Uma operação foi montada nesta quinta-feira (1º) para recolher e levar para um museu os ossos de um bicho que viveu há mais de 230 milhões de anos, na Região Sul.
Veículos pesados e material de construção à serviço da ciência: a furadeira abre o caminho para remover a rocha. Para evitar que o bloco de pedra onde está o fóssil se quebre, os pesquisadores usam camadas de gesso para protegê-lo.
Um caminhão e uma retroescavadeira completam o trabalho.
“É muito pesado. Passa de tonelada. Então é uma coisa pesada e frágil ao mesmo tempo”, explica Carlos Nunes Rodrigues, curador do Museu de Candelária.
Foram quatro dias para recuperar o que os cientistas acreditam ser a ossada completa de um dicinodonte. O animal de quase dois metros de comprimento viveu na terra antes mesmo do surgimento dos grandes dinossauros.
“Seria o equivalente hoje as vacas, as ovelhas, um animal que se alimentava de plantas e que era o alimento então dos carnívoros. Animais iguaiszinhos a estes a gente encontra na Argentina, na África, na Índia, na Rússia, na Europa, provando, que nesta época, todo o planeta era um ecossistema único, integrado”, aponta César Schultz, professor de Paleontologia - UFRGS.
Desde a década de 1970, 50 ossadas já foram encontradas na região de Candelária, considerada um dos principais centros para este tipo de estudo no Brasil.
Uma das descobertas mais importantes feitas pelos pesquisadores em Candelária está no Museu de Paleontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. São fósseis de dez filhotes e um adulto de dicinodonte, que foram encontrados todos juntos e em ótimo estado de conservação.
”O fato de eles terem sido encontrados todos juntos, indica que eles ainda passavam um tempo com a mãe depois do nascimento, o que é um hábito hoje em dia dos mamíferos, apesar deste animal ainda ser considerado um réptil”, ressalta Renée Rocha, funcionária do museu.
O fóssil retirado nesta quinta é mais um caminho para explicar como era a vida no planeta há mais de 230 milhões de anos.
Fonte: G1
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