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sexta-feira, 6 de maio de 2016

O pássaro mais velho do mundo

Fósseis mostram que as aves tiveram origem seis milhões de anos antes do que se imaginava

O Archaeornithura meemannae pertence à família Ornithuromorpha, ou Euornithes (aves verdadeiras), incluindo o mais recente ancestral comum de todas as aves modernas

Ilustração da 'Archaeornithura meemannae', que viveu no Cretáceo Inferior. ZONGDA ZHANG

Na enorme escala do tempo geológico —referente a um planeta de 4,5 bilhões de anos— atrasar a origem das aves em seis milhões de anos pode parecer uma ninharia, mas foi justamente esse intervalo que os homens levaram para se distinguir de algo parecido com o chimpanzé, o que não é exatamente um detalhe sem importância. Dois fósseis encontrados na China acabam de revelar que os pássaros propriamente ditos são seis milhões de anos mais antigos do que se imaginava; tiveram origem no Cretáceo Inferior, a era dos grandes dinossauros carnívoros que costumam aparecer nos filmes.

Os dois fósseis definem a nova espécie Archaeornithura meemannae (ver ilustração), um curioso pássaro de pernas longas que, por enquanto, é considerado o mais velho do mundo. Pertence à família dos Ornithuromorpha, ou Euornithes (aves verdadeiras), incluindo o mais recente ancestral comum de todas as aves modernas. Ming Wang e seus colegas da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, divulgaram sua descoberta na Nature Communications.

Naquela época, no entanto, os Ornithuromorpha não eram os únicos pássaros. Compartilhavam o céu cretáceo com outra grande família, os Enantiornithes, ou “pássaros opostos”, porque sua escápula e outros ossos são invertidos em relação aos dos Ornithuromorpha e de todas as aves atuais. Também deviam ser mais agressivos, porque tinham dentes no bico e garras nas asas. Mas, curiosamente, todos desapareceram ao mesmo tempo que os dinossauros, há 66 milhões de anos.

Essa grande extinção, relacionada ao impacto de um meteorito gigantesco e uma orgia de erupções vulcânicas, marca o final do período cretáceo e a origem de um novo mundo, no qual os mamíferos começaram a dominar a terra firme. A extinção em massa não apenas varreu do mapa os dinossauros e as aves com dentes, mas também a metade de outras espécies da época, em um dos episódios geológicos mais violentos da história do planeta.

Mas a espécie descoberta, a Archaeornithura meemannae, é muito anterior a tudo isso, com origem há 131 milhões de anos, no Cretáceo Inferior. É uma época da qual restaram poucas espécies de pássaros fósseis e da qual cada descoberta lança, portanto, uma nova luz sobre as origens evolutivas das aves modernas. Todas as aves, atuais ou extintas, evoluíram a partir dos dinossauros na era anterior, o período Jurássico.

Os dois fósseis foram descobertos na bacia de Sichaku, em Hebei, nordeste da China. Seu excelente estado permite observar a plumagem quase completa e suas adaptações aerodinâmicas ao voo. Certamente era uma ave aquática de pernas longas, como indicado pelo comprimento e ausência de plumas na parte superior da pata (chamado de tibiotársico). Nessa parte, as plumas não impedem o voo, mas sim os longos passeios pelas águas rasas em busca do café da manhã.

Deviam ser mais agressivos, porque tinham dentes no bico e garras na aves. Mas, curiosamente, todos desapareceram ao mesmo tempo que os dinossauros, há 66 milhões de anos.

Fonte: El País

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