sexta-feira, 24 de março de 2017

Cientistas identificam possível origem dos dinossauros - e eles podem ser britânicos

Pallab Ghosh
Repórter de ciência da BBC

Os dinossauros mais salvagens e carnívoros, como o tiranossauro, foram reclassificados

Os primeiros dinossauros podem ter se originado no hemisfério norte, possivelmente em uma área que agora faz parte do Reino Unido.

Essa é uma das conclusões da primeira reavaliação detalhada da "árvore genealógica" dos dinossauros feita em 130 anos.

Ela mostra que a teoria corrente sobre como os dinossauros evoluíram e onde teriam aparecido pela primeira vez pode estar errada.

A reavaliação foi publicada na edição desta semana da revista científica Nature.

A nova análise mostra que os dinossauros carnívoros, como o tiranossauro e o velociraptor, estavam classificados em um "galho" errado na árvore genealógica dos dinossauros.

Uma das implicações é que os dinossauros surgiram 15 milhões de anos antes do que se acreditava previamente.

As evidências fósseis sugerem que esse surgimento pode ter ocorrido mais ao norte do que sugere a teoria corrente - possivelmente na região que agora compreende o Reino Unido, de acordo com o principal autor do artigo da Nature, Matthew Baron, da Universidade de Cambridge.

"Os continentes no norte certamente tiveram um papel maior do que se imaginava na evolução dos dinossauros, que podem ter se originado no Reino Unido", disse ele à BBC.

A versão anterior da árvore genealógica foi desenvolvida há 130 anos pelo paleontologista Harry Govier Seeley, da Universidade King's College de Londres.

Ao comparar o tamanho, as formas e a disposição de ossos fossilizados de diferentes espécies de dinossauros e como elas mudaram com o passar do tempo, ele criou o modelo teórico de como elas evoluíram.

Ele concluiu que havia dois principais grupos de dinossauros: aqueles cujos quadris se assemelham aos de pássaros da atualidade, que Seeley chamou de ornitísquios, e aqueles com quadris semelhantes aos de lagartos, que ele chamou de saurísquios.

O grupo com quadril de pássaro era exclusivamente herbívoro e contava com espécies familiares como estegossauro e tricerátopo.

O grupo com quadril de lagarto tinha dois ramos: o de herbívoros, como o brontossauro, e o de carnívoros, como o tiranossauro.

Essa organização nunca havia sido contestada até agora.

Para reclassificar os parentescos, pesquisadores estudaram mais ossos e incluíram outras espécies, muitas das quais só foram descobertas nos últimos 30 anos.

A nova abordagem propõe que os carnívoros, grupo conhecido como terópodes, sejam movidos para a mesma classificação dos dinossauros com quadril de pássaro, os ornitísquios.

Esse fóssil, encontrado em Lossiemouth, na Escócia, é de um dinossauro que tem o tamanho de um gato. Agora, pensa-se que ele pode estar perto da base de uma nova árvore genealógica dos dinossauros, abrindo a possibilidade de que eles tenham se originado no Reino Unido

O professor da Universidade de Cambridge David Norman, que supervisou o estudo, disse que ele representa uma grande mudança em relação ao pensamento superior.

"Os principais livros didáticos que tratam da evolução dos dinossauros agora terão que ser reescritos caso essa nova sugestão sobreviva ao escrutínio acadêmico e se torne mais amplamente aceita", ele explicou.

"Parece que a árvore genealógica dos dinossauros está sendo sacudida com firmeza. Será interessante ver o que cairá de seus galhos nos anos futuros."

"Os principais livros didáticos que tratam da evolução dos dinossauros agora terão que ser reescritos". Prof David Norman, Universidade de Cambridge

O hemisfério norte - e particularmente o Reino Unido - passou a ser considerado o local mais provável para o surgimento dos primeiros dinossauros por causa de dois fósseis cruciais encontrados na Inglaterra e na Escócia.

Por décadas, eles foram descartados, tidos como espécies sem importância, mas agora estão perto da base no novo desenho da genealogia dos dinossauros.

