domingo, 29 de maio de 2011

Como criar répteis

Dr. Carlos Eduardo S. Goulart



Introdução:


Os Répteis sempre fascinaram (e também "aterrorizaram") os homens desde o início de nossa História. Existem lendas e relatos sobre a inter-relação do homem com o réptil que datam de dezenas de séculos; para exemplificarmos basta lembrar das estórias contidas na Bíblia (a serpente que ofertou o fruto proibido para Adão e Eva), A serpente que matou Cleopatra a rainha do Egito, Existiam também os "Dragões" na Idade Média , etc.. Tais Histórias que na maioria das vezes , na cultura ocidental (principalmente na cultura cristã), transformam injustamente os répteis em seres maléficos e por isto, até hoje os répteis são tidos como animais repugnantes.
Por outro lado, ou melhor dizendo, do outro lado, na cultura oriental as coisas são bastante diferentes. Na cultura Chinesa por exemplo o Dragão é tido como um símbolo de sabedoria e a serpente, como emissário de prosperidade e guardiã das riquezas.
Notam-se então relatos dos primeiros Herpetocultores da história: Os encantadores de serpentes, os sacerdotes e os curandeiros que cultivavam estes répteis para fins cerimoniais ou "farmacêuticos".
No mundo moderno, a criação de répteis como "Hobby" é uma prática relativamente recente , mas vem crescendo de maneira vertiginosa, já sendo considerada hoje a 30 maior industria "PET" nos E.U.A. e na Europa, perdendo somente para os gatos e cães , tendo superado em muito as aves ornamentais e a aquariofilía, entre outros.
No Brasil, apesar de muito recente, o mercado "Herpe" vem seguindo esta tendência e cresce muito rapidamente.
Os répteis porém, exigem cuidados bastante distintos daqueles exigidos pelos demais animais domésticos e por isto é fundamental conhecermos a biologia de cada espécie que se pretende criar.
os Répteis e os Homens:
A atual inter-relação entre os répteis e os homens nos traz questões de relevância: São os répteis bons animais domésticos? Os répteis podem ser perigosos para os seres humanos transmitindo doenças?
Quanto à primeira pergunta, a resposta depende do conceito que se pretende adotar como animal doméstico. Nunca espere que a sua Iguana ou a sua Python venha correndo fazer festinha e abanando o rabo assim que você chega em casa do serviço, mas saiba que elas vão lhe reconhecer e ficarão satisfeitas em receber um afago!
Existem outras espécies que serão apreciadas em belos terrários sem que se tenha contato físico mais "íntimo", assim como peixes ornamentais.
O fato é que nos dias atuais, com este corre-corre em que vivemos, muitos de nós não dispõem de tempo para passear com um cão, limpar suas fezes, escovar seus pelos, enfim, dar toda a atenção que este animal solicita. Neste aspecto os répteis são indiscutivelmente mais práticos.
Quanto à Segunda pergunta, que já não escutou as avós dizendo, "meu filho, não encoste na lagartixa porque ela transmite cobreiro!" Puro folclore. É obvio que répteis podem sim transmitir doenças aos seres humanos mas se compararmos com os outros animais domésticos os répteis são de longe os mais seguros animais domésticos que existem. Devido à grande distancia evolutiva que nos separa , as doenças que acometem um praticamente não acomete o outro (salvo algumas raras exceções que falaremos mais tarde.). Portanto do ponto de vista zoonótico, os répteis são considerados muito seguros.
É muito comum uma pessoa se dirigir a uma loja de animais, se encantar com um lindo filhote de Iguana medindo cerca de 40 cm de comprimento total, comprar junto com ela, um aquário de 60 cm, uma vasilhinha de água e comida mais todos os utensílios para aquele bichinho. Daí a 6 meses a um ano , aquele "bichinho" já não entra mais dentro do aquário pois já quadruplicou de tamanho, aquela vasilhinha de comida já é do tamanho da boca do bicho e para piorar, agora você já sabe que aquela "lagartixinha" vai virar um "Dragãozinho" de mais de 2 metros e vai precisar de espaço, muito espaço. O que fazer?
Portanto antes de adquirir um réptil se deve pensar no espaço disponível, no tempo disponível para trata-los, na sua real disposição e gosto pela criatura e aí então faça um planejamento: Estude a biologia básica da espécie que se pretende criar, monte a estrutura e por fim, compre o animal!
Um ponto muito importante deve ser observado: Quando você intencionar em ter um réptil, não pense em mante-lo somente. Seria muito importante e interessante se todo criador almejasse a reprodução em cativeiro daquelas espécies criadas por ele. É uma maneira de se preservar e perpetuar tais espécies ,promovendo a troca e /ou venda e compra de exemplares nascidos em cativeiro, evitando assim a captura destes animais na natureza, além de tornar este Hobby muito mais fascinante!
 
