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terça-feira, 5 de março de 2019

Descoberta nova espécie de dinossauro no Brasil

É uma mistura de tiranossauro e velociraptor


A nova espécie de dinossauro descoberta na região sul do Brasil foi chamada de Nhandumirim waldsangae e é uma "mistura" de tiranossauro e velociraptor (foto: Jornal da USP/Reprodução)

Pesquisadores da USP encontraram uma nova espécie de dinossauro que viveu há cerca de 233 milhões de anos onde hoje é a região sul do Brasil. Batizado de Nhandumirim waldsangae, ele foi apresentado em estudo publicado no periódico científico Journal of Vertebrate Paleontology na última quinta, dia 14 de fevereiro. Conforme os cientistas, a espécie seria um parente do Tyrannosaurus rex e do Velociraptor mongoliensis, dois famosos dinossauros predadores.

Os ossos do Nhandumirim waldsangae foram encontrado em 2012 na Formação Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em rochas do período Triássico Superior (entre 237 milhões e 201,3 milhões de anos atrás). Apesar do esqueleto estar incompleto, as características anatômicas observadas em 12 vértebras, um chevron e nos ossos da perna direita e as análises filogenéticas permitiram aos pesquisadores classificá-lo como uma nova espécie de terópode (bípede), sendo a mais antiga do Brasil.

"O esqueleto é fragmentário e obviamente precisa de um esqueleto mais completo para que essa hipótese ganhe mais robustez, mas os primeiros resultados mostram um membro da linhagem dos dinossauros terópodes", comenta o biólogo Júlio Marsola, um dos autores do artigo, em entrevista ao Jornal da USP.

Os terópodes são uma linhagem de dinossauros que faz parte do grande grupo dos saurísquios (quadril de lagarto). Outras duas linhagens fazem parte do grupo dos herrerasaurídeos, carnívoros, e dos sauropodomorfos, herbívoros que tinham como característica marcante os longos pescoços. O Nhandumirim não tem nada a ver com os herrerasaurídeos, mas divide algumas características com os sauropodomorfos.

"Eu tentei atacar duas frentes. Mostrar que esse bicho tem características que são diferentes dos pescoçudos que a gente tem aqui [no Brasil], que são os sauropodomorfos. E, ao mesmo tempo, que ele é mais proximamente relacionado desses terópodes", afirma Marsola, que assina o trabalho junto com o professor Max Langer, do Laboratório de Paleontologia da USP, e com outros pesquisadores das universidades federais de Santa Maria, Minas Gerais e Pernambuco e da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Ossos delgados

O nome da nova espécie proposta traduz como os cientistas imaginam que era o animal. "Nhandu" é uma palavra tupi-guarani para ema ou outras aves similares. "Mirim" significa pequeno. Segundo Júlio Marsola, os ossos delgados do animal são incompatíveis com a silhueta de um animal pesado e sugerem que ele era um bípede algo parecido com uma seriema. Para ficar entre parentes mais próximos, pode-se dizer que o Nhandumirim tinha traços parecidos com outro terópode, um carnívoro bípede chamado Coelophysis, que foi descoberto nos Estados Unidos em 1889.

A análise dos ossos também indica que ele teria pouco mais de um metro de comprimento – portanto, considerado pequeno em relação ao que se espera de um dinossauro. Porém, como se trata de um fóssil de um animal jovem, é difícil estabelecer o tamanho que ele atingiria quando adulto.

Já o termo "waldsangae" se refere ao sítio paleontológico onde foi encontrado. O sítio Waldsanga, também conhecido como Cerro da Alemoa, fica nos arredores de Santa Maria, município do Rio Grande do Sul. Marsola conta ao Jornal da USP que essa formação geológica e algumas outras localidades na Argentina representam alguns dos mais antigos depósitos do mundo com ocorrência de fósseis de dinossauros. Esses depósitos datam do período Carniano – uma subdivisão do Triássico Superior. Até a descoberta do Nhandumirim, o terópode mais antigo do Brasil foi um fóssil encontrado em rochas muito mais recentes.

Aliás, o Nhandumirim waldsangae é muito mais antigo do que seus parentes mais famosos. O Tyrannosaurus rex e o Velociraptor mongoliensis são do final do Cretáceo, o último período em que há registros paleontológicos de grandes dinossauros. Eles viveram entre 66 e 78 milhões de anos atrás, muito mais recente do que o novo dinossauro de 233 milhões de anos.

(com Jornal da USP)

Fonte: Encontro Digital

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