terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Nova espécie de dinossauro, encontrado no Ceará, é descoberta por pesquisadores estrangeiros

O Ubirajara jubatus se torna o dinossauro mais antigo da Bacia do Araripe.

Por Antonio Rodrigues

O fóssil foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri. — Foto: Divulgação 

Pesquisadores estrangeiros descobriram uma nova espécie de dinossauro encontrado na Bacia do Araripe, no sul do Ceará. Batizado de Ubirajara jubatus, o animal viveu no período Cretáceo, há cerca de 110 e 115 milhões de anos. O fóssil dele foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, na Formação Crato, e levado para Alemanha, em 1995.

O estudo sobre a descoberta foi publicado no último mês de outubro, na revista científica Cretaceous Research.

Com tamanho aproximado de uma galinha, o dinossauro possuía uma crina ao longo do dorso e uma estrutura que se assemelha a um par de “fitas”, mas diferente de escamas, penas ou pelos. Esta característica pode ser única deste animal. “As estruturas tegumentares elaboradas provavelmente foram usadas para exibição”, aponta o grupo de pesquisadores, formado por dois ingleses, dois alemães e um mexicano.

O animal possuía monofilamentos delgados associados à base do pescoço, aumentando em comprimento ao longo da região torácica dorsal, onde eles formam uma juba, bem como um par de estruturas alongadas em forma de fita, provavelmente emergindo do ombro. “[Estas características eram] até agora desconhecidas em qualquer outro dinossauro”, completa o estudo. 

O documento destaca a espécie como um dos dinossauros com aparência mais elaborada já descritos. Segundo os pesquisadores, isso pode ajudar a entender como “aves, tais quais os pavões, herdaram sua capacidade de se exibir".

 

O documento destaca a espécie como um dos dinossauros com aparência mais elaborada já descritos. — Foto: Divulgação 


O Ubirajara jubatus faz parte da subordem de dinossauros Theropoda, tendo como parente próximo o dinossauro jurássico Compsognathus, encontrado na Europa. Seu fóssil, que é um holótipo (ou seja, peça única que serviu de base para sua descrição), está no Museu Staatliches für Naturkunde, na cidade de Karlsruhe, na Alemanha.

Questionamentos

O paleontólogo da Universidade Regional do Cariri (Urca) Álamo Feitosa exalta a descoberta, que supera o Aratasaurus museunacionali, apresentado em julho, como o dinossauro mais antigo da Bacia do Araripe.

Por outro lado, questiona como se deu a saída deste fóssil do Brasil: “Não se poderia autorizar sua exportação, por se tratar de um holótipo”.

Segundo o artigo publicado, as amostras foram levadas à Alemanha com autorização de exportação por um agente do Escritório Regional de Crato do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) — atual Agência Nacional de Mineração (ANM) — em 1º de fevereiro de 1995. “Ou esta autorização não existe ou é ilegal, porque este material não passou por nenhuma instituição brasileira”, questiona Feitosa.

O G1 entrou em contato com a ANM, questionando se há mesmo esta autorização, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

O decreto lei nº 4.146, de 1942, determina que os fósseis são propriedade da União. Ao contrário de alguns países, como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, a compra e venda no Brasil é proibida. Sua extração depende da autorização prévia da Agência Nacional de Mineração - antigo Departamento Nacional de Produção Mineral.

Independem dessa autorização e fiscalização os exploradores que representam museus nacionais e estaduais e estabelecimentos oficiais, ainda tendo que comunicar antecipadamente ao mesmo órgão. A pena para quem comercializa as peças varia de um a cinco anos de prisão.

Fonte: Portal G1

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020