Os répteis em cativeiro:

 
Apesar da grande variedade de espécies habitando uma grande variedade de biótopos, que vão desde os oceanos até o mais extremo deserto, existem fatores básicos que devem ser observados ao se manter um réptil em cativeiro.
São seis estes fatores, que são fundamentais para a manutenção de um réptil em cativeiro.

1. Temperatura.
2. Umidade.
3. Nutrição.
4. Iluminação.
5. Alocação adequada.
6. Higiene.
 

1 - TEMPERATURA:

Répteis em geral são animais pecilotérmicos, ou seja: São animais que não tem a capacidade de controlar adequadamente a própria temperatura corpórea, portanto seus corpos possuem a temperatura próxima à do ambiente.
A temperatura adequada é muito importante pois sabemos que os organismos vivos possuem enzimas que não trabalham adequadamente fora de uma estreita faixa de temperatura, sendo assim temperaturas acima ou abaixo de uma determinada faixa podem efetivamente determinar a morte destes animais.
De uma forma geral, a temperatura de terrários deve se situar entre 25º a 30º Celcius, mas podem existir variações.

 
2 - UMIDADE

As necessidades Hídricas dos répteis dependem do Biótopo de origem de cada espécie em questão e por conseqüência, a sua resistência à desidratação.
O fator Umidade é de suma importância em países de clima temperado onde o inverno muito rigoroso pode levar ao congelamento da umidade do e/ou obrigar ao herpetocultor a instalar seus terrários em ambientes com calefação, onde o ambiente pode se tornar mais seco que muitas regiões desérticas.
Para nós que habitamos uma região tropical, a umidade raramente é problema. Somente no final da estação das secas é que podemos verificar índices abaixo de 15% de umidade relativa do ar.
De um modo genérico, a umidade relativa do ar deve se situar entre 30 e 50 %. Estes índices podem sofrer grandes variações em função Da espécie envolvida . Mas o importante é ter consciência de que ambientes muito secos (20% ou menos) podem levar à desidratação excessiva e ambientes muito úmidos podem favorecer o surgimento de fungos e bactérias no terrário, o que pode levar ao surgimento de doenças nos animais. 

 
3 - NUTRIÇÃO:

Este é um item especialmente importante! A alimentação adequada é uma condição essencial parra a boa saúde de nosso hospede.
Cada espécie de réptil pode Ter um requisito nutricional diferente e até mesmo dentro da mesma espécie podem haver requisitos nutricionais diferentes em função da idade, ou época do ano.
Portanto, há que se estudar também sobre os hábitos alimentares da espécie que se pretende criar.
Existem espécies exclusivamente carnívoras, outras insetívoras, vegetarianas ou mesmo onívoras. Existem também espécies cujos Hábitos alimentares são bastante especializados como por exemplo, as serpentes ofidófagas (que comem essencialmente outras serpentes).
Existem erros que são cometidos muito comumente devido à falta de informação sobre tais necessidades nutricionais. Uma espécie carnívora por exemplo, quando abate a sua presa a come por inteiro, comendo as vísceras que muitas vezes contêm matéria vegetal ingerida pela presa, ingere seus ossos obtendo assim sais minerais , sua pele onde geralmente se armazena gordura , etc.. Ou seja , um animal carnívoro não é aquele que come somente "carne".
Da mesma forma não se deve alimentar um camaleão Que é um insetívoro, somente com Tenébra pois só com este inseto nos não iremos fornecer ao camaleão todos os nutrientes de que ele necessita , sendo necessário variar o tipo de inseto ofertado.
Portanto, além de se conhecer as necessidades nutricionais da espécie que se pretende criar deve-se conhecer o valor nutricional dos alimentos ofertados. 

