos de dinossauros fossilizados do período Cretáceo na província de Henan, onde foi feita a descoberta. “Por muito tempo, a espécie de dinossauro naquele ovo foi um mistério. Como ovos de grandes terópodes, como o tiranossauro, também são encontrados nas rochas de Henan, alguns especialistas pensavam que se tratava de um de tiranossauro”, disse uma das autoras da pesquisa, Darla Zelenitsky, da Universidade de Calgary.

O enorme ninho – de cerca de 2 metros de diâmetro – onde foi encontrado o Baby Louie tinha alguns dos maiores ovos de dinossauros já localizados. Mais de 20 ovos foram descobertos no local, mas os demais não tinham fósseis em seu interior.

“Graças a esse fóssil, agora sabemos que aqueles ovos pertenciam a gigantescos oviraptossauros. Devia ser uma visão marcante um animal de mais de uma tonelada sentado sobre aqueles ninhos chocando esses ovos”, afirmou a cientista.

Comércio de fósseis

A abundância de ovos de dinossauros na região de Henan levou um intenso comércio entre colecionadores, e inúmeras peças foram exportadas – incluindo o Baby Louie, que foi repatriado recentemente, depois de uma longa temporada nos Estados Unidos. Durante o “exílio”, o Baby Louie foi bem tratado, de acordo com os cientistas chineses.

“Fósseis nessa situação costumam ser danificados, a informação sobre sua localização original se perde, ou eles acabam desaparecendo nas mãos de colecionadores particulares”, disse Zelenitsky. Porém, durante todo o tempo, os cientistas chineses sabiam onde ele estava. Entre 1993 e 2001, o fóssil permaneceu na empresa The Stone Company, na cidade de Boulder, no Estado americano do Colorado. Dirigida pelo pesquisador especializado em tratamento de fósseis Charlie Magovern, a empresa comercializa fósseis e espécimes relacionados a história natural.

A partir de 2001, o ovo, cuidadosamente preparado por Magovern, ficou em exposição no Museu das Crianças em Indianápolis, no Estado de Indiana, também nos Estados Unidos. Em 2013, finalmente foi repatriado para o Museu Geológico Henan, na China, e pode ser estudado pelos cientistas.

Fonte: Veja