sexta-feira, 5 de junho de 2020

Fóssil de dinossauro bem preservado revela refeição de 110 milhões de anos

Restos encontrados em estômago de nodossauro apontam a preferência do animal por samambaias e dão indícios de como ele interagia com o meio ambiente

Pesquisadores descobriram qual foi a última refeição do dinossauro Borealopelta markmitchelli (Foto: Reprodução/RoyalTyrrell Museum of Palaeontology)


Pesquisadores descobriram qual foi a última refeição de um nodossauro bem preservado de mais de 110 milhões de anos da espécie Borealopelta markmitchelli. O animal, que tinha uma espécie de carapaça parecida com uma armadura, pesava cerca de 1,3 tonelada quando vivo.

O fóssil do dinossauro foi encontrado no Canadá em 2011 e, desde então, os cientistas estão trabalhando para descobrir novas informações sobre ele — inclusive sobre sua alimentação. "O conteúdo real do estômago preservado de um dinossauro é extraordinariamente raro, e esse é de longe o mais bem preservado encontrado até hoje", contou, em nota, o geólogo Jim Basinger, membro da equipe de estudos. Segundo ele, o estômago encontrado é uma massa distinta do tamanho de uma bola de futebol.

O artigo, publicado na revista científica Royal Society Open Science, detalha a dieta do dinossauro herbívoro e comenta sobre a interação do animal com seu ambiente. "A última refeição foi [composta] principalmente por folhas de samambaia: 88% de material de folhas mastigadas e 7% de caules e galhos", disse David Greenwood, professor e pesquisador da Universidade de Saskatchewan, no Canadá.

Os cientistas analisaram a flora da região em que ele vivia e descobriram que seu paladar era exigente, optando por comer samambaias específicas (leptosporangiate, a maior grupo de samambaias que existem hoje) e deixando de se alimentar de muitas folhas de cicadáceas e coníferas, comuns à paisagem do início do Período Cretáceo. A equipe identificou 48 tipos de sedimentos, incluindo musgo ou erva-fígado, 26 musgos e samambaias, 13 plantas gimnospermas (principalmente coníferas) e duas angiospermas (plantas com flores).
"Além disso, há [uma quantidade] considerável de carvão no estômago a partir de fragmentos de plantas queimadas, indicando que o animal estava navegando em uma área recentemente queimada, aproveitando um incêndio recente e o fluxo de samambaias que frequentemente emergem em uma paisagem queimada", disse Greenwood.

Essa adaptação à ecologia do fogo é uma informação nova. Os cientistas acreditam que, assim como os grandes herbívoros, os nodossauros podem ter moldado a vegetação da paisagem, possivelmente mantendo áreas mais abertas. Segundo os pesquisadores, as análises continuarão para entender mais sobre seu ambiente e comportamento.

Fonte: Revista Galileu