 
4 - ILUMINAÇÃO:

A luz desempenha um papel fundamental na vida de todos os seres vivos desde a fotossíntese ate processos mais complexos. O ciclo de luz age sobre as glândulas hormonais desencadeando o processo reprodutivo; Age como degermante ajudando a controlar a sanidade de nossos terrários; etc.
Na natureza os animais se expõem ao sol, o qual lhes proporciona calor e radiações. A luz solar direta, Não filtrada por vidros proporciona radiações ultravioleta (com comprimento de onda entre 290 a 400 nm ), Radiações de luz visível (de 400 a 750 nm) e radiações infravermelhas (acima de 750 nm). E todos os espectros de luz tem importâncias distintas aos animais.
A radiação Ultravioleta ( U.V.) por exemplo, é de suma importância, principalmente para os herbívoros, pois transforma a provitamina D2 (ergocalciferol) encontra nas plantas, em sua forma ativa para o metabolismo animal, a vitamina D3 (colecalciferol), que por sua vez é fundamental para o metabolismo do cálcio no organismo e por conseqüência, pela boa formação dos ossos.
Mas temos que lembrar que o excesso também pode fazer mal. Não podemos nos esquecer de providenciar um abrigo aos animais para que eles possam evitar o as luz sempre que desejarem.
Devemos também respeitar o fotoperíodo, ou seja, precisamos ter dia e noite distintos e com as horas de iluminação em função da época do ano (Mais horas de luz no verão e menos no inverno). Esta observação é fundamental para o sucesso da reprodução em cativeiro.

 
5 - ALOCAÇÃO ADEQUADA:

O espaço onde iremos alocar nossos répteis é denominado de recinto. Tais recintos merecem consideração especial pois devem fornecer ao seus habitantes, condições necessárias de conforto e subsistência. Mas para tanto, mais uma vez, é fundamental que conheçamos a biologia da espécie envolvida.
Os recintos podem ser classificados como: Recintos fechados ou de interior que são os terrários propriamente ditos. São aqueles que nos possibilitam um adequado controle das variáveis que incidem sobre o recinto tais como temperatura, umidade etc.; E os Recintos abertos ou de exterior onde os animais podem estar sujeitos aos intempéries do clima.
1. Das dimensões do recinto.
As dimensões do terrário devem variar em função da atividade do animal. Quanto mais ativo, maior a necessidade de espaço. A relação Altura x Largura x Comprimento também varia em função dos hábitos da espécie, por exemplo : espécies trepadoras ou arborícolas, necessitam de terrários mais altos que compridos, onde poderemos colocar galhos para que estes possam escalar.
2. Da Ventilação do recinto.
A ventilação do recinto deve ser controlada a fim de se providenciar a boa circulação de ar pelo ambiente retirando-se os gases tóxicos ou indesejáveis provenientes do metabolismo dos animais e também funcionando como fator anti-estressante através do fornecimento de ar fresco, porém há que se ter cuidados com o excesso de corrente de ar a fim de se evitar a perda de calor excessiva, a desidratação e o desconforto dos animais.
3. Do Material de confecção dos recintos.
O material com que se vai confeccionar o recinto, deve ser de fácil higienização. Neste item podemos nos estender por muito tempo acerca do melhor material para tal confecção (vidro ,plásticos, Fibra de vidro, Madeira impermeabilizada, telas plásticas ou metálicas, alvenaria , etc.) todos os materiais apresentam prós e contras, e a sua escolha vai variar em função de diversos fatores como por exemplo, a biologia do animal, no espaço em que se pretende alocar os animais , no objetivo do recinto ( Exposição? Reprodução? Quarentena? Etc.) , nas condições climáticas e ambientais, na disponibilidade de aquisição destes materiais, no capital que se tem disponível para este fim, etc. Temas estes que serão debatidos durante o curso.
4. Dos tipos de substratos que se pretende utilizar para decoração e composição do recinto.
O tipo de substrato de fundo que se vai colocar para ambientar o recinto deve levar em conta a biologia do animal. Por exemplo : Se o animal come geralmente no chão , não devemos colocar areia ou serragem no fundo do recinto pois estes substratos poderão ser ingeridos junto da comida ocasionando estomatites, gastrites entre outros problemas. Devemos atentar para que o substrato de fundo não tenha ponta perfurante ou superfície cortante e também que seja de fácil higienização e que não retenha umidade excessiva.
Não podemos nos esquecer de providenciarmos um abrigo ou refúgio onde o animal possa se sentir seguro.
Devemos ter cuidado especial ao escolhermos os galhos que irão ornamentar o recinto, evitando galhos verdes ou que detenham resina em suas cascas. Devemos também analisar a viabilidade de termos ou não , plantas vivas no recinto e se optarmos por tê-las, selecionarmos com critério as espécies que devemos utilizar, em função dos hábitos da espécie que ira povoar o recinto. Hoje em dia existem plantas de plástico muito bem feitas, atóxicas e que se prestam muito bem para esta ornamentação. 