Os achados na Inglaterra e na Escócia sugerem ser mais provável que os primeiros dinossauros apareceram há 245 milhões de anos no norte do planeta em um corpo de terra chamado Laurásia, ao invés de terem surgido há 230 milhões de anos em uma massa de terra mais ao sul chamada Gondwana.

Dinossauros carnívoros têm um grau de parentesco mais próximo com os que têm focinho em forma de bico, como o herbívoro tricerátopo


Matthew Baron disse que os resultados foram um "choque".

"Um cientista britânico, Richard Owen, deu a palavra 'dinossauro' ao mundo. Agora estamos diante da possibilidade de que os primeiros dinossauros vagavam por uma área que se tornou o Reino Unido e que o grupo se originou nestas terras".

Os pesquisadores envolvidos com a descoberta alertaram, porém, que os registros fósseis para os dinossauros mais antigos é tão esparso que seria difícil fazer qualquer afirmação com firmeza, nesse estágio, sobre as origens das criaturas. Mas o time de pesquisadores espera que os achados estimulem paleontólogos a procurar por mais evidências fósseis para apoiar as novas ideias.

Polêmica

A mudança de uma das principais teorias evolutivas dos dinossauros certamente causará polêmica.

O professor Hans Sues, do Museu Smithsonian, em Washington, nos Estados Unidos, disse que a descoberta ainda precisa deve ser testada e corroborada.

"Agora temos a nossa árvore evolutiva e podemos usá-la como base para entender como as características de dinossauros evoluíram". Prof Paul Barrett, Museu de História Natural de Londres

"Sou cético, já que nenhuma das outras análises recentes obteve resultados semelhantes - mas deixo a mente aberta", disse ele à BBC.

O pesquisador do Museu de História Natural de Londres Paul Barrett, que esteve envolvido com o estudo e desenvolveu a ideia de contestar a velha teoria de Seeley, disse que a nova árvore genealógica parece ser mais lógica que a anterior.

"Agora temos a nossa árvore evolutiva e podemos usá-la como base para entender como as características de dinossauros evoluíram com o passar do tempo. Já está nos ajudando a explicar algumas questões que nos confundiam", ele acrescentou.

Entre essas questões estava a ideia de que pássaros evoluíram de dinossauros carnívoros - que não se encaixava bem com o esquema antigo, pois esses dinossauros não estavam no grupo com quadril de pássaro.

A nova árvore se encaixa melhor com a observação de que muitas espécies carnívoras e muitos dinossauros com quadril de pássaro tinham penas. O fato de que eles estavam previamente em dois grupos separados levaram algumas pessoas a especular que todos os dinossauros, inclusive os saurópodes - espécies com pescoços longos -, eram emplumados. Mas não havia nenhuma evidência fóssil para isso e essa sugestão nunca pegou.

O trabalho recente também indica que dinossauros evoluíram de modo a se tornar carnívoros em duas ocasiões separadas e até implica que o primeiro dinossauro era onívoro e, por isso, comia tanto plantas como carne.



Havia, porém, uma consequência potencialmente desastrosa para o novo arranjo.

Ele poderia ter significado que os dinossauros de pescoço longo, como o brontossauro e o diplodoco, não seriam estritamente classificados como dinossauros. Ansiosos para não serem considerados como as pessoas que retiraram o status de dinossauro do emblemático "Dippy", o esqueleto de diplodoco do Museu de História Natural de Londres, Matt Baron e seus colegas cuidadosamente reformularam a definição.

"Eu não queria fazer com que o Dippy deixasse de ser um dinossauro. Isso teria causado muito aborrecimento. Eles são um grupo muito bem conhecido e todos os reconhecem como dinossauros. Para ser sincero, eu não queria ser expulso de toda conferência que fosse pelo resto de minha carreira".

