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terça-feira, 30 de abril de 2013

Fêmeas de lagartos cruzam os próprios cromossomos para procriar


Reprodução assexual desses lagartos do sudoeste norte-americano já não é um segredo

Katherine Harmon
Peter Baumann

Lagarto da família Teiidae mantém grande riqueza genética Desde de 1960, cientistas sabem que fêmeas de lagartos da família Teiidae não precisam dos machos para se reproduzir. Do gênero Aspidoscelis, espalhado do México ao sudeste dos Estados Unidos, elas controlam a produção de suas proles sem o DAE (dispositivo automático de entrada) do fertilizador masculino.



Mas como essas e outras 70 espécies de vertebrados que assim se reproduzem conseguem tal feito sem que haja vulnerabilidade genética ou doenças resultantes de uma reprodução assexuada? 
“Obscuro” e “tópico de muito especulação”, definiu a equipe de pesquisadores que se comprometeu a responder essa pergunta. Seus resultados foram publicados no dia 21 de fevereiro no jornal Nature. 

Esses e outros lagartos são “espécies partenogênicas isoladas geneticamente” explica Peter Baumann, pesquisador-associado ao Stowers Institute para a pesquisa médica em Kansas City, e co-autor do estudo. 
Espécies tão diversas como os dragões de Komodo e os tubarões-martelos conseguem se reproduzir assexuadamente se necessário, mas algumas espécies, como esses pequenos lagartos, não têm escolha. “Eles não podem trocar o material genético e essa perda da troca gêneca lhes oferece grande desvantagem em um ambiente de constantes mudanças”, diz Baumann. A menos que um animal consiga recombinar o próprio DNA, ele produzirá uma prole com cromossomos idênticos e com toda fraqueza genética, como a susceptibilidade a algumas doenças ou mutações físicas. 

Nova pesquisa realizada por Baumann e sua equipe revela que esse lagarto mantém uma riqueza genética, começando o processo reprodutivo com duas vezes o número dos cromossomos, igual a uma reprodução sexual. Essas espécies, que praticam o celibato, são resultantes de uma hibridização sexual de uma espécie diferente. Os pesquisadores encontraram espécies que poderiam manter uma diversidade sem nunca emparelhar seus cromossomos homólogos (como as espécies que são sexuais fazem somando os cromossomos diferentes dos pais). “A recombinação entre pares de cromossomos irmãos mantém a heterozigose por toda fita”, nota dos autores do estudo conduzido por Aracely Lutes, pesquisadora pós-doutoranda do laboratório de Baumann.

Essa descoberta, da qual até agora não se tinha conhecimento no mundo réptil, significa que “esses lagartos possuem uma maneira de distinguir cromossomos irmãos dos cromossomos homólogos”, diz Baumann. Atualmente pesquisadores estudam a maneira com que esses répteis conseguem realizar isso.

Em primeiro lugar não se sabe precisamente como esses lagartos conseguem duplicar seu número de cromossomos. Baumann suspeita que isso ocorra por causa de duas fases de replicação cromossômica ou que duas células sexuais combinem-se antes de o processo de divisão começar.

Segundo ele, embora a reprodução assexual possa parecer primitiva e resultante de processos genéticos questionáveis, ela tem seus benefícios. “Se observarmos apenas um indivíduo, esse tipo de reprodução aumentaria muito as chances de uma população em um novo hábitat”, citando o exemplo da cobra-cega de brahminy (Ramphotyphlops braminus) uma outra espécie partenogênica. “Se existe alguma maneira de reprodução sem a ajuda de um macho, isso seria uma vantagem extrema”, tendo em vista que essa espécie de serpente está presente em seis continentes.

Fonte: Scientific American Brasil

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