 
6 -A HIGIENIZAÇÃO DO RECINTO E SEUS FOMITES:

A higiene adequada é um ponto óbvio em qualquer criação, pois como sabemos a falta de higiene predispõe qualquer organismo a diversas moléstias.
Porém os excessos e a falta de conhecimento acerca dos produtos e de técnicas corretas de higienização também podem ser prejudiciais. Há que se Ter cuidado com o uso dos desinfetantes, resíduos de produtos de limpeza, etc. pois podem provocar irritações ,intoxicações e levar o animal à morte. Portanto, após lavar e desinfetar um recinto e seus fomites, procure enxaguar exaustivamente bem tudo, para evitar a deposição de resíduos.
O melhor meio de desinfecção dos fomites do recinto é o calor. Mas tal meio só se aplica obviamente ao cascalho, pedras, vasos de cerâmica, enfim, fomites que suportem o calor de um forno.
Os fomites que não podem com o calor, após serem lavados, podem ser desinfetados em solução de Hipoclorito de Sódio ou Iodo-Povidine, devendo permanecer de molho nesta solução por um tempo pré- determinado e depois exaustivamente bem enxaguados e postos para secar bem antes de serem dispostos no recinto.

 
A AQUISIÇÃO DE UM RÉPTIL:

Quando se pretende comprar um réptil, é muito importante observar alguns cuidados básicos:
1- Procurar obter do comerciante, o máximo de informação sobre o animal: Qual a sua procedência? Nascido em cativeiro ou capturado? Está se alimentando com o que? Já foi vermifugado? Quando? Com qual produto? Quanto tempo está na loja? O comerciante garante a saúde do animal?
2- Procurar do animal o máximo de informações; Observar o seu estado geral, está gordo ou magro? ; Está com cor brilhante e viva ou esmaecida ? ; A sua comida está mexida ? ; Apresenta vestígios de comida nas bordas da boca? O animal está atento ao ambiente que o cerca e reage ao ser estimulado ou está "muito manso" e Não rege atentamente ao ambiente à sua volta? Sua pele está elástica e solta ou faz rugas e pregas ? Sua boca por dentro está rosada ou pálida ? entre outras observações que se pode fazer.
3- Quando você levar o animal para casa, o recinto dele já deve estar previamente montado e lembre-se, nunca misture um novo exemplar a outros animais ! É fundamental um período de quarentena ! Procure também levar o animal a uma consulta de um Veterinário especializado para que se possa conferir a saúde do novo hóspede, além de se providenciar uma correta vermifugação e para medica-lo se necessário for.

 
A PRÁTICA, EM SÍNTESE:

Na maior parte das vezes o melhor seria a confecção dos terrários em vidro ou material plástico atóxico (no mercado norte-americano, existem recintos fabricados especialmente para cada tipo réptil mais comumente criados) podendo-se utilizar viveiros de tela metálica para determinadas espécies de grandes lagartos como por exemplo, as Iguanas.
Dentro deste terrário devemos dispor de uma banheira de água de tamanho suficiente para que o animal possa entrar por inteiro nela. O substrato de fundo pode variar em função da espécie alocada, podendo ser um simples jornal ou papel toalha( preferível ), cascalho de seixos rolados e/ou musgos , mas devemos evitar serragem ou casca de arroz pois predispõem a formação de bolores e podem ser ingeridos junto com o alimento , podendo provocar severas estomatites devido às farpas ou outras patologias que podem levar inclusive à morte .
Como abrigo, podemos utilizar um vaso de cerâmica emborcado onde faremos uma abertura na lateral. Não podemos esquecer que se utilizarmos cascalho como substrato de fundo, devemos providenciar uma "cama" para nosso hospede pois a pedra é um bom condutor de calor e rouba o calor corporal do animal. Para este fim podemos utilizar por exemplo um "mouse-pad" por baixo do vaso de abrigo, para que então o animal durma por cima deste que isolará seu corpo do frio das pedras que compõem o cascalho.
A iluminação deve ser feita com lâmpadas fluorescentes. (por não gerarem muito calor) próprias para répteis (pois emitem adequadas concentrações de radiação UV e IV ).
O aquecimento do ambiente pode ser feito com cerâmicas de aquecimento. Instaladas em spots com braços articulados, instalados fora do recinto a uma distancia mínima de 30cm do terrário e direcionada para um dos cantos deste terrário a fim de criarmos um gradiente de temperatura. Podemos ter também , opções como pedras aquecidas, lâmpadas infravermelhas ,etc. que apresentam prós e contras que serão debatidos durante o curso.
Devemos lembrar de posicionarmos corretamente o termômetro a fim de mensurarmos a temperatura da região do terrário onde o animal mais freqüenta. Uma boa opção é a instalação de sensores termostáticos a fim de se prevenir o superaquecimento.
A umidade geralmente é mantida em níveis satisfatórios se o terrário possui uma grande banheira. Para terrários mais ornamentais existem nebulizadores ultra-sônicos que produzem um efeito de névoa muito bonito. Podemos também utilizarmos o bom e velho pulverizador de plantas para borrifarmos um pouco de água nos terrários quando for necessário.
Agora, antes de mais nada, existem duas coisas que devem ser tidas como fundamentais para o sucesso de todo o herpetocultor; O estudo da biologia dos répteis e o bom senso! portanto tenha bom senso e estude!