O triunfo de Huxley
A árvore de Baron se assemelha a ideias pensadas pelo biólogo Thomas Henry Huxley em 1870. Ele acreditava, corretamente ao que parece, que pássaros vieram de dinossauros carnívoros e ele os incluiu junto com os dinossauros com quadril de pássaro em um grupo que ele chamou de ornithoscelida.

Na época, as ideias de Huxley foram descartadas e eclipsadas pelas de Seeley.

Como um reconhecimento das contribuições de Huxley, o time de pesquisadores reviveu o nome "ornithoscelida" para o seu novo agrupamento de espécies.

Além de ser uma pesquisa notável por si só, o trabalho é um retrato do próprio processo científico - mostra que desafiar velhas e bem estabelecidas ideias com olhos frescos sempre vale a pena e pode frequentemente trazer novas abordagens.

"Nós provamos que Huxley estava certo", disse Baron. "Não prestamos nenhuma atenção ao dogma dos últimos 130 anos. Nós tentamos não incorporar nenhuma suposição prévia e, então, desmontamos e remontamos a árvore genealógica e propusemos soluções a perguntas que estavam incomodando cientistas há um bom tempo".

O esqueleto do dinossauro diplodoco apelidado de 'Dippy' tornou-se um símbolo do Museu de História Natural de Londres

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Pesquisa atesta: Brasil também foi lar de dinossauros gigantes

Com 25 metros, nova espécie tem quase duas vezes o tamanho do maior dinossauro brasileiro que se conhecia até aqui

Comparações entre dinossauros brasileiros, do menor para o maior: Gondwanatitan faustoi (8 metros), Maxakalisaurus topai (13 metros) e Austroposeidon magnificus (25 metros). (Divulgação)
 
Um grupo de cientistas brasileiros anunciou nesta quarta-feira, no Museu de Ciências da Terra do Rio de Janeiro, a descoberta do maior dinossauro já identificado no Brasil. A espécie media aproximadamente 25 metros de comprimento (maior que alguns ônibus biarticulados que circulam em várias capitais brasileiras, cujo comprimento varia entre 24 e 28 metros) e viveu no período Cretáceo, cerca de 70 milhões de anos atrás.

“O resultado do estudo mostra que o Brasil também foi lar de dinossauros gigantes, como os fósseis descobertos na Argentina”, disse Kamila Bandeira, autora da pesquisa e, atualmente, doutoranda do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O título de gigante da América do Sul, por enquanto, é da Argentina. Em 2014, pesquisadores descobriram um novo dinossauro gigantesco – e também o mais bem preservado. Com 26 metros de comprimento e quase 65 toneladas, o Dreadnoughtus schrani é o maior animal terrestre cuja massa já tenha sido calculada.

Inicialmente, os fósseis do dinossauro foram dados a Kamila como material de estudo do seu mestrado, em agosto de 2013. “Observei que se tratava de uma espécie diferente no momento em que o comparei com o Maxakalisaurus, de 13 metros de comprimento” afirmou a estudante. A autora refere-se ao Maxakalisaurus topai, até então o maior dinossauro já encontrado no país.

A pesquisa mostra que o dinossauro encontrado fez parte do grupo dos titanossauros, espécie herbívora, de cauda e pescoço longos, quadrúpede totalmente terrestre e cerca de 20 toneladas. Foi batizado Austroposeidon magnificus, segundo explica Kamila, como referência ao deus grego do mar, também responsável pelos terremotos. “Pode-se imaginar o tremor que vários dinossauros dessa espécie poderiam causar só de caminhar juntos”, contou ela.

As vértebras do pescoço e da coluna vertebral do dinossauro foram encontradas na década de 1950, perto de Presidente Prudente, em São Paulo, por Llewellyn Ivor Price, paleontólogo brasileiro falecido em 1980. O pesquisador guardou a ossada no Museu de Ciências da Terra, na Zona Sul do Rio Janeiro, local onde trabalhava na época.

Os ossos do magnificus foram analisados com a ajuda de um tomógrafo e o resultado mostrou a presença de dois tipos de tecidos ósseos, quando normalmente outros titanossauros têm apenas um tipo.

