Parente dos répteis atuais, a criatura habitava a região de Madagascar há 170 milhões de anos e estava no topo da cadeia alimentar terrestre
Representação paleoartística de um 'Razanandrongobe sakalavae' devorando um saurópode no Jurássico Médio (Fabio Manucci/Divulgação) |
Uma enorme criatura semelhante a um crocodilo com dentes de Tiranossauro rex já ocupou o topo da cadeia alimentar terrestre em Madagascar há 170 milhões de anos, revelou um estudo publicado nesta terça-feira no periódico PeerJ. Segundo os cientistas, a espécie, descoberta originalmente em 2006, seria o maior e mais antigo animal do grupo Notosuchia – que agrupa vários crocodilomorfos (répteis semelhantes a crocodilos) do período Jurássico Médio. Apelidado de Razana, seu nome científico, Razanandrongobe sakalavae, significa “ancestral de lagarto gigante da região de Sakalava”.
Os resultados descritos são mais uma peça para compreender a evolução dos répteis, especialmente em regiões como a América do Sul, África e Ásia, onde os Notosuchia viviam. Baseando-se na análise de restos cranianos de animal descobertos recentemente, os cientistas puderam ter uma ideia mais detalhada do corpo desses animais, documentando um dos primeiros eventos de aumento exacerbado de tamanho na história evolutiva do grupo.
“Sua posição geográfica durante o período em que Madagascar se separou de outras massas terrestres é fortemente sugestiva de uma linhagem endêmica”, observa um dos autores do estudo, o paleontólogo Simone Maganuco, do Museu de História Natural de Milão, na Itália, em comunicado. “Ao mesmo tempo, representa um sinal adicional de que os Notosuchia se originaram no sul de Gondwana (supercontinente que deu origem aos continentes do hemisfério Sul).”
Dentes de Tiranossauro
Os ossos maxilares profundos e maciços, armados com enormes dentes serrilhados de tamanho e forma semelhantes aos de um T. rex, sugerem que esses animais, assim como o famoso dinossauro, também se alimentavam de ossos, tendões e outros tecidos duros. Ou seja, eram ferozes predadores. O Razana podia ter até 1 tonelada e 23 metros de comprimento.
Segundo os cientistas, a combinação de características anatômicas situa o Razana bem no início da árvore evolutiva dos Notosuchia jurássicos, próximo aos baurusuchídeos e sebecia, ambos predadores terrestres sul-americanos.
“Como esses e outros crocodilianos gigantes do Cretáceo, [Razana] poderia superar mesmo os dinossauros de terópodes, no topo da cadeia alimentar”, diz o também paleontólogo do Museu de História Natural de Milão, Cristiano dal Sasso, coautor da pesquisa.
Reconstrução de como seria a cabeça do ‘Razanandrongobe sakalavae’. (Fabio Manucci/Divulgação) |
Fonte: Veja
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