Dr. Carlos Eduardo S. Goulart
Médico Veterinário ,CRMV-4862

Fonte: http://www.saudeanimal.com.br/artig128.htm



sexta-feira, 27 de maio de 2011

SERPENTES

Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes



As cobras ou ofídios são répteis poiquilotérmicos (ou pecilotérmicos) sem patas, pertencentes à sub-ordem serpentes, bastante próximos dos lagartos, com os quais partilham a ordem Squamata. Há também várias espécies de lagartos sem patas que se assemelham a cobras, sem estarem relacionados com estas. A atração pelas cobras é chamada de ofiofilia, a repulsão é chamada de ofiofobia. O estudo dos répteis chama-se herpetologia (da palavra grega herpéton que significa "aquilo que rasteja" - em especial, serpentes).


Cobras venenosas

Cobra em posição de ataque.Embora apenas um quarto das cobras sejam venenosas, muitas das espécies são letais aos humanos. Estas cobras letais são geralmente agressivas e seus venenos podem matar um adulto saudável, se este não for devidamente tratado no período de algumas horas.


As cobras venenosas são classificadas em quatro famílias taxonómicas:

Elapidae - najas, mambas, cobras-coral, etc.

Viperidae - cascavel, jararaca, surucucu, víbora-cornuda, víbora-de-seoane, etc.

Colubridae - cobra-rateira, nem todas venenosas.

Hydrophiidae.

Em Portugal, apenas existem espécies de duas destas famílias - Colubridae e Viperidae. Apenas três espécies merecem referência como perigosas para o Homem: a cobra-rateira, a víbora-cornuda e a víbora-de-seoane. Os casos de mordeduras fatais conhecidos são raros e ocorreram principalmente em indivíduos debilitados, idosos, doentes ou crianças. Existem antídotos específicos para o veneno destas espécies.


Evolução

As cobras estão mais profundamente relacionadas a lagartos varanóides, muito embora não haja uma identificação mais clara sobre qual seria o grupo de varanóide mais relacionado evolutivamente. Os grupos de lagartos varanóides mais provavelmente relacionados com serpentes são provavelmente os lantanotidae e os mossassauridae.

Alimentação

Todas as cobras são carnívoras, comendo pequenos animais (incluindo lagartos e outras cobras), aves, ovos ou insetos. Algumas cobras têm uma picada venenosa para matar as suas presas antes de as comerem. Outras matam as suas presas por estrangulamento. As cobras não mastigam quando comem, elas possuem uma mandíbula flexível, cujas duas partes não estão rigidamente ligadas (ao contrário da crença popular, elas não desarticulam as suas mandíbulas), assim como numerosas outras articulações do seu crâneo, permitindo-lhes abrir a boca de forma a engolir toda a sua presa, mesmo que ela tenha um diâmetro maior que a própria cobra.
As cobras ficam entorpecidas, depois de comerem, enquanto decorre o processo da digestão. A digestão é uma atividade intensa e, especialmente depois do consumo de grandes presas, a energia metabólica envolvida é tal que na Crotalus durissus, a cascavel mexicana, a sua temperatura corporal pode atingir 6 graus acima da temperatura ambiente. Por causa disto, se a cobra for perturbada, depois de recentemente alimentada, irá provavelmente vomitar a presa para conseguir fugir da ameaça de que se tenha apercebido. No entanto, quando não perturbada, o seu processo digestivo é altamente eficiente, dissolvendo e absorvendo tudo excepto o pêlo e as garras, que são expelidos junto com o excesso de ácido úrico.
Por norma, as serpentes não costumam atacar seres humanos, mas há exemplos de crianças pequenas que têm sido comidas por grandes jibóias. Apesar de existirem algumas espécies particularmente agressivas, a maioria não atacará seres humanos, a menos que sejam assustadas ou molestadas, preferindo evitar este contacto. De facto, a maioria das serpentes são não-peçonhentas ou o seu veneno não é prejudicial aos seres humanos.

