Cientistas fazem uma reconstituição dos segundos, minutos e horas após o impacto do asteroide que dizimou os antigos habitantes do planeta.
Por BBC
Ilustração mostra o impacto do asteróide, que deve ter desencadeado ondas gigantescas — Foto: Barcroft Productions/BBC |
Hoje, boa parte da cratera está sob o solo do mar, abaixo de 600 metros de sedimentos. A parte em terra está hoje coberta por rochas calcárias, e sua borda é marcada por um arco de cavernas.
O trecho da rocha é um combinado de materiais estilhaçados, mas seu conteúdo está disposto de tal forma que cientistas dizem ser capazes de perceber uma narrativa clara.
Os últimos 20 metros são dominados por destroços que lembram vidro. Essa é a rocha que foi derretida pelo calor e pela pressão do impacto. Ela escorreu pela base da cratera segundos e minutos após o choque.
Em seguida, há um trecho de rocha derretida fragmentada - formado por explosões conforme a água jorrava pelo material quente.
A água vinha do mar raso que cobria a área naquela época. Ela foi expulsa temporariamente pelo impacto, mas, quando voltou e entrou em contato com a rocha incandescente, gerou violentos fenômenos. Algo similar ocorre em vulcões, quando o magma interage com a água do mar.
Essa fase transcorreu durante uma hora. Conforme a água continuava a fluir para a cratera, e um monte se formou no centro do buraco com destroços carregados pela água. Grandes fragmentos foram acompanhados por materiais mais e mais finos.
Esse processo transcorreu nas primeiras horas depois do impacto.
Depois, bem no topo da seção retirada da cratera, há sinais de um tsunami. Os sedimentos afundaram numa só direção, e sua organização indica que eles foram depositados por um evento de grande energia.
Cientistas dizem que o impacto gerou uma onda gigantesca que deve ter avançado centenas de quilômetros terra adentro. Essa onda acabou por voltar - e os destroços carregados por ela cobrem o topo da rocha extraída do fundo do mar pelos pesquisadores.
Estranhamente, o que os cientistas não encontraram em nenhum ponto da rocha extraída foi a presença de enxofre. É uma surpresa, porque o asteroide teria se chocado com um fundo do mar composto por até metade de minerais que contêm enxofre.
Por algum motivo, o enxofre deve ter sido ejetado ou vaporizado. Mas isso apenas reforça a teoria atual sobre como os dinossauros tiveram um fim.
O enxofre misturado à água e despejado na atmosfera pode ter reduzido dramaticamente a temperatura, tornando a vida difícil para todos os tipos de plantas e animais.
A injeção de bilhões de toneladas de enxofre no ar causou uma queda de 25 graus Celsius na temperatura por pelo menos 15 anos, fazendo com que a maior parte do planeta congelasse, diz Gulick.
A emissão de enxofre foi muitas vezes superior ao que um vulcão como o Krakatoa é capaz de fazer, também gerando uma diminuição periódica da temperatura.
Os mamíferos emergiram a partir dessa calamidade. Os dinossauros ficaram para trás.