A partir desta quinta-feira, as vértebras originais estarão expostas ao público no Museu de Ciências da Terra, no bairro da Urca, na Zona Sul do Rio.

Fonte: Veja

Conheça o Pycnonemossauro, o dinossauro brasileiro primo do T-rex

© image/jpeg Pycnonemosaurus
O Pycnonemosaurus nevesi, um dinossauro que viveu em uma região que atualmente corresponde ao Mato Grosso, há 70 milhões de anos, é o maior exemplar da família Abelisauridae. Cientistas brasileiros concluíram que a espécie tinha 8,9 metros, da ponta das mandíbulas à ponta da cauda. Com a descoberta, o Pycnonemossauro brasileiro ultrapassa por um metro o dinossauro argentino Carnotaurus sastrei, que os pesquisadores acreditavam que era o maior do grupo dos Abelisauridae.

A pesquisa, publicada recentemente na revista científica Cretaceous Research, foi conduzida pelos brasileiros Orlando Grillo, paleobiólogo e zoólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Rafael Delcourt, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP). A equipe de cientistas analisou fósseis de 37 dinossauros da família Abelisauridae, que reúne carnívoros bípedes, de fortes membros posteriores e crânios cobertos com sulcos e depressões.

“Há muita confusão nas estimativas do tamanho dos dinossauros, pois os métodos utilizados divergem de um trabalho para outro. Anteriormente, o Pycnonemossauro brasileiro havia sido descrito como um dos menores de seu grupo. Conhecer o tamanho de um dinossauro é importante para nossos estudos, como de paleoecologia e biomecânica”, explica Grillo.
Tamanho dos dinossauros

Segundo o pesquisador, o mais comum é que as espécies descritas pelos cientistas tenham seu tamanho estimado por meio de proporções diretas, feitas com regra de três que comparam os ossos de outros dinossauros. O método é geralmente impreciso, já que as medidas corporais variam bastante entre os animais.

Para uniformizar a dimensão das espécies analisadas no estudo, a equipe comandada por Grillo e Delcourt utilizou um mesmo método em todos os fósseis. Foram feitas regressões lineares baseadas no tamanho das vértebras e tíbia, cujas correlação com o comprimento corporal total é de 95 a 98%. “São valores muito altos, o que indica que o cálculo é muito preciso”, disse Orlando.
Predadores carnívoros

O nome Pycnonemosaurus significa ‘lagarto da mata densa’, em alusão ao Mato Grosso, onde os fósseis da espécie foram encontrados em 1952. O animal, que vivia na Chapada dos Guimarães era tido como o segundo maior dinossauro brasileiro, perdendo apenas para Oxalaia, um terópode de 12 a 14 metros de comprimento que viveu há 95 milhões de anos no lugar que hoje corresponde ao Maranhão.

O Carnotauro argentino, que até então era descrito como o maior desse grupo de dinossauros, com 7,8 metros de comprimento, é conhecido por ser uma das espécies descritas no livro Mundo Perdido, de Michael Crichton, que inspirou o grande vilão de Jurassic World, último filme da série Parque dos Dinossauros, o dinossauro Indominus Rex. Sua aparência é marcante, com chifres no topo da cabeça — mas, em comprimento, como descobriu a equipe brasileira, ele perde em pouco mais de um metro.

A pesquisa também identificou que as espécies da família Abelisauridade cresceram ao longo de sua evolução. A suspeita é que eles tenham acompanhado o aumento de tamanho de suas presas.

“Muitas vezes acontecem evoluções paralelas entre caça e caçador. Se as presas aumentam de tamanho durante a evolução, isso lhes confere maior vantagem por serem mais difíceis de abater. O que acaba favorecendo que predadores maiores sejam selecionados ao longo da evolução. Abelissaurídeos provavelmente se alimentavam de dinossauros saurópodes do grupo Titanosauria que também cresceram durante os anos”, disse Orlando.

Fonte: Veja e MSN

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O que aconteceria se alguém fosse engolido por uma baleia-azul?