Pele

A pele das cobras é coberta por escamas. A maioria das cobras usa escamas especializadas no ventre para se mover, agarrando-se às superfícies. As escamas do corpo podem ser lisas ou granulares. As suas pálpebras são escamas transparentes que estão sempre fechadas. Elas mudam a sua pele periodicamente. Ao contrário de outros répteis, isto é feito em apenas uma fase, como retirar uma meia. Pensa-se que a finalidade primordial desta é remover os parasitas externos. Esta renovação periódica tornou a serpente num símbolo de saúde e de medicina, como retratado no bastão de Esculápio. Em serpentes "avançadas" (Caenophidian), as escamas da barriga e as fileiras largas de escamas dorsais correspondem às vértebras, permitindo que os cientistas contem as vértebras sem ser necessária a dissecação.

Sentidos

Apesar da visão não ser particularmente notória (geralmente sendo melhor na espécie arboreal e pior a espécie terrestre), não impede a detecção do movimento. Para além dos seus olhos, algumas serpentes (crotalíneos - ou cobras-covinhas - e pítons) têm receptores infravermelhos sensíveis em sulcos profundos entre a narina e o olho que lhes permite "verem" o calor emitido pelos corpos. Como as serpentes não têm orelhas externas, a audição consegue apenas detectar vibrações, mas este sentido está extremamente bem desenvolvido. Uma serpente cheira usando a sua língua bifurcada para captar partículas de odor no ar e enviá-las ao chamado órgão de Jacobson, situado na sua boca, para examiná-las. A bifurcação na língua dá à serpente algum sentido direccional do cheiro.

Órgãos internos

O pulmão esquerdo é muito pequeno ou mesmo ausente, uma vez que o corpo em forma tubular requer que todos os orgãos sejam compridos e estreitos. Para que caibam no corpo, só um pulmão funciona. Além disso muitos dos órgãos que são pares, como os rins ou órgãos reprodutivos estão distribuídos ao longo do corpo em que um está à frente do outro, sendo um exemplo de excepção da simetria bilateral .


Locomoção

As cobras usam quatro métodos de locomoção que lhes permitem uma mobilidade substancial mesmo perante a sua condição de répteis sem pernas.
Todas as cobras têm a capacidade de ondulação lateral, em que o corpo é ondulado de lado e as áreas flexionadas propagam-se posteriormente, dando a forma de uma onda de seno propagando-se posteriormente.
Além disto, as cobras também são capazes do movimento de concertina. Este método de movimentação pode ser usado para trepar árvores ou atravessar pequenos túneis. No caso das árvores, o tronco é agarrado pela parte posterior do corpo, ao passo que a parte anterior é estendida. A porção anterior agarra o tronco em seguida e a porção posterior é propelida para a frente. Este ciclo pode ocorrer em várias secções da cobra simultaneamente (este método originou a afirmação errônea de que as cobras "andam nas próprias costelas"; na verdade as costelas não movem para frente e para trás em nenhum dos 4 tipos de movimento). No caso de túneis, em vez de se agarrar, o corpo comprime-se contra as paredes do túnel criando a fricção necessária para a locomoção, mas o movimento é bastante semelhante ao anterior.
Outro método comum de locomoção é locomoção rectilínea, em que uma cobra se mantém recta e se propele como de uma mola se tratasse, usando os músculos da sua barriga. Este método é usado normalmente por cobras muito grandes e pesadas, como pítons e víboras.
No entanto, o mais complexo e interessante método de locomoção é o zig-zag, uma locomoção ondulatória usada para atravessar lama ou areia solta.
Nem todas as cobras são capazes de usar todos os métodos. A velocidade máxima conseguida pela maioria das cobras é de 13 km/h, mais lento que um ser humano adulto a correr, excepto a mamba-negra que pode atingir até 20 km/h.
Nem todas as cobras vivem em terra; cobras marítimas vivem em mares tropicais pouco profundos.

Reprodução

As cobras usam um vasto número de modos de reprodução. Todas usam fertilização interna, conseguida por meio de hemipénis bifurcados, que são armazenados invertidamente na cauda do macho. A maior parte das cobras põe ovos e a maior parte destas abandona-os pouco depois de os pôr; no entanto, algumas espécies são ovovivíparas e retêm os ovos dentro dos seus corpos até estes se encontrarem prestes a eclodir.
Recentemente, foi confirmado que várias espécies de cobras desenvolvem os seus descendentes completamente dentro de si, nutrindo-os através de uma placenta e um saco amniótico. A retenção de ovos e os partos ao vivo são normalmente, mas não exclusivamente, associados a climas frios, sendo que a retenção dos descendentes dentro da fêmea permite-lhe controlar as suas temperaturas com maior eficácia do que se estes se encontrassem no exterior.

