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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Serpentes peçonhentas e não-peçonhentas

O veneno das cobras, ou peçonha, é uma secreção tóxica das parótidas – as glândulas de veneno, que situam-se abaixo e atrás dos olhos e estão em conexão com as presas inoculadoras. É um líquido viscoso, branco (levemente turvo) ou amarelo, resultante de uma mistura de muitos protídeos, uns tóxicos e outros inócuos, e de substâncias orgânicas e inorgâncias micromoleculares.
A reduzida mobilidade das serpentes torna necessário um meio para deter os movimentos da sua vítima, de modo a poder ingeri-la. Daí a função paralisante da peçonha neurotóxica encontradas em muitas serpentes.
Em outras cobras, o veneno não serve somente para matar a caça, mas possui também ação digestiva, atuando no desdobramento das substâncias orgânicas através de fermentos digestivos muito ativos. A digestão é facilitada pela inoculação da peçonha, anterior à ingestão da vítima.
As cobras chamadas não-venenosas ou não-peçonhentas – 81% das espécies conhecidas – têm presas não-articuladas. Produzemum veneno que aflora em sua cavidade bucal e atua na digestão do alimento, mas não possuem presas inoculadoras para introduzir a peçonha na vítima.
Na Europa e África, as serpentes venenosas podem ser identificadas por ter pupilas verticais e cabeça triangular, mas essa regra não se aplica na América do Sul, inclusive no Brasil. A jibóia tem cabeça triangular, mas não é venenosa, ao passo que a coral verdadeira é venenosa, mas não tem cabeça triangular.
No Brasil e em toda a América do Sul, a identificação só pode ser feita pela fosseta loreal, orifício localizado entre o olho e a narina que atua como uma visão infravermelha, capaz de perceber variações de calor num raio de até 5m e detectar a presença, tamanho, distância e movimentos de animais de "sangue quente" (aves e mamíferos). Com exceção da coral, todas as serpentes venenosas brasileiras possuem fosseta loreal.
A grande maioria das corais brasileiras apresenta anéis coloridos no corpo (vermelhos, amarelos, brancos e pretos). Algumas serpentes não-peçonhentas, conhecidas como falsas-corais, são muito parecidas com as corais verdadeiras. No Brasil e América do Sul, para não correr riscos, é melhor considerar toda serpente que possua fosseta loreal ou anéis coloridos no corpo como peçonhenta.
No Brasil de hoje, a cada ano registram-se cerca de vinte mil casos de acidentes por picada de cobra e destes 110 evoluem para óbito – em 60% dos casos, devido a atendimento tardio. Geralmente as cobras picam do joelho para baixo. O uso de botas de cano alto evita 75% dos acidentes. Antes de calçá-las, é bom verificar se não há cobras, aranhas ou escorpiões escondidos. Outros 20% dos acidentes ocorrem nas mãos e braços, ao se enfiar as mãos em tocas, troncos ocos, cupinzeiros ou outros locais que possam abrigar animais peçonhentos. Também não se deve atender às necessidades fisiológicas em lugares como esses.
Naturalmente, também não se deve manipular intencionalmente cobras que possam ser venenosas, a menos que se seja um especialista treinado. Presas extraídas voltam a crescer e mesmo serpentes mortas há horas – ou mesmo suas cabeças decapitadas – podem, por reflexo, picar e injetar veneno
Quintais, plantações e terrenos que acumulam lixo e vegetais podres atraem ratos, e ratos atraem cobras. Desmatamentos e queimadas também podem provocar mudanças nos hábitos dos animais, que acabam buscando refúgio em celeiros, paióis e dentro das casas. A lendas que diz que certas cobras mamam leite nas vacas deve-se ao fato de que caçam os ratos que vivem em estábulos. É mais fácil ser picado por uma cobra em um sítio mal cuidado ou dentro de uma cabana cheia de ratos do que na selva.
Em mares onde há serpentes marinhas venenosas (Índico e Pacífico) a maioria das picadas ocorre em pescadores que acidentalmente as capturam nas suas redes, ou em pessoas que distraidamente as pisam na praia.
Emas, seriemas, gaviões, gambás e a cobra muçurana são os principais predadores naturais das serpentes peçonhentas no Brasil.
Cerca de 20% a 40% das picadas de cobras peçonhentas em defesa própria são “secas", ou seja, não inoculam veneno em quantidade significativa. As glândulas de peçonha levam 15 dias para se completarem. A quantidade de veneno inoculada depende do período entre uma picada e outra, bem como da primeira e das subseqüentes picadas, quando realizadas no mesmo momento.
A maioria das cobras pica apenas uma vez, a menos que seja perseguida ou atacada. A exceção é a taipã australiana, que ataca várias vezes seguidas, até esgotar seu veneno.
O bote das cobras geralmente alcança o equivalente à metade do seu comprimento. A maioria das cobras é demasiado lenta para alcançar um ser humano que corra delas. A exceção é a mamba negra africana, capaz de se deslocar a 6 metros por segundo (20 km/h).

Fonte: http://www.biovenom.net/v3/node/52

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