© Fornecido por Abril Comunicações S.A.

Essa infeliz pessoa provavelmente morreria de politraumatismo ainda na boca do animal, e não passaria daí. Pinóquio e o Jonas da Bíblia que nos perdoem, mas pessoas sendo engolidas por baleias é ficção. Esses gigantes do mar são muito criteriosos na escolha do que vão digerir, preferindo ficar em uma dieta composta de pequenos peixes e crustáceos.

Apesar do tamanho da baleia–azul, sua boca não é ampla o suficiente para um ser humano caber ali dentro sem ser esmagado quando fechada, e seu esôfago tem apenas 10 cm de diâmetro, impedindo a ingestão de qualquer coisa muito maior do que uma laranja. E, antes que você pergunte, confira abaixo se outros grandes bocudos do reino animal conseguiriam esse feito.

Cachalote

Prima distante da baleia–azul, já que pertence a outro grupo de cetáceos (Odontoceti), essa gigante costuma devorar lulas-gigantes inteiras, que chegam a 18 m de comprimento. Então, teoricamente, sim, uma cachalote poderia engolir um ser humano. Se tudo desse “certo”, essa pessoa morreria asfixiada dentro da primeira de quatro câmaras do estômago do bicho. Depois, seria digerida pelas enzimas do animal.


© Fornecido por Abril Comunicações S.A.


Crocodilo

Nos maiores exemplares conhecidos, a cabeça desse réptil não passa de 45 cm de largura externa, portanto sua abertura de garganta é muito menor e dificilmente permitiria a passagem de uma pessoa inteira. Esse é o motivo que leva esses animais a dilacerar suas presas antes de ingerir o alimento. Ou seja: dilacerado, sim, inteiro, não.


© Fornecido por Abril Comunicações S.A.

Sucuri

 © Fornecido por Abril Comunicações S.A.
 
A sucuri, bem como sua prima píton, já foram vistas devorando grandes animais de uma só vez, como bezerros, antílopes, jacarés e capivaras de até 55 kg. Então a resposta é sim. É possível que ela engula um ser humano inteiro, desde que seja uma pessoa magra e baixa. O lanche em questão já estaria morto na hora de ser engolido, já que essas cobras matam suas presas asfixiadas por esmagamento, deslocando vários ossos no processo.

Em 2014, o ambientalista Paul Rosolie vestiu uma armadura de carbono e tentou ser engolido por uma cobra. Deu meio certo, meio errado. Veja abaixo:

Fonte: Mundo Estranho, MSN e Discovery Channel

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Espanhol encontra por acaso fósseis de 125 milhões de anos

Agricultor achou quase 200 fósseis de dinossauros enquanto trabalhava em seu sítio. Segundo cientistas, há vestígios de cinco tipos de dinossauros 

Vértebras caudais encontradas por agricultor em Sierra de la Demanda, Espanha (Fundación Dinosaurios Castilla y León/Divulgação)

Um novo sítio paleontológico foi descoberto na Sierra de la Demanda, na cordilheira ibérica, próximo ao município de Hortigüela, na Espanha. Aproximadamente 200 fósseis de dinossauros foram encontrados pelo agricultor Donato Blanco García, enquanto ele cuidava de plantações em sua propriedade. Assim que avistou o estranho material, o espanhol entrou em contato com o Museo de Dinosaurios de Salas de los Infantes, que fica perto do local. Após a visita dos cientistas, que documentaram a presença dos fósseis, a descoberta do novo sítio paleontológico foi confirmada nesta quarta-feira pelo Coletivo Arqueológico e Paleontológico do museu.
De acordo com os especialistas, os fósseis pertencem ao período Cretáceo, e têm aproximadamente 125 milhões de anos. As peças, no geral, estão em bom estado de conservação e constituem diversas partes do corpo dos animais, como crânios, vértebras de caudas e quadris, costelas e pernas.