Fonte: http://www.flogao.com.br/planetabicho/113949628

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Imagens de Dinossauros

















































AJOLOTE

Este estranho réptil é encontrado no México e pertence a um grupo separado dos lagartos e serpentes.Ele pertence aos anfisbênios e tem escamas em forma de anel, o que dá ao animal uma aparência de verme.
Os animais desse grupo são os únicos répteis verdadeiramente cavadores. Eles cavam seus próprios túneis utilizando seu crânio bastante duro em movimentos laterais, como as cobras-cegas, como são popularmente chamados no Brasil.O ajolote tem a vantagem de possuir duas patas dianteiras bem desenvolvidas, o que é bastante incomum em criaturas desse tipo.

Devido aos seus hábitos subterrâneos, seu esqueleto é bem sólido e seus olhos bem pequenos.



Répteis

Diversas categorias de répteis
Os répteis (do latim reptare, 'rastejar') abrangem cerca de 7 mil espécies conhecidas. Eles surgiram há cerca de 300 milhões de anos, tendo provavelmente evoluído de certos anfíbios. Foram os primeiros vertebrados efetivamente adaptados à vida em lugares secos, embora alguns animais deste grupo, como as tartarugas, sejam aquáticos.
A Terra já abrigou formas gigantescas de répteis, como os dinossauros. Hoje esse grupo é representado por animais de porte relativamente menor, como os jacarés, tartarugas, cobras e lagartos.



 A pele dos répteis

Escamas de uma cobra
Os répteis têm o corpo recoberto por uma pele seca e praticamente impermeável. As células mais superficiais da epiderme são ricas em queratina, o que protege o animal contra a desidratação e representa uma adaptação à vida em ambientes terrestres. A pele pode apresentar escamas (cobras), placas (jacarés, crocodilos) ou carapaças (tartarugas, jabutis). 


Temperatura corporal

Os répteis, assim como os peixes e os anfíbios, são animais pecilotérmicos: a temperatura do corpo varia de acordo com a temperatura do ambiente.

Respiração e circulação de sangue

Classe Reptilia
A respiração dos répteis é pulmonar; seus pulmões são mais desenvolvidos que os dos anfíbios, apresentando dobras internas que aumentam a sua capacidade respiratória.
Os pulmões fornecem aos répteis uma quantidade suficiente de gás oxigênio, o que torna "dispensável" a respiração por meio da pele, observada nos anfíbios. Aliás, com a grande quantidade de queratina que apresenta, a pele torna-se praticamente impermeável, o que impossibilita a aquisição de gás oxigênio.
O coração da maioria dos répteis apresenta dois átrios e dois ventrículos parcialmente divididos. Nos ventrículos ocorrem mistura de sangue oxigenado com sangue não-oxigenado. Nos répteis crocodilianos (crocodilo, jacarés), os dois ventrículos estão completamente separados, mas o sangue oxigenado e o sangue não-oxigenado continuam se misturando, agora fora do coração.



Alimentação e digestão

Em sua maioria, os répteis são animais carnívoros; algumas espécies são herbívoras e outras são onívoras. Eles possuem sistema digestório completo. O intestino grosso termina na cloaca.


Cobra se alimentando


Os sentidos

Fosse loreal
Os répteis possuem órgãos dos sentidos que lhes permitem, por exemplo, sentir o gosto e o cheiro das coisas. Os olhos possuem pálpebras e membrana nictitante, que auxiliam na proteção dessas estruturas. Eles têm glândulas lacrimais, fundamentais para manter a superfície dos olhos úmida fora da água.
Destacamos aqui uma estrutura existente entre os olhos e as narinas de cobras, chamada fosseta loreal. Ela possibilita que a cobra perceba a presença de outros animais vivos por meio do calor emitido pelo corpo deles.
Embora os répteis não tenham orelha externa, alguns deles apresentam conduto auditivo externo e curo, que fica abaixo de uma dobra da pele, de cada lado da cabeça. Na extremidade de cada conduto auditivo situa-se o tímpano, que se comunica com a orelha média e a interna. Vários experimentos comprovam que a maioria dos répteis é capaz de ouvir diversos sons.

Anatomia

Anatomia de uma serpente

Classificação

Vamos conhecer as principais ordens em que se divide a classe dos répteis.