Em uma identificação prévia, os pesquisadores encontraram indícios da presença de dinossauros herbívoros, como iguanodontídeos, pequenos ornitópodes, saurópodes e dinossauros do grupo thyreophora (que possuíam uma armadura óssea nas partes dorsal e superior do corpo, com espinhos e chifres). Há também evidências de animais carnívoros, como os terópodes (grupo ao qual pertencem dinossauros como o T. rex). A grande variedade de fósseis, segundo os pesquisadores, indica a riqueza do novo sítio.

Como os ossos estão praticamente completos e sem sinais de terem sido transportados, os cientistas acreditam que os animais tenham morrido no local, ou perto dali. Se isso tiver acontecido, é possível que existam ainda mais fósseis no sítio, que poderiam ser localizados por meio de cuidadosas escavações.

Fonte: Veja

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Estudo detalha como frio e escuridão mataram os dinossauros

Cientistas simulam a hipótese de que uma nuvem de ácido sulfúrico levantada após o impacto do enorme asteroide foi responsável pelo fim dos dinossauros

A enorme nuvem bloqueava a passagem da luz solar, resfriando o planeta e extinguindo muitas espécies, como plantas e dinossauros (Arno Burgi)
 

Um estudo divulgado semana passada no periódico Geophysical Research Letters revela que talvez a extinção dos dinossauros tenha sido um evento muito mais complexo do que a imaginávamos – e o motivo são pequenas e aparentemente inofensivas gotículas. Cientistas do Instituto Potsdam de Pesquisa sobre Impacto Climático (PIK, sigla em alemão), na Alemanha, reproduziram como gotas de ácido sulfúrico na atmosfera, levantadas pelo impacto de um asteroide gigante com a Terra, podem ter levado a um longo período de resfriamento global ao qual muitas espécies de dinossauros não conseguiram resistir.

“Agora nós podemos contribuir com novos conhecimentos para compreender a tão debatida causa para a extinção dos dinossauros no fim do período Cretáceo”, afirma Julia Brugger, pesquisadora no PIK e líder do estudo, em comunicado. Para investigar o fenômeno, os cientistas utilizaram pela primeira vez um tipo específico de simulação computadorizada, um modelo climático capaz de reproduzir a atmosfera, os oceanos e mares congelados que normalmente é usado para outros tipos de estudo.

Era do gelo

A hipótese mais conhecida para a extinção dos dinossauros é que um imenso asteroide caiu na Península de Yucatán, no México, originando a cratera de Chicxulub. Estudos anteriores já haviam levantado a teoria de que o impacto causado pela colisão 66 milhões de anos atrás teria espalhado uma enorme nuvem de fuligem contendo enxofre e ácido sulfúrico pela atmosfera, impedindo a passagem da luz e provocando quedas abruptas de temperatura e chuvas ácidas. A nova pesquisa testou essa hipótese a partir de simulações para desvendar exatamente como essas mudanças climáticas afetaram espécies que habitavam a Terra.

Com uma imensa nuvem bloqueando o Sol, as temperaturas caíram abruptamente, passando de 27 graus Celsius para meros 5 graus Celsius nos trópicos. Em outras partes do globo, mais próximas aos polos, o clima era tão frio que chegava a valores abaixo dos 3 graus Celsius negativos. Com temperaturas tão baixas e pouca luz chegando ao solo, a fotossíntese se tornou impossível, e muitas espécies de plantas e dinossauros não sobreviveram. Levou cerca de 30 anos para que o clima se recuperasse, segundo o estudo.

Os cientistas afirmam que a circulação dos oceanos também foi impactada, contribuindo também para a extinção de algumas espécies aquáticas. Conforme a água na superfície se resfriou, ficando mais densa e pesada, a água das profundezas que estava mais quente subiu, carregando nutrientes que levaram à proliferação de algas. Esses seres, ao se multiplicar massivamente, podem ter produzido algumas substâncias tóxicas que também afetaram a vida nas regiões costeiras. Ainda assim, sabe-se que que nem todas as espécies que habitavam os oceanos morreram – o grupo dos crocodilia, por exemplo, que hoje inclui jacarés e crocodilos, mas, na época, era formado de grandes animais, conseguiu sobreviver.

“O resfriamento a longo-prazo causado pelos aerossóis de sulfato foi muito mais importante para a extinção massiva do que a poeira que ficou na atmosfera por apenas um período relativamente curto”, diz o co-autor do estudo, Georg Feulner. “Também foi mais importante do que eventos locais, como o calor extremo perto do impacto, incêndios ou tsunamis.”

Para o pesquisador, o estudo ilustra como o clima é importante para todas as formas de vida no planeta. “Ironicamente, hoje a ameaça mais imediata não vem de um resfriamento natural, mas de um aquecimento global provocado pelo homem”, afirma.

Fonte: Veja

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Pela 1ª vez, rabo de dinossauro é encontrado preservado em âmbar

A cauda de 99 milhões de anos é recoberta de penas, um indício a mais de que os dinossauros, especialmente os predadores, eram cobertos de plumas coloridas


Imagem do âmbar que preservou a cauda do dinossauro, encontrado em um mercado em Mianmar. (Current Biology/Divulgação)
 
Pela primeira vez, cientistas encontraram uma cauda completa de dinossauro preservada em âmbar. Com 3,6 centímetros e recoberta de plumas, ela pertence a um pequeno exemplar do grupo Terópoda, do qual faz parte o Tiranossauro rex e o velociraptor. Segundo os cientistas, a descoberta é uma evidência a mais de que os dinossauros – especialmente os carnívoros – eram recobertos de plumas coloridas.

“É uma descoberta única. É uma cauda com oito vértebras de um indivíduo jovem, recoberta de plumas preservadas em três dimensões e que guarda detalhes microscópicos”, afirmou em comunicado o paleontólogo Ryan McKellar, do Royal Saskatchewan Museum, no Canadá, e um dos autores do estudo com a descrição da descoberta, publicado nesta quinta-feira no periódico científico Current Biology.

Segundo os pesquisadores, a cauda pertencia da um dinossauro que morreu há 99 milhões de anos e era do tamanho de um pardal. A cauda era marrom na parte exterior e mais clara na porção interior, perto dos ossos. Segundo os pesquisadores, não há qualquer dúvida de que a cauda encontrada era de um dinossauro.

“Podemos ter certeza porque o rabo é longo e flexível, com as penas presas em todos os lados. Em outras palavras, as penas são, definitivamente, de um dinossauro e não de um pássaro pré-histórico”, afirma McKellar.



Detalhe da cauda de dinossauro com penas encontrada em Mianmar (Current Biology/Divulgação)

Dinossauros com penas

A peça de âmbar, que está sendo recebida com entusiasmo por cientistas de todo o mundo, estava polida e pronta para ser transformada em joia. Por sorte, Lida Xing, pesquisador da Universidade de Geociências de Pequim, na China, e um dos autores do estudo, percebeu que a peça, que estava sendo vendida em um mercado em Mianmar, não preservava um vegetal, mas algo diferente. O cientista levou a peça para seu laboratório e a análise revelou que a cauda do dinossauro ainda estava cheia de líquidos quando foi incorporada pelo âmbar – o que indica que o animal ainda poderia estar vivo quando isso aconteceu.


Concepção artística de como seria o dinossauro encontrado pelos cientistas (Cheung Chung-tat/Divulgação)

A preservação foi tão bem sucedida que mesmo traços de pigmentos das penas e do sangue do animal puderam ser encontrados.  Segundo os pesquisadores, o maior valor da descoberta é que ela revela como as plumas eram dispostas nos dinossauros – os fósseis, a maior fonte de informações sobre esses animais pré-históricos, costumam mostrar os animais comprimidos em duas dimensões, o que dificulta na reconstrução das estruturas em 3D.

“Quanto mais vemos esses dinossauros emplumados e quão abundantes são suas penas, algo como um velociraptor escamoso parece cada vez menos possível – em linhas gerais, eles são muito parecidos com pássaros. Os dinossauros estão muito longe de serem os monstros do tipo Godzilla que acreditávamos que eram”, disse McKellar à rede de televisão americana CNN.