Quelônios
                  
Jabuti
São as tartarugas, os jabutis e os cágados. Têm o corpo recoberto por duas carapaças: a carapaça dorsal, na parte superior do corpo, e o plastrão, na parte inferior. Essas duas carapaças são soldadas uma à outra. Há aberturas apenas para a saída do pescoço, dos membros anteriores e posteriores e da cauda.
As tartarugas são aquáticas e podem viver em água doce ou salgada; suas pernas têm a forma de nadadeiras, o que facilita a locomoção na água. Os jabutis são terrestres e seus dedos são grossos. Os cágados vivem em água doce e seus dedos são ligados por uma membrana que auxilia na natação.
Esses animais não têm dentes. A boca apresenta um bico córneo.
Crocodilianos

Crocodilos
São os crocodilos e os jacarés. Grandes répteis aquáticos, os crocodilianos têm corpo alongado e recoberto por placas córneas. Possuem quatro membros, que são usados para a locomoção terrestre e aquática.

O jacaré tem a cabeça mais larga e arredondada do que a dos crocodilianos, e, quando fecha a boca, seus dentes não aparecem. Já o crocodilo tem a cabeça mais estreita e, mesmo com a boca fechada, alguns dentes são visíveis.

Jacarés e crocodilos habitam regiões tropicais, geralmente às margens dos rios.

No Brasil só existem jacarés. Eles são encontrados na Amazônia e no Pantanal Mato-Grossense.
                                        
            

Escamados

São os lagartos e as serpentes (estas mais comumente chamadas de cobras). Esses animais têm a pele recoberta por escamas e dividem-se em dois grupos menores: lacertílios e ofídeos.

 
Lacertílios - Compreendem os lagartos, os camaleões e as lagartixas, répteis de corpo alongado, com a cabeça curta e unida ao corpo por um pequeno pescoço. Possuem quatro membros, sendo os anteriores mais curtos que os posteriores.




Ofídeos - Compreendem as serpentes ou cobras, répteis que não têm pernas. A grande maioria desses animais possuem glândulas que fabricam veneno. Uma serpente é peçonhenta quando seus dentes são capazes de inocular veneno nos animais que ataca. Os dentes têm um canal ou sulco que se comunica com as glândulas produtoras de veneno. No momento da picada, o veneno escoa por esse canal e é inoculado no corpo da presa.


 Reprodução

O sistema reprodutor dos répteis foi um importante fator de adaptação desses animais ao ambiente terrestre. Os répteis fazem a fecundação interna: o macho introduz os espermatozóides no corpo da fêmea.
A maioria é ovípara, ou seja, a fêmea põe ovos, de onde saem os filhotes. Esses ovos têm casca rígida e consistente como couro. Os ovos se desenvolvem em ambiente de baixa umidade.
A fecundação interna e os ovos com casca representam um marco na evolução dos vertebrados, pois impediram a morte dos gametas e embriões por desidratação. Assim, em ralação a reprodução, os répteis tornaram-se independentes da água. A tartaruga marinha e muitos outros répteis aquáticos depositam os seus ovos em ambiente terrestre. Eles ficam cobertos de areia e aquecidos pelo calor do Sol.

O ovo é rico em vitelo - substância que nutre o embrião - e é capaz de reter a umidade. Na casca há poros, pequenos orifícios que permitem a entrada de oxigênio do ar e a saída de gás carbônico, ou seja, a troca de gases. Isso ajuda a manter o embrião vivo.
A maioria dos répteis não precisa cuidar dos seus ovos e filhotes. Os filhotes quando "prontos" saem da casca usando seus próprios recursos. Porém, tanto o jacaré, quanto o crocodilo têm muito cuidado com os ovos e os filhotes. A fêmea põe os ovos no ninho e fica por perto até o nascimento dos filhotes, que são carregados na boca até a água, onde ficam com a mãe. Alguns chegam a permanecer com a mãe por mais de três anos.
Existem também os répteis em cujos ovos, já na ocasião da postura, há filhotes formados. Os ovos ficam retidos com o embrião em um canal no corpo da fêmea, enquanto se desenvolvem, como ocorre em algumas cobras. Quando os ovos saem do corpo da fêmea, os filhotes dentro deles já se encontram formados. A casca desses ovos é bem fina, como uma membrana, permitindo a saída dos filhotes logo após a postura. Esses animais são classificados como ovovivíparos. Há ainda alguns répteis vivíparos, que produzem filhotes já "prontos", sem terem se desenvolvido em ovos, como certas espécies de lagartos.


Fonte: http://www.sobiologia.com.br
(Com acréscimos)