Fonte: Veja

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Insetos ganharam a batalha contra o meteorito que matou os dinossauros

Vida no hemisfério sul se recuperou duas vezes mais rápido do que no norte após o impacto

Os níveis de diversidade se recuperaram em cerca de quatro milhões de anos, duas vezes mais rápido do que no norte

Área em que caiu o meteorito de Chixculub na Península de Yucatán, vista do espaço. ESA

Há 66 milhões de anos, uma rocha espacial de 10 quilômetros colidiu com a Terra causando uma explosão equivalente a 7 bilhões de bombas atômicas. O choque levantou uma enorme nuvem de rocha pulverizada que se elevou até cobrir o globo inteiro e mergulhar tudo em uma escuridão profunda. Tsunamis de mais de 100 metros varreram as costas do atual Golfo do México, onde o meteorito caiu, e aconteceram fortes terremotos. Parte dos escombros levantados pelo impacto começou a cair como minúsculos meteoritos e transformaram o planeta em um inferno de florestas em chamas. As plantas que não se queimaram ficaram sem luz solar durante meses. Três de quatro seres vivos no planeta foram exterminados, incluindo todos os dinossauros não emplumados.

Uma das grandes incógnitas sobre o evento de extinção do Cretáceo é se existiu um refúgio onde a vida se manteve mais ou menos intacta. Alguns estudos localizaram esse oásis no hemisfério sul do planeta, especialmente perto do Polo.

“A maior parte do que sabemos sobre a extinção e a recuperação da vida na Terra após o asteroide vem do oeste dos EUA, relativamente próximo ao local do impacto, em Chixculub, México”, diz Michael Donovan, pesquisador da Universidade estadual da Pensilvânia (EUA). Sabe-se “muito menos” do que aconteceu em outras áreas mais remotas, afirma, mas há estudos recentes do pólen e dos esporos que sugerem que na Patagônia e na Nova Zelândia a extinção de plantas foi muito menor.

Estudos recentes sugerem que na Patagônia e na Nova Zelândia a extinção de plantas foi muito menor.

Em um estudo publicado hoje na Nature Ecology & Evolution, Donovan e outros cientistas dos EUA, Argentina e China estão explorando a hipótese do refúgio do sul através da análise das folhas fósseis de antes e depois do impacto encontradas na Patagônia argentina. Especificamente, a equipe de pesquisadores analisou as pequenas mordidas deixadas por insetos herbívoros na vegetação para estimar quando foi recuperado o nível de biodiversidade que havia antes do desastre.

Os resultados mostram que, como foi observado no hemisfério norte, os insetos do sul praticamente desapareceram após a queda do meteorito. Mas os fósseis analisados também mostram que os níveis de diversidade de insetos se recuperaram em cerca de quatro milhões de anos, duas vezes mais rápido do que no norte.

“Estudamos também os minadores, rastros de deterioração nas folhas feitas por larvas de insetos ao se alimentarem”, diz Donovan. “Não encontramos nenhuma evidência da sobrevivência de minadores do Cretáceo, o que sugere que este não foi um refúgio para esses insetos”, explica, mas nos restos após o impacto logo aparecem novas espécies.

O trabalho reforça a hipótese de que a vida voltou antes nas áreas mais distantes do ponto de impacto, “embora também possa ter existido outros fatores desconhecidos”, adverte Donovan. As diferenças no tempo de recuperação provavelmente influenciaram nos padrões de biodiversidade até a atualidade, afirma.

O trabalho também pode ajudar a explicar por que outras pequenas criaturas que se alimentavam de insetos acabaram conquistando a Terra depois de sobreviver ao meteorito que matou os dinossauros. “É possível que as mudanças na cadeia alimentar causados pela extinção dos insetos após o impacto, seguidas da recuperação dos níveis anteriores tenham afetado outros organismos, incluindo os mamíferos”, afirma.

